Para refletirmos sobre o que Jesus nos fala do Sacramento do Matrimônio no Plano de Deus, mais uma vez, voltemos aos escritos do Bispo São João Crisóstomo (séc. IV), que sugere aos jovens casados que façam este discurso às suas esposas, de modo especial.
“O que tu deves dizer a tua mulher? Diz-lhe com todo carinho: ‘Eu te escolhi, te amo e te prefiro mais do que a minha própria vida.
A existência presente não é nada; por isso minhas orações, recomendações e todas as minhas ações vão dirigidas a que nos seja concedido passar esta vida de tal maneira que possamos estar reunidos na vida futura sem nenhum temor de separação.
O tempo que vivemos é curto e frágil. Se nos for concedido agradar a Deus durante esta vida, estaremos eternamente com Cristo e um com o outro em uma felicidade sem limites.
Teu amor me enche de alegria mais do que qualquer outra coisa e não conheceria uma desventura mais insuportável do que estar separado de ti.
Ainda que tivesse que perder tudo e chegar a ser mais pobre do que um mendigo, enfrentar os maiores perigos, aguentar seja o que fosse, tudo me seria suportável contanto que o teu afeto permaneça por mim. É somente contando com este amor que desejarei ter filhos’.
Será também necessário que teu comportamento seja conforme a estas palavras... Demonstra a tua mulher que aprecias muito poder viver com ela e que, por ela, preferes estar em casa do que na praça. Prefere-a a todos os amigos e inclusive aos filhos que ela te deu; e que estes te amem por causa dela...
Fazei as vossas orações em comum. Que cada um de vós vá à Igreja, e em casa o marido pergunte à sua mulher e a mulher ao seu marido o que ali foi dito e lido...
Aprendei o temor de Deus; todo o resto irá vindo como de uma fonte e vossa casa se encherá de bens imensuráveis.
Aspiremos aos bens incorruptíveis, que os outros bens não nos faltarão. ‘Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus’, nos diz o Evangelho, ‘e todas as outras coisas vos serão dadas por acréscimo’”. (1)
Concluindo, elevo a Deus orações pelos que contraíram a Aliança Nupcial diante do Altar, para que seja renovada sempre a chama do primeiro amor.
Também pelos que passam por dificuldades para manterem esta mesma chama acesa, que as palavras do Bispo sejam iluminadoras no reencontro da chama do primeiro amor.
Elevo orações por aqueles que, por motivos diversos e compreensíveis, não puderam levar até o fim os propósitos sagrados que tinham no coração, subtraídos na graça de vê-los se concretizar, mas que procuram viver com dignidade, respeito, dando testemunho, não obstante todas as dificuldades que possam encontrar.
Finalmente, elevo orações, também, pelos casais de namorados ou noivos, para que façam uma séria, frutuosa e piedosa preparação para o Sacramento, no Altar, um dia celebrar, realizando-se os desígnios divinos tão sagrados do amor nupcial que é expressão do irrevogável e indissolúvel amor de Deus pela humanidade, de Cristo por Sua Igreja, e desta para com Ele (Ef 5)
(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - p.482
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