“Dai-lhes vós mesmos de comer”
Viver a Vocação como dom de Deus, exige de nós a máxima
atenção para a árdua missão evangelizadora que o Senhor nos confiou, e que nos
convida a voltar os nossos olhos à realidade que nos cerca, multiplicando
gestos de amor e solidariedade, como expressão autêntica da compaixão que deve
marcar a vida dos discípulos missionários do Divino Salvador, que inúmeras
vezes Se compadeceu da multidão, que parecia ovelhas sem pastor, como tão bem
retratam as passagens narradas pelo Evangelista Mateus (Mt 9, 36; Mt 14, 14).
Como Igreja, não podemos nos omitir diante da realidade
clamorosa por vida digna. Portanto, mais do que nunca, é tempo de fazermos da
nossa Comunidade uma casa do Pão da Palavra, do Pão da Eucaristia e do Pão da
Caridade.
Se partilharmos nossos pães e peixes (Mt 14,13-21), ainda
que aparentemente poucos e insignificantes, mas com amor, por Deus serão mais
que abençoados, serão “eucaristizados” e, por isto, multiplicados; e ainda
teremos as sobras, sem esbanjamentos e desperdícios indesejáveis, sem
acumulações, todos serão saciados.
Deste modo, é oportuno e necessário conhecer a Doutrina Social da Igreja
e a prática das obras de misericórdia corporais (dar de comer aos famintos,
dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar
assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos), que por sua
vez não se separam das Obras de Misericórdia Espirituais (aconselhar os
indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos,
perdoar as ofensas, suportar com paciência as fraquezas do próximo, rezar a
Deus pelos vivos e defuntos).
Somente assim, nossas Paróquias se tornarão espaços de formação, missão,
solidariedade e comunhão, a serviço da vida e da esperança.
Precisamos renovar permanentemente nosso encontro com Jesus,
para sermos no mundo sinal da Sua compaixão e da solidariedade, para que a vida
seja mais bela, confiantes em Sua presença e Palavra.
Neste sentido, não podemos ignorar que a Vocação à vida
familiar acontece em meio a uma desafiadora realidade: perda de valores e
desestruturação da família. Comovidos profundamente com esta situação, e
movidos pelo sentimento de compaixão, promovamos encontros, formações na
solidificação e santificação de nossas famílias, verdadeiros santuários da
vida.
A compaixão evangélica será mutilada se também nos
omitirmos, ou nos tornarmos indiferentes à questão social, de modo especial com o compromisso político, a fim de que esta seja a expressão da
promoção da bem comum, uma sublime expressão da caridade.
É sempre tempo de nossas comunidades se desinstalarem, reavivando o
ardor e revigorando a chama missionária que deve nos acompanhar, desde o dia de
nosso Batismo.
Urge acreditar e investir na juventude, que mora no coração da Igreja e
é fonte de renovação da sociedade. O jovem deve tornar-se, antes de tudo,
evangelizador de outros jovens, que ainda não conhecem Jesus e o Seu
Evangelho.
Uma comunidade com rosto jovial somente será, na fidelidade
ao Senhor e ao Seu Espírito, se souber colocar-se a serviço da sacralidade e
beleza da vida, e, com alegria, anunciar a Boa-Nova do Evangelho, indo
corajosamente ao encontro daqueles que ainda não ouviram a Palavra, e que ainda
não fazem parte de nossa vivência comunitária: uma Igreja genuinamente
missionária, sem o que acaba esvaziando a sua razão de existir.
Concluindo, vivamos autenticamente a nossa Vocação, renovando a alegria
de termos sido chamados para trabalhar na vinha do Senhor, que é regada pelo
Seu Sangue derramado na Cruz; redimidos e fortalecidos pelo Pão da Eucaristia,
sejamos no mundo sinal de sua presença: discípulos missionários do Divino
Mestre da Compaixão.
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