terça-feira, 21 de maio de 2024

Deus, que nos criou por amor, não desiste de nós


Deus, que nos criou por amor, não desiste de nós


“O amor não desiste perante o impossível, 
não desanima diante das dificuldades”

Na terça-feira da 7ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Livro  do Gênesis (Gn 6,5-8; 7,1-5.10), sobre o acontecimento do dilúvio, em que Deus promete exterminar da face da terra o homem por Ele criado.

Sejamos, portanto, enriquecidos pelo Sermão de São Pedro Crisólogo (séc. V).

“Vendo o mundo oprimido pelo temor, Deus procura continuamente chamá-lo com amor, convidá-lo com a Sua graça, segurá-lo com a caridade, abraçá-lo com afeto.

Por isso, purifica com o castigo do dilúvio a terra que se tinha inveterado no mal; chama Noé para gerar um mundo novo; encoraja-o com palavras afetuosas, concede-lhe Sua confiante amizade, o instrui com bondade acerca do presente e anima-o com Sua graça a respeito do futuro.

E já não Se limita a dar-lhe ordens, mas tomando a parte no seu trabalho, encerra na arca toda aquela descendência que havia de perdurar por todos os tempos, para que esta Aliança de Amor acabasse com o temor da servidão e se conservasse na Comunhão de Amor o que fora salvo com a comunhão de esforços.

Por esse motivo chama Abraão dentre os pagãos, engrandece seu nome, torna-o pai dos crentes, acompanha-o em sua viagem, protege-o entre os estrangeiros, cumula-o de bens, exalta o com vitórias, dá-lhe garantia de Suas promessas, livra-o das injúrias, torna-Se seu Hospede, maravilha-o com o nascimento de um filho que ele já não podia esperar.

Tudo isso a fim de que, cumulado de tantos benefícios, atraído pela grande doçura da caridade divina, aprendesse a amar a Deus e não mais temê-lo, a honrá-lo com amor e não com medo.

Por isso também, consola em sonhos a Jacó quando fugia, desafia-o para um combate em seu regresso e na luta aperta-o nos braços, para que não temesse, porém, amasse o instigador do combate.

Por isso ainda, chama Moisés na própria língua e fala-lhe com afeto paterno, convidando-o a ser o libertador de Seu povo.

Em todos esses fatos que relembramos, de tal modo a chama da caridade divina inflamou o coração dos homens e o inebriamento do Amor de Deus penetrou os seus sentidos que, cheios de afeto, começaram a desejar ver a Deus com os olhos do corpo.

Deus, que o mundo não pode conter, como  olhar limitado do homem o abrangeria? Mas o que deve ser, o que é possível, não é a regra do amor. O amor ignora as leis, não tem regra, desconhece medida. O amor não desiste perante o impossível, não desanima diante das dificuldades.

O amor, se não alcança o que deseja, chega a matar o que ama; vai para onde é atraído, e não para onde deveria ir. O amor gera o desejo, cresce com ardor e pretende o impossível. E que mais?

O amor não pode deixar de ver o que ama. Por isso todos os Santos consideravam pouca coisa toda recompensa, enquanto não vissem a Deus.

Por isso Moisés se atreve a dizer: ‘Se encontrei graça na Vossa presença, mostrai-me o Vosso Rosto’ (Ex 33,13.18). Por isso, diz também o salmista: ‘Não me escondais a Vossa Face’ (Sl 26,9). Por isso, enfim, até os próprios pagãos, no meio de seus erros, modelaram ídolos, para poderem ver com seus próprios olhos o objeto de seu culto.”  (1).

As palavras tão inflamadas de amor do Bispo nos encoraja para a necessária travessia do mar da vida, ao encontro do Senhor que vem ao nosso encontro.

Urge o esvaziamento do coração de tudo aquilo que ocupe o lugar do Sumamente Essencial: o Amor de Deus, manifestado de modo indescritível em Jesus Cristo, no Mistério de Sua Paixão, Morte e Ressurreição.



(1) Liturgia das Horas - Vol. I – pp. 199/200.

Adoramos o Senhor, servimos nosso próximo

Adoramos o Senhor, servimos nosso próximo

Ouvimos, na 7ª terça-feira do Tempo Comum, a passagem do Evangelho que retrata o segundo anúncio da Paixão de Nosso Senhor (Mc 9,30-37).

Jesus diz aos discípulos, que discutiam no caminho, qual seria o maior entre eles: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!”

Retomemos este parágrafo do Catecismo da Igreja Católica (n.786):

“O Povo de Deus participa finalmente da função ‘régia’ de Cristo. Cristo exerce a Sua realeza atraindo a Si todos os homens pela Sua Morte e Ressurreição.

Cristo, Rei e Senhor do Universo, fez-Se o servo de todos, pois ‘não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida como resgate pela multidão’ (Mt 20, 28).

Para o cristão, ‘reinar é servir’, em especial ‘nos pobres e nos que sofrem, nos quais a Igreja reconhece a imagem do Seu Fundador pobre e sofredor’.

O povo de Deus realiza a sua ‘dignidade régia’ vivendo em conformidade com esta vocação de servir com Cristo”. (1)

Assim como veio servir e não ser servido, Jesus deixou este ensinamento para os Seus discípulos, e o fez expressivamente ao lavar-lhes os pés (Jo 13).

Como Igreja, também devemos renovar sempre a alegria e o amor no serviço ao Senhor, na pessoa dos pobres que nos são confiados.

Deste modo há a contínua necessidade do fortalecimento de nossas Pastorais e Serviços diversos de nossas comunidades, para cada vez mais reinemos com Jesus, colocando-nos, generosamente, em atitude de amor, serviço e doação.

Ainda temos muito que aprender para reinar com Jesus, pois ainda temos muito que nos converter, para que mais expressiva e frutuosa seja nossa generosidade e doação em favor de nosso próximo. 
Firmemos nossos passos neste caminho. Alegremo-nos e exultemos no Senhor, que nos acompanha nesta maravilhosa graça e missão, conduzidos e iluminados pela Sua Palavra, e nutridos pelo Seu Divino Corpo e Sangue que recebemos no Banquete da Eucaristia.



(1) Catecismo da Igreja Católica (n.786)

Fidelidade plena ao Senhor no amor e doação


Fidelidade plena ao Senhor no amor e doação

A Liturgia da terça-feira da sétima Semana do Tempo Comum nos convida a refletir sobre as condições para o seguimento de Jesus, no acolhimento de Sua Palavra, para anunciá-La e testemunhá-La.

O discípulo de Jesus terá que discernir sempre para pautar a sua vida na “sabedoria de Deus” e não na “sabedoria do mundo”.

No Livro da Sabedoria, na passagem (Sb 2,12.17-20) nos apresenta a sabedoria de Deus que devem ser vivida, e isto implica em suportar as perseguições, num aparente caminho de fracasso, opondo-se a toda forma de idolatria, numa verdadeira adoração a Javé.

O autor sagrado do Livro mais recente do Antigo Testamento assegura que vale a pena ser justo e fiel aos valores da fé; garante que a fidelidade do justo a Javé não ficará sem recompensa.

A sabedoria de Deus deve ser vivida até a morte, por amor, em relação de serviço, unidade, caridade, verdade, construindo um mundo mais justo e fraterno.

É preciso renunciar a todo orgulho e autossuficiência, pois a vivência da sabedoria do mundo condena ao vazio, à frustração, à depressão, à escravidão e a uma felicidade ilusória, passageira.

Somente a sabedoria de Deus é garantia de uma verdadeira felicidade, realização plena, embora não garanta uma vida fácil, pois mesmo na vida daquele que a vive pode estar presente a calúnia, a perseguição, a tortura e até mesmo o martírio.

Por isto viver em comunidade é preciso sempre procurar viver na coerência do Evangelho, como nos vemos na passagem da Epístola de São Tiago (3, 16-4,3), tomando cuidado para que esta não seja destruída pelo orgulho, ambição, inveja, competição, egoísmo...

O batizado deve viver segundo os critérios de Deus, e, portanto, a necessária vigilância e conversão.  A opção pela sabedoria do mundo não é um caminho para a realização plena do homem, pois gera somente infelicidade, desordem, guerras, rivalidades, conflitos e mortes.

De outro lado, a sabedoria de Deus deve plenificar o nosso coração e iluminar as nossas decisões. Somente assim nossa Oração será ouvida por Deus, pois a Oração que é movida pela sabedoria do mundo não tem sentido algum.

Voltemos à passagem do Evangelho, em que Jesus mais uma vez anuncia a Sua Paixão e Morte (2.º anúncio), e nos apresenta a verdadeira concepção de poder que os Seus seguidores devem possuir.

O Evangelista nos apresenta Jesus como o Filho de Deus, que oferece Sua vida como dom, por amor a humanidade. Assim também terão que fazer os Seus seguidores; precisarão ter a coragem de viver a lógica de Deus, tão oposta à lógica humana. Deverão ter coragem e disposição para embarcar com Ele na mais bela de todas as aventuras: a aventura do Reino de Deus.

Seguirão um caminho que poderá ter aparência de fracasso, mas terá como palavra última a vitória assegurada pelo Cristo Ressuscitado.  A adesão ao Senhor implica em seguir o mesmo caminho que Ele percorreu, portanto, o discipulado é essencialmente Pascal, precedido da Paixão e Morte.

O seguimento de Jesus implicará em viver o “poder-serviço”. Não haverá a busca dos primeiros lugares, mas com humildade cada um se colocar alegre e generosamente a serviço de todos, a partir dos últimos.

Esta humildade não consiste na virtude do medroso, covarde, medíocre, ao contrário, é preciso ter consciência de que a vida só tem beleza e sabor quando consumida e colocada a serviço do outro. Somente assim se alcança e se saboreia as delícias de uma autêntica “felicidade-doação”.

A criança mencionada no Evangelho representa os frágeis, os sem direitos, os pobres, os indefesos, os insignificantes, os marginalizados. São estes que devem ocupar nossas pautas, mente e coração; é esta realidade que nos incomoda e nos pede compromissos evangélicos de amor e solidariedade.

Resumindo, somos convidados a viver a sabedoria de Deus que passa pela Cruz, que possui aparência de fracasso, mas é certeza de vitória; na doação da própria vida, acolhendo as críticas, as perseguições, as incompreensões (Mt 5,1-12 – as Bem-Aventuranças), numa vida de serviço por amor, alegremente, deixando nossas atitudes e pensamentos moverem-se pelos critérios de Jesus.

Urge que a virtude da humildade se concretize na acolhida e serviço aos pequenos, que são os preferidos de Deus. E como afirmou Jon Konings – “Os humildes despertam a força do amor que dorme no coração do ser humano”.

Cuidando dos preferidos de Deus, estaremos cuidando do próprio Deus (Mt 25 – o julgamento final).

Como Igreja, Povo Eleito do Senhor, sejamos uma comunidade de serviço: promovendo a unidade, vivendo a caridade, pautando os relacionamentos pela verdade; aprendendo a viver a complementaridade e subsidiariedade.

Reflitamos:

-  Qual sabedoria pauta nossa vida: a do mundo ou a de Deus?
-  O que constrói ou destrói nossas comunidades?

-  Qual a nossa alegria em embarcar na aventura do Reino de Deus?
-  De que modo o poder é verdadeiramente serviço dentro e fora da Igreja?

- Quem foi eleito para qualquer cargo o exerce com doação, promovendo o bem comum, no compromisso com os últimos de nossa sociedade?
-  Todos nós temos algum poder (família, escola, trabalho...). Como o exercemos?

Continuemos como discípulos missionários do Senhor o caminho, dando passos firmes na fidelidade a Ele e ao Evangelho, com renúncias necessárias, carregando cotidianamente nossa cruz, até que mereçamos a glória e o descanso eterno; pois peregrinos da esperança, somos vocacionados para amar e servir com alegria transbordante no coração. Amém.

Conduzidos pela loucura evangélica, a suprema sabedoria

Conduzidos pela loucura evangélica, a suprema sabedoria

Na sétima terça-feira do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 9,30-37), que trata do segundo anúncio da Paixão do Senhor, que desconcerta os discípulos, porque compreendem que seguir Jesus implica em viver como Ele; tornar-se como Ele, servos de todos.

Assim nos diz o comentário do Missal:

“... A experiência deveria mostrar que a suposta loucura evangélica é a suprema sabedoria. A cobiça, a intolerância, a inveja, a submissão aos instintos humanos de posse e de domínio, sempre geraram guerras e conflitos, encobertos ou declarados, não só no mundo, mas também nas comunidades cristãs e na própria Igreja.

Os frutos da paz e da justiça amadurecem lentamente, mas com firmeza, quando cada qual, em vez de tentar dominar os outros, torna-se humilde ‘servo de todos’. As comunidades cristãs, a Igreja, ‘serva e pobre’, devem oferecer ao mundo uma imagem da cidade do Alto.” (1)

Celebrando o Mistério da Eucaristia, mais uma vez, alimentados por Ela e pela Palavra proclamada, como discípulos missionários, renovemos sagrados compromissos de nos tornarmos, cada vez mais, como Jesus, nosso Divino Mestre e Senhor.

Deste modo cumpriremos plenamente a Lei Divina impressa nas entranhas de nosso coração, e viveremos o duplo Mandamento do Amor a Deus e ao próximo, e para tanto supliquemos a graça divina necessária.


(1) Missal Quotidiano Dominical e Ferial - Editora Paulus – Lisboa p.1959

Na solidão da noite, a fogueira foi acesa

                                                      

Na solidão da noite, a fogueira foi acesa

"O amor de Deus foi derramado em nossos corações 
pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5,5)

Na solidão do quintal acendi minha fogueira,
e como que uma corte celestial de anjos,
traziam lenhas para mantê-la acesa.
Ouvia o crepitar das chamas, 
como uma suave melodia cantando aos céus.

Olhando para as chamas, pedi a Deus que em meu coração,
Também fossem acesas, e que jamais se apaguem,
Bem como no coração de tantos quantos oro e nele carrego.
Seja nosso coração reflexo e sinal da Folha Ardente de Caridade:
O doce amado Sagrado Coração de Jesus.

Na solidão do quintal, fogueira acesa, fogo crepitante.
Fui queimando meus pensamentos negativos,
Possíveis medos, inseguranças e angústias tão humanas.
Fossem também queimados os mesmos de tantos que
A vida com sonhos, pesadelos, cansaços e esperanças comigo compartilham.

Supliquei a Deus que fossem queimados para sempre
A hipocrisia, a ganância, chagas abomináveis dos preconceitos,
A banalização do mal e a violação da sacralidade da existência humana.

Na solidão do quintal, fogueira acesa, músicas pelos anjos cantadas.
Não há quadrilhas, bebidas típicas que venham à memória.
Mas vem um novo canto de um inédito amanhecer.
Onde o mal cede lugar ao bem, o ódio ao amor, a morte à vida.
Um suave canto de louvor pela criação e criaturas.
Não mais abusadas, vilipendiadas, destruídas,
E nossa Casa Comum melhor cuidada, porque não fala mais alto
A ambição desmedida do lucro, sobrepondo-se à beleza da vida.

Na solidão do quintal, fogueira acesa, bebidas pelos anjos servidas,
Pré-anunciando um banquete celestial por Deus para nós preparado.
Saciados no tempo presente pela bebida do néctar do amor divino,
Refazemos nossas forças, celebrando a beleza da vida,
Tão ameaçada, machucada, esmagada, insanamente destruída.
Néctar do amor, bebida que nos cura de nossa loucura destruidora,
Bebida e saboreada porque não permite a eternidade da noite escura
E na luminosidade divina confia, nesta superação, necessária travessia.

As fogueiras não foram acesas, dirão; responderei: de fato.
Não nos encontramos, não ouvimos músicas como outrora.
Não saboreamos delícias das festas juninas.
Não hasteamos bandeiras, tão pouco dançamos quadrilha.
Nem pipoca, nem batata-doce, canjica, pé-de-moleque,
Nem qualquer outra comida ou bebida.
Talvez para que reaprendamos esta beleza, por ora esquecida,
Do encontro, da festa, da vida, do sorriso, da fraterna vivência.

Na solidão do quintal, fogueira acesa?
No coração com certeza, mais que acesa,
Para que vençamos o frio da noite prolongada que vivemos.
E brevemente, podermos celebrar,
E falar das fogueiras tantas que Deus vai acendendo:
A chama do fogo do amor do Espírito,
Que em nossos corações, pelo Espírito foi derramada,
Como tão bem expressou o Apóstolo Paulo (Rm 5,5).

Chamados para amar e servir

                                                     

 Chamados para amar e servir

Na terça-feira da sétima Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 9,30-37), que nos apresenta o segundo anúncio da Paixão de Nosso Senhor.

Jesus diz aos discípulos, que discutiam no caminho, qual seria o maior entre eles, que quisesse ser o primeiro, deveria ser o último de todos, e o servo de todos.

A passagem do Evangelho pode ser iluminada com este parágrafo do Catecismo da Igreja Católica (n.786):

“O Povo de Deus participa finalmente da função ‘régia’ de Cristo. Cristo exerce a Sua realeza atraindo a Si todos os homens pela Sua Morte e Ressurreição.

Cristo, Rei e Senhor do Universo, fez-Se o servo de todos, pois ‘não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida como resgate pela multidão’ (Mt 20, 28).

Para o cristão, ‘reinar é servir’, em especial ‘nos pobres e nos que sofrem, nos quais a Igreja reconhece a imagem do Seu Fundador pobre e sofredor’.

O povo de Deus realiza a sua ‘dignidade régia’ vivendo em conformidade com esta vocação de servir com Cristo”. (1)

Assim como veio servir e não ser servido, Jesus deixou este ensinamento para os Seus discípulos, e o fez expressivamente ao lavar-lhes os pés (Jo 13).

Como Igreja, também devemos renovar sempre a alegria e o amor no serviço ao Senhor, na pessoa dos pobres que nos são confiados.

Oremos pelo fortalecimento de nossas Pastorais e Serviços diversos de nossas comunidades, para que reinemos com Jesus, colocando-nos, generosamente, em atitude de amor, serviço e doação.

Ainda temos muito que aprender para reinar com Jesus, pois ainda temos muito que nos converter, para que mais expressiva e frutuosa seja nossa generosidade e doação em favor de nosso próximo.

Estamos a caminho. Alegremo-nos e exultemos no Senhor, que nos acompanha nesta maravilhosa graça e missão, como discípulos e missionários do Senhor.



(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 786

Primeiros para amar e servir

 


                                                     Primeiros para amar e servir

Na 7ª terça-feira do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho em que Jesus faz o segundo anúncio de Sua Paixão (Mc 9,30-37), e temos a oportunidade de refletir sobre a verdadeira autoridade: 


A verdadeira autoridade não está em estar acima dos outros, oprimir os outros, na afirmação de si mesmos reduzindo os outros a escravos, clientes ou aduladores; está em ‘ser primeiros para os outros’. Em colocar o que se tem de bom a serviço de todos.

Isto cria a nova grandeza evangélica, que é verdadeira grandeza, porque, se é verdade que ‘os primeiros serão os últimos’, é verdade também que ‘os últimos’ (estes últimos dos quais nos falou o Evangelho serão os primeiros (Mt  20,16)”. (1)

Parece pequena a diferença, mas na verdade é  imensa: é preciso antes “ser primeiro que os outros”, “ser primeiro para os outros”.

Quantas vezes, vemos disputas dentro e fora de nossas comunidades, para ver quem é o melhor, quem chega primeiro, quem tem mais acesso, mais ibope.

A busca do primeiro que o outro só tem sentido se for movido pelo amor doação, serviço, para que todos tenham vida e vida plena.

Sejamos os primeiros a nos colocar alegremente no carregar da cruz, em solidariedade com os crucificados.

Também para carregar nossa cruz de cada dia, com renúncias, coragem e fidelidade, testemunhando e ajudando o próximo no carregar de sua cruz, como “Cirineus”, que o mundo tanto precisa, na promoção do bem, da verdade, da justiça, da ética, dos valores que, se vividos, tornam o mundo mais belo.


Sejamos os primeiros a promover o bem, a verdade, a justiça, a ética, os valores que, se vividos, tornam o mundo mais belo.

Sejamos os primeiros a estender a mão a quem mais precisa: primeiro para amar e servir. 


Eis a grande lição que Jesus nos dá nesta passagem do Evangelho e em todos os momentos

Eis a grande lição que Jesus nos dá na passagem do Evangelho, e que na Escola do Divino Mestre, Jesus, temos que aprender todos os dias e em todos os momentos, e deste modo nos tornamos sal da terra e luz do mundo, e vivemos o discipulado com ardor, amor e alegria.


(1) O Verbo Se faz Carne - Raniero Cantalamessa - Editora   Ave Maria - 2013 - p.438

Fidelidade plena ao Senhor no amor e doação

                                                         


Fidelidade plena ao Senhor no amor e doação

A Liturgia da terça-feira da sétima Semana do Tempo Comum nos convida a refletir sobre as condições para o seguimento de Jesus, no acolhimento de Sua Palavra, para anunciá-La e testemunhá-La.

O discípulo de Jesus terá que discernir sempre para pautar a sua vida na “sabedoria de Deus” e não na “sabedoria do mundo”.

No Livro da Sabedoria, na passagem (Sb 2,12.17-20) nos apresenta a sabedoria de Deus que devem ser vivida, e isto implica em suportar as perseguições, num aparente caminho de fracasso, opondo-se a toda forma de idolatria, numa verdadeira adoração a Javé.

O autor sagrado do Livro mais recente do Antigo Testamento assegura que vale a pena ser justo e fiel aos valores da fé; garante que a fidelidade do justo a Javé não ficará sem recompensa.

A sabedoria de Deus deve ser vivida até a morte, por amor, em relação de serviço, unidade, caridade, verdade, construindo um mundo mais justo e fraterno.

É preciso renunciar a todo orgulho e autossuficiência, pois a vivência da sabedoria do mundo condena ao vazio, à frustração, à depressão, à escravidão e a uma felicidade ilusória, passageira.

Somente a sabedoria de Deus é garantia de uma verdadeira felicidade, realização plena, embora não garanta uma vida fácil, pois mesmo na vida daquele que a vive pode estar presente a calúnia, a perseguição, a tortura e até mesmo o martírio.

Por isto viver em comunidade é preciso sempre procurar viver na coerência do Evangelho, como nos vemos na passagem da Epístola de São Tiago (3, 16-4,3), tomando cuidado para que esta não seja destruída pelo orgulho, ambição, inveja, competição, egoísmo...

O batizado deve viver segundo os critérios de Deus, e, portanto, a necessária vigilância e conversão.  A opção pela sabedoria do mundo não é um caminho para a realização plena do homem, pois gera somente infelicidade, desordem, guerras, rivalidades, conflitos e mortes.

De outro lado, a sabedoria de Deus deve plenificar o nosso coração e iluminar as nossas decisões. Somente assim nossa Oração será ouvida por Deus, pois a Oração que é movida pela sabedoria do mundo não tem sentido algum.

Voltemos à passagem do Evangelho, em que Jesus mais uma vez anuncia a Sua Paixão e Morte (2.º anúncio), e nos apresenta a verdadeira concepção de poder que os Seus seguidores devem possuir.

O Evangelista nos apresenta Jesus como o Filho de Deus, que oferece Sua vida como dom, por amor a humanidade. Assim também terão que fazer os Seus seguidores; precisarão ter a coragem de viver a lógica de Deus, tão oposta à lógica humana. Deverão ter coragem e disposição para embarcar com Ele na mais bela de todas as aventuras: a aventura do Reino de Deus.

Seguirão um caminho que poderá ter aparência de fracasso, mas terá como palavra última a vitória assegurada pelo Cristo Ressuscitado.  A adesão ao Senhor implica em seguir o mesmo caminho que Ele percorreu, portanto, o discipulado é essencialmente Pascal, precedido da Paixão e Morte.

O seguimento de Jesus implicará em viver o “poder-serviço”. Não haverá a busca dos primeiros lugares, mas com humildade cada um se colocar alegre e generosamente a serviço de todos, a partir dos últimos.

Esta humildade não consiste na virtude do medroso, covarde, medíocre, ao contrário, é preciso ter consciência de que a vida só tem beleza e sabor quando consumida e colocada a serviço do outro. Somente assim se alcança e se saboreia as delícias de uma autêntica “felicidade-doação”.

A criança mencionada no Evangelho representa os frágeis, os sem direitos, os pobres, os indefesos, os insignificantes, os marginalizados. São estes que devem ocupar nossas pautas, mente e coração; é esta realidade que nos incomoda e nos pede compromissos evangélicos de amor e solidariedade.

Resumindo, somos convidados a viver a sabedoria de Deus que passa pela Cruz, que possui aparência de fracasso, mas é certeza de vitória; na doação da própria vida, acolhendo as críticas, as perseguições, as incompreensões (Mt 5,1-12 – as Bem-Aventuranças), numa vida de serviço por amor, alegremente, deixando nossas atitudes e pensamentos moverem-se pelos critérios de Jesus.

Urge que a virtude da humildade se concretize na acolhida e serviço aos pequenos, que são os preferidos de Deus. E como afirmou Jon Konings – “Os humildes despertam a força do amor que dorme no coração do ser humano”.

Cuidando dos preferidos de Deus, estaremos cuidando do próprio Deus (Mt 25 – o julgamento final).

Como Igreja, Povo Eleito do Senhor, sejamos uma comunidade de serviço: promovendo a unidade, vivendo a caridade, pautando os relacionamentos pela verdade; aprendendo a viver a complementaridade e subsidiariedade.

Reflitamos:

-  Qual sabedoria pauta nossa vida: a do mundo ou a de Deus?
-  O que constrói ou destrói nossas comunidades?

-  Qual a nossa alegria em embarcar na aventura do Reino de Deus?
-  De que modo o poder é verdadeiramente serviço dentro e fora da Igreja?

- Quem foi eleito para qualquer cargo o exerce com doação, promovendo o bem comum, no compromisso com os últimos de nossa sociedade?
-  Todos nós temos algum poder (família, escola, trabalho...). Como o exercemos?

Continuemos como discípulos missionários do Senhor o caminho, dando passos firmes na fidelidade a Ele e ao Evangelho, com renúncias necessárias, carregando cotidianamente nossa cruz, até que mereçamos a glória e o descanso eterno; pois peregrinos da esperança, somos vocacionados para amar e servir com alegria transbordante no coração. Amém.

Vivamos a loucura da Cruz

                                                        


Vivamos a loucura da Cruz


Na terça-feira da sétima Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 9, 30-37), que trata do segundo anúncio da Paixão do Senhor.

Este anúncio desconcerta os discípulos, que compreendem que seguir Jesus implica em viver como Ele, ou seja, ser servo de todos.

Assim nos diz o comentário do Missal:

“... A experiência deveria mostrar que a suposta loucura evangélica é a suprema sabedoria. A cobiça, a intolerância, a inveja, a submissão aos instintos humanos de posse e de domínio, sempre geraram guerras e conflitos, encobertos ou declarados, não só no mundo, mas também nas comunidades cristãs e na própria Igreja.

Os frutos da paz e da justiça amadurecem lentamente, mas com firmeza, quando cada qual, em vez de tentar dominar os outros, torna-se humilde ‘servo de todos’. As comunidades cristãs, a Igreja, ‘serva e pobre’, devem oferecer ao mundo uma imagem da cidade do Alto.” (1)

Celebrando o Mistério da Eucaristia, mais uma vez, alimentados por Ela e pela Palavra proclamada, também nós, discípulos missionários, renovemos sagrados compromissos de nos tornarmos, cada vez mais, como Jesus, nosso Divino Mestre e Senhor.

Deste modo, cumpriremos plenamente a Lei Divina impressa nas entranhas de nosso coração, e viveremos o duplo Mandamento do Amor a Deus e ao próximo, e para tanto, supliquemos a graça divina necessária.

Oremos:

“Concedei, ó Deus todo-poderoso, que procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”



(1) Missal Quotidiano Dominical e Ferial - Editora Paulus - p.1959

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