terça-feira, 22 de outubro de 2024

Plena confiança no Senhor

                                   

Plena confiança no Senhor

Reflitamos sobre a necessária plena confiança no Senhor, à luz das passagens da  Sagrada Escritura: Rm 4,1-8; Sl 31,1-2.5.11; Lc 12,1-7. 

Na Carta de Paulo aos Romanos, o Apóstolo Paulo nos apresenta a emblemática figura de Abraão, “antepassado” segundo a carne (v.1) de todo o povo Hebreu. 

Contemplar a história de Abraão é contemplar uma história que revela a atuação de Deus em sua vida, marcada pela gratuidade e confiança inabalável na intervenção divina. 

Abrão foi chamado a acreditar na promessa divina de ter uma descendência, mesmo quando a promessa humanamente parecia um absurdo e impossível de se realizar. Abraão creu contra toda a humana esperança. Sua fé consistiu em confiar totalmente em Deus, reconhecendo suas limitações, insuficiência de suas obras diante do Senhor Onipotente e Misericordioso, como nos fala o Salmista. 

Abraão, ao lado de Sara, aos poucos procurou compreender os desígnios divinos e possibilitou a intervenção e a ação divina, que vêm ao encontro de nossa miséria humana, de nossas limitações. 

Deste modo, podemos afirmar que a fé é a total e incondicional confiança e entrega nas mãos de Deus, não como passividade, patologia, paralisia, mas acompanhada do temor divino, que segundo o Catecismo da Igreja Católica (n.1830) consiste na tensão em responder positivamente às exigências do Senhor, que não dispensa nossa participação, colaboração e  atuação. 

O Temor do Senhor, por sua vez, é amor profundo, relação de amizade também profunda e frutuosa, porque traz consigo a paz e o desejo de estar à altura das necessidades do Outro, que é o próprio Deus, que nos chama e nos quer como amigos. 

O Temor, serenamente e biblicamente vivido, coloca-nos em total realização de amizade e entrega nas mãos de Deus, numa procura incansável de correspondermos à altura d’Aquele que tanto nos amou e nos ama, a ponto de nos ter dado o Seu próprio Filho (Jo 3,16), para que todo o que n’Ele crer não morra, mas tenha a vida eterna. O amor de Deus nos eterniza para uma relação que não conhece o ocaso, pois o céu consiste na plenitude de Seu amor.  

Na passagem do Evangelho, Jesus nos convida a tomar cuidado com o fermento dos fariseus que é a hipocrisia, que consiste na falta de uma fé autêntica em Deus; a ausência da transparência e coerência e a suas necessárias purezas inseparáveis (interior e exterior).

Os discípulos de Jesus não podem ter a mesma atitude. Os discípulos missionários do Senhor são movidos por outro fermento que Nosso Senhor ao mundo comunicou: O amor. 

No Evangelho de Mateus, o Senhor afirmou que Seus discípulos são fermento na massa. O mundo novo só nascerá do fermento do Novo Mandamento do Amor, o mais belo e divino fermento que tanto precisamos. 

Uma vez possuidor deste fermento, deverão comunicá-lo corajosamente ao mundo. Nada e a ninguém temendo. 

Jesus sabe que esta postura diante do mundo atrairá sobre os discípulos e Sua Igreja, incompreensão, perseguição, até mesmo o martírio.

Por isto diz: “Não tenhais medo dos que matam o corpo e depois disso  nada mais podem fazer” (Lc 12,4), e um pouco mais adiante nos assegura que em todos os momentos os discípulos poderão contar com um Advogado, Paráclito, Defensor: 

Não vos preocupeis como vos defender, nem com o que dizer: pois o Espírito Santo vos ensinará naquele momento o que deveis dizer” (Lc 12, 12). 


Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG