domingo, 27 de outubro de 2024

“Nisto conhecerão que sois meus discípulos" (XXXDTCA)

                                                            

“Nisto conhecerão que sois meus discípulos" 

“Vede como se amam" (Tertuliano - séc. III)

Vejamos o que nos diz o Comentário do Missal Dominical sobre o amor dos cristãos testemunhando a presença do Cristo Ressuscitado, de dois modos:

- “Primeiramente, o amor dos cristãos entre si. ‘Vede como se amam’, diziam os pagãos sobre os primeiros cristãos.

Hoje, os novos pagãos pós-cristãos poderão dizer o mesmo ao olhar-nos? Ou o nosso comportamento só levará a menosprezar e desconfiar do cristianismo e de sua insistência sobre o amor?

Certamente, falamos demais de amor, dele fazendo quase um gênero literário; mas não o vivemos sinceramente entre nós, divididos como somos por preconceitos, sectarismos, guetos diversos.

- Em segundo lugar, o amor dos cristãos pelo mundo. Em cada época da história, a Igreja é chamada a dar uma contribuição específica.

Nos séculos passados empenhou-se em salvaguardar e difundir a cultura, entregou-se às obras assistenciais em benefício dos pobres e indigentes, fundou hospitais, cuidou da instrução do povo, criou os primeiros serviços sociais.

Hoje tudo isso é em geral assumido pelo Estado, e a obra que a Igreja ofereceu durante séculos tende a terminar. O Estado deve preocupar-se com a difusão da cultura, com a instrução, a escola, a assistência e todo tipo de serviço social.

Liberada dessas tarefas, cabe agora à Igreja oferecer à humanidade sua contribuição original e única: o sentido e o valor construtivo do amor”

O Missal Dominical prossegue refletindo sobre o que o mundo pede ao cristão hoje, no contexto de pós-modernidade, com múltiplas inquietações que desafiam a história da humanidade:

“A mais importante exigência a que devemos atualmente responder não está acaso em contribuir para suprimir as divisões entre os homens e lutar contra todos os ódios?

Se a humanidade que não crê mais em Deus, se o homem racional e ateu está mais avançado em outros pontos, não estará talvez menos avançado neste?

O Estado assistencial poderá criar estruturas perfeitas. Mas de que servirão se os homens que as devem animar não forem movidos por um profundo amor pelo homem?

Esta é a ação dos cristãos, engajados ao lado dos outros homens no esforço por criar um mundo novo, mais justo e com mais respeito pelo homem.

Lembrar que o motor de todo verdadeiro progresso é o amor e só o amor. Sem amor o próprio progresso pode se voltar contra o homem e destruí-lo ou aliená-lo.

Procura-se um amor que salve o homem todo: sua dignidade, sua liberdade, sua necessidade de Deus, seu destino ultra terreno. Um amor concreto, que se interesse pelos que estão perto e a quem se pode prestar algum auxílio. Um amor que vai até onde nenhum outro pode ir.”

Eis o grande desafio para todos nós:

“Se me amais, guardareis os meus Mandamentos, e Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não O vê nem O conhece. Vós O conheceis, porque Ele permanece junto de vós e estará dentro de vós” (Jo 14, 15-21)

E um pouco antes, Jesus havia dito – “Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amarem uns aos outros, assim como Eu vos amei” (Jo 13, 35).

Renovemos, como Igreja, a graça de continuar a missão confiada por Jesus: proclamar e testemunhar o Evangelho em todos os lugares e em todos os tempos, com a marca fundamental e que nos identifica como cristãos: o testemunho do amor.

Vivendo o Mandamento do Amor que Ele nos deixou, daremos à nossa vida e à vida da Igreja, matizes Pascais, até que um dia possamos vislumbrar o novo céu e a nova terra, firmados numa sólida fé, firme esperança e vivificante caridade, porque movidos pelo Espírito de Deus que nos assiste e nos conduz nos caminhos da história.



PS: Missal Dominical - Editora Paulus -1995 – pág. 390. 

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