Amar e ser amado, nosso desejo mais profundo
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de João (Jo 15,9-17).
Assim começa a passagem do Evangelho – “Naquele tempo, disse Jesus aos Seus discípulos: ‘Assim como o Pai me amou, também Eu vos amei’” (Jo 15,9); que é concluída com as palavras de Jesus – “Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros” (Jo 15,17).
Mais uma vez, voltamos ao essencial na vida dos discípulos missionário do Senhor: O Novo mandamento do Amor que Ele nos deu.
Sejamos enriquecidos pelo Comentário do Missal Quotidiano e Dominical:
“Amar e ser amado: é o desejo mais profundo, a necessidade mais vital do homem e da mulher, desde a sua mais tenra idade e em todas as épocas da sua vida.
Mas o que é o amor? Já se deram muitas respostas – ou, mais exatamente, muitas tentativas de resposta – sem, no entanto, se ter chegado a nenhuma que satisfizesse por completo.
O amor, como a vida escapa a todo o esforço de definição que pretenda exprimir plenamente a sua natureza própria, irredutível a qualquer outra. Por outro lado, a palavra ‘amor’ é uma das mais conspurcadas; a busca de amor pode, inclusivamente, levar por caminhos que conduzem à depravação e, até, ao crime”. (1)
De fato, amar e ser amado consiste no desejo mais profundo de todos nós, e por isto o Mandamento do Senhor haveremos de cumprir, pois podemos amar, pois Ele nos amou primeiro.
Fomos por Deus amados para amar, como nos falou João em sua Carta – “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou e nos enviou o Seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados” (1 Jo 4,10), e ainda: “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4,19).
Esta é a lógica do amor cristão, que tem em sua origem a gratuidade de Deus, que nos ama sem limites, livre e obstinadamente, e esta expressão maior se deu na Cruz.
O amor que o Senhor viveu e nos deu como Mandamento, é um amor chamado a se tornar comunhão, solidariedade, partilha:
“Trata-se de um amor recíproco na linha da fidelidade obstinada e sem arrependimentos, um amor que faz com que a pessoa exista enquanto participante do mesmo amor de Deus. Então o amor fraterno é já lugar de salvação, é já experiência de Deus, é o caminho que subtrai o homem à solidão e à morte. O amor basta-se a si mesmo” (2).
Viver esta lógica é viver o amor até à Cruz, como o Senhor viveu, a lógica do dom de Si sem medida, dom incondicional: um amor que não fala, simplesmente ama.
Uma frase atribuída a Santo Agostinho que sintetiza bem o que se disse: “A medida do amor é amar sem medida”
Concluindo, voltemos mais uma vez ao diálogo do mestre com seu discípulo, escrito pelos padres do deserto, sobre o amor:
“Perguntaram-lhe a um grande mestre:
Quando o amor é verdadeiro?
Quando é fiel – foi a resposta.
E quando é profundo?
Quando é sofredor – foi a resposta.
E como fala o amor?
A resposta foi:
O amor não fala.
O amor ama”. (3)
(1) Missal Quotidiano e Dominical – Editora Paulus – Lisboa – 2012 – p.771
(2) Lecionário Comentado – volume Quaresma / Páscoa – Ed. Paulus – 2011 – p. 560.
(3) (1) Teologia da Ternura – “Um Evangelho a descobrir” – Ed. Paulus – 2002 – p.72
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