sábado, 21 de outubro de 2023

As inseparáveis virtudes divinas


As inseparáveis virtudes divinas

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,46-52), em que nos apresentado a cura do cego Bartimeu (filho de Timeu). 

Vejamos o que nos diz o comentário do Missal Dominical:

“Se no passado, a fé podia constituir uma explicação ou uma interpretação do universo, um lugar de segurança diante dos absurdos da história e do mistério do mundo, hoje não é mais assim. 

Os movimentos de ideias, o processo tecnológico, a expansão do consumo, os movimentos migratórios e turísticos, a urbanização crescente e caótica com as consequentes dificuldades de integração comunitária, a agressão da publicidade, a instabilidade política, econômica e social, com todos os problemas daí derivados, concorrem para aguçar a dilaceração interior, ainda mais sensível nos homens de cultura. 

Nesse quadro, a carência de uma fé consciente e robusta favorece a dissolução da religiosidade, até a ruptura com a prática religiosa” (1)

Vivemos num mundo secularizado, com fortes marcas de ateísmo, em que o espaço do sagrado muitas vezes é sinônimo de alienação, atraso, anti-história...

O Papa São João Paulo II, brilhantemente, abordou estas questões na Encíclica Fé e Razão. 

Não são inconciliáveis a fé e a razão. Uma não pode prescindir da outra, do contrário não corroboram para o processo de fraternidade e promoção da vida, da dignidade humana. 

Evidentemente que podemos cultivar uma fé ingênua, marcada pelo infantilismo, renunciando aos compromissos inerentes a mesma. Delegando a Deus o que é tarefa humana, descomprometendo-se, lamentavelmente, com aquilo que é próprio e inadiável nosso.

Vejamos a fé como resposta, e não uma fuga dos problemas; e mais do que uma resposta, uma proposta transformadora, fundada e nutrida pelo Pão da Palavra e pelo Pão da Eucaristia. Na fé deve consistir a resposta sedenta de sentido de vida. A fé deve ultrapassar todo pragmatismo evasivo; todas as explicações que se encerram em si mesmo.

Cultivemos uma fé consciente e robusta, procurando respostas aos incontáveis problemas mencionados, de modo que a fé, a esperança e caridade, como virtudes teologais, amadureçam inseparavelmente em nosso interior, afastando toda a estimulação e excitação de dilaceramentos interiores... Tão somente assim, veremos a fé expressa em gestos concretos, afetivos e efetivos de caridade.

Urge uma  viva e uma Esperança com âncoras nos céus, onde se encontra o Ressuscitado! E, assim a Caridade dará respostas libertadoras para o mundo que precisa ser transformado.
  
(1)  Missal Dominical - Editora Paulus - pág. 1057

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG