sábado, 21 de outubro de 2023

Virtudes divinas que nos movem: Fé, Esperança e Caridade! (11/05) (Ascensão do Senhor)

                                                     

Virtudes divinas que nos movem:
Fé, Esperança e Caridade!

Reflitamos sobre as virtudes divinas que nos movem (fé, esperança e caridade) a partir do Sermão do  Papa São Leão Magno (séc V).

“Assim como na Solenidade Pascal a Ressurreição do Senhor foi para nós motivo de grande júbilo, agora também a Sua Ascensão aos céus nos enche de imensa alegria. Pois recordamos e celebramos aquele dia em que a humildade da nossa natureza foi exaltada, em Cristo, acima de toda a milícia celeste, sobre todas as hierarquias dos anjos, para além da sublimidade de todas as potestades, e associada ao trono de Deus Pai.

Toda a vida cristã se funda e se eleva sobre uma série admirável de ações divinas, pelas quais a graça de Deus nos manifesta sabiamente todos os Seus prodígios.

De tal modo isto acontece que, embora se trate de Mistérios que escapam à capacidade humana de compreensão e que inspiram um profundo temor reverencial, nem assim vacile a fé, esmoreça a esperança ou esfrie a caridade.

Nisto consiste, efetivamente, o vigor das grandes almas e a luz dos corações fiéis: crer sem hesitação, naquilo que não se vê com os olhos do corpo, e fixar o desejo onde a vista não pode chegar.

Como poderia nascer esta piedade, ou como poderíamos ser justificados pela fé, se a nossa salvação consistisse apenas naquilo que nos é dado ver?

Na verdade, tudo o que na vida de nosso Redentor era visível passou para os ritos sacramentais; e para que a nossa fé fosse mais firme e autêntica, à visão sucedeu a doutrina, em cuja autoridade se devem apoiar os corações dos que creem, iluminados pela luz celeste.

Esta fé, aumentada com a Ascensão do Senhor e fortalecida com o dom do Espírito Santo, nem os grilhões, nem os cárceres, nem os exílios, nem a fome, nem o fogo, nem as dilacerações das feras, nem os tormentos inventados pela crueldade dos perseguidores jamais puderam atemorizá-la.

Em defesa desta fé, através de todo o mundo, homens e mulheres, meninos de tenra idade e moças na flor da juventude combateram até derramamento do sangue. Esta fé expulsou os demônios, afastou as doenças, ressuscitou os mortos.

Os Santos Apóstolos, apesar dos milagres contemplados e dos ensinamentos recebidos, ainda se atemorizavam perante as atrocidades da Paixão do Senhor e hesitavam ante a notícia de Sua Ressurreição.

Porém, com a Ascensão do Senhor progrediram tanto que tudo quanto antes era motivo de temor, se converteu em motivo de alegria.

Toda a contemplação do seu espírito se concentrava na divindade d’Aquele que estava sentado à direita do Pai; agora, sem a presença visível do Seu Corpo, podiam compreender claramente, com os olhos do Espírito, que Aquele que ao descer à terra não tinha deixado O Pai, também não abandonou os discípulos ao subir para o céu.

A partir de então, caríssimos filhos, O Filho do Homem deu-Se a conhecer de modo mais sagrado e profundo como Filho de Deus.

Ao ser acolhido na glória da majestade do Pai começou de um modo novo e inefável, a estar mais presente no meio de nós pela divindade quando Sua humanidade visível se ocultou de nós.

Por conseguinte, a nossa fé começou a adquirir um maior e progressivo conhecimento da igualdade do Filho com o Pai, e a não mais necessitar da presença palpável da substância corpórea de Cristo, pela qual Ele é inferior ao Pai.

Pois substituindo a natureza do corpo glorificado, a fé dos que creem é atraída para lá, onde O Filho Unigênito, igual ao Pai, poderá ser tocado não mais pela mão carnal, mas pela contemplação do Espírito”. (1) 

Todos nós podemos passar por momentos de dificuldades, provações, situações aparentemente impossíveis de serem transformadas, e também precisamos de uma palavra que nos ilumine, revigore  e, como um sopro do Espírito, nos envolva e nos refaça.

Nestes momentos, somos chamados a dar razão de nossa esperança, no testemunho da fé mantendo viva, no coração, a chama viva da caridade.

Reflitamos:

- Quais as provações que me inquietam neste momento?
- Como contemplo e sinto a presença de Deus para enfrentá-las?

- Qual a qualidade da fé que possuo, como a vivo e como a testemunho?
- Tenho vacilado na fé?

- Tenho esmorecido na esperança?
- Tenho esfriado na prática da caridade, no cumprimento do Mandamento maior do Amor a Deus e ao próximo?

- Como posso viver uma caridade mais autêntica?

“Vinde Espírito Santo, enchei o coração dos Vossos fiéis...”

Pai Nosso que estais nos céus...



(1) Liturgia das Horas - Vol. II – pp. 849-851.

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