segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Intrépidas testemunhas da fé

Intrépidas testemunhas da fé

Celebramos, no dia 07 de agosto, a memória de São Sisto, que foi ordenado bispo de Roma no ano 257.

Exatamente um ano depois, quando celebrava a sagrada liturgia no cemitério de Calixto, foi preso pelos soldados, em virtude do edito do imperador Valeriano, e imediatamente executado, juntamente com quatro dos seus diáconos, recebendo sepultura no mesmo cemitério.  

Entre as Cartas do Bispo e mártir São Cipriano (séc. III), encontramos uma que nos fala da terrível perseguição por que passaram os primeiros que professaram a fé em Jesus Cristo.

O Bispo exorta seus destinatários, neste contexto, à perseverança e confiança, na certeza de que os soldados de Cristo não são destruídos, mas coroados:

“Irmão caríssimo: Não te pude escrever mais cedo, porque todos os clérigos, devido ao estado de perseguição em que nos encontramos, não podiam de modo algum sair daqui, e estavam todos dispostos, na generosidade do seu espírito, a partir para a glória divina e celeste.

Comunico-vos, no entanto, que já chegaram aqueles que eu tinha enviado a Roma com a intenção de se informarem bem acerca do rescrito que pesa sobre nós, pois constavam muitas coisas a esse propósito, mas eram apenas boatos e notícias incertas.

O que se passa é o seguinte: Valeriano, num rescrito ao Senado, ordenou que os bispos, os presbíteros e os diáconos sejam imediatamente executados; que os senadores, os homens ilustres e os cavaleiros romanos sejam privados da sua dignidade e dos seus bens, e se apesar disso continuarem a ser cristãos, sejam também condenados à pena capital; que as matronas sejam privadas dos seus bens e enviadas para o exílio; que todos os cesarianos que professaram ou professam a fé cristã, tenham os seus bens confiscados e sejam enviados como prisioneiros para as possessões cesarianas.

O imperador Valeriano acrescentou ainda ao seu rescrito uma cópia da carta que escreveu a nosso respeito aos governadores das províncias. Estamos à espera que chegue, de um dia para o outro, essa carta.

Entretanto, permanecemos dispostos, com a firmeza da nossa fé, a suportar o sofrimento, esperando alcançar a coroa da vida eterna, com a ajuda e a misericórdia do Senhor.

Deveis saber que Sisto foi martirizado num cemitério no dia seis de agosto, e com ele quatro diáconos. Os prefeitos de Roma agravam de dia para dia esta perseguição, executando todos os que lhes são apresentados e confiscando os seus bens.

Peço-vos que comuniqueis estas notícias a todos os nossos irmãos no episcopado, para que em toda a parte as nossas comunidades cristãs possam ser fortalecidas pela sua exortação e preparadas para o combate espiritual, a fim de que todos e cada um de nós pense mais na imortalidade do que na morte e se ofereça ao Senhor, com todas as energias da sua fé e da sua coragem, com mais alegria que temor pelo martírio que se avizinha, sabendo que os soldados de Deus e de Cristo não são destruídos, mas coroados. Desejo, irmão caríssimo, que te encontres sempre bem”.

Embora alguns séculos nos separem da Carta, sabemos que, em muitos lugares no mundo, a perseguição aos cristãos é implacável, levando alguns ao martírio extremado, o assassinato.

Celebrando a memória do martírio do Papa Sisto e seus quatro diáconos, e refletindo demoradamente a tamanha crueldade por que passaram aqueles que nos antecederam, nos unimos a eles na Oração, certos de que hoje estão na glória de Deus, premiados com a coroa da glória e da justiça, como nos falaram os Apóstolos Pedro e Paulo.

Também renovemos nossa fé e fidelidade ao Senhor, para que com ousadia, coragem e criatividade, diante dos desafios do tempo presente, também não vacilemos na fé, e tão pouco sintamo-nos fragilizados na esperança, mas sejamos inflamados no ardor da caridade, que nos identificará plenamente com Jesus Cristo Morto Ressuscitado, a quem rendemos toda honra, glória, poder e louvor.

Tenhamos a coragem invejável dos mártires de nossa Igreja, para que também continuemos trilhando com ardor o nosso itinerário de fé, até que um dia também mereçamos ao mesmo lugar chegar, e a coroa também merecer, alcançar.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG