domingo, 15 de outubro de 2023

A veste nupcial da caridade (XXVIIIDTCA)

A veste nupcial da caridade

“Muitos são os chamados,
mas poucos os escolhidos” (Mt 22,14)

Ouvimos, no 28º Domingo do Tempo Comum (ano A), a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 22,1-14), na qual Jesus nos fala sobre o convite ao Banquete Nupcial.

Vejamos parte do Sermão do Papa e Doutor da Igreja São Gregório Magno (séc. VI), sobre o que devemos entender por “veste nupcial”,  que nos fala a parábola.

“O que significa, irmãos, a veste nupcial? Não podemos dizer que signifique o batismo nem a fé, porque quem pode entrar sem eles nestas bodas?... Portanto, o que devemos entender por veste nupcial, senão a caridade? Entra, pois, nas bodas, mas não leva a veste nupcial, aquele que pertencendo à Igreja Católica tem fé, mas lhe falta a caridade.

Com fundamento se chama caridade a veste nupcial, visto que nosso Criador a teve quando foi para as bodas desposar-Se com a Igreja. De fato, somente o amor de Deus pode fazer que Seu Filho Unigênito una a Si as almas dos eleitos. Por isso diz São João: ‘Deus amou tanto o mundo que deu o Seu Filho primogênito’.

Logo, Aquele que veio aos homens por caridade deu a conhecer que a veste nupcial não era outra coisa que a própria caridade. Portanto, todo aquele que recebeu o Batismo e crê em Deus, entrou nas bodas, porém não vai com a veste nupcial se não conserva o dom da caridade...

'Porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos’. Terrível é, caríssimos irmãos, o que acabamos de ouvir... É preciso, portanto, que todos nos humilhemos, tanto mais que ignoramos se estaremos entre os escolhidos.

Existem alguns que nunca deram início às boas obras; outros começaram a realizar o bem, mas não persistiram neste caminho. Há quem quase toda a vida foi mau, porém ao final se afasta de seus erros pela dor de uma verdadeira penitência; mas há, pelo contrário, quem parece viver uma vida santa, porém até o fim de seus dias cai no erro da maldade. Outros começam bem e terminam melhores; outros, pelo contrário, desde a sua juventude se precipitam no abismo dos vícios e terminam agindo do mesmo modo, piores cada vez mais.

Tema, por isso, cada um, já que ignora o que lhe resta, pois não deve esquecer: pelo contrário, deve repetir continuamente as Palavras do Evangelho: ‘Muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos’” (1)

A participação no Banquete Eucarístico exige de nós esta “veste nupcial da caridade”. Por isso, é sempre oportuno revermos de que modo vivemos o essencial da fé cristã, o Mandamento do amor a Deus ao próximo, sendo que o amor a Deus está em primeiro lugar na ordem dos preceitos, e o amor ao próximo na ordem da execução, como lembra-nos o Bispo e Doutor Santo Agostinho (séc. V).

Oremos:

“Pai Santo, que convidais o mundo inteiro para as núpcias do Vosso Filho, concedei-nos a sabedoria do Vosso Espírito, para que possamos testemunhar qual é a esperança do nosso chamamento, e que nenhum homem recuse o Banquete da Vida Eterna ou a entrar nele sem a veste nupcial” (2)


(1)         Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – p.232
(2)        Lecionário Comentado – Vol. II – p.539

PS: Aprofundando ainda mais a nossa reflexão, sugiro que retomemos o Hino da Caridade do Apóstolo Paulo aos Coríntios (1 Cor 13).

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG