quarta-feira, 9 de agosto de 2023

O amor é forte como a morte!

O amor é forte como a morte!

                            Morte: De quem? Quando? Onde?
                            Morte: O que dizer? Como compreendê-la?

O Bispo Balduíno de Cantuária (séc. XII), em seu Tratado, nos enriquece e nos fortalece sobre o mistério da morte na perscpetiva da fé no Cristo Ressuscitado.

“Forte é o amor, que tem poder para privar-nos do dom da vida.
Forte é o amor que tem poder para restituir-nos o gozo de uma vida melhor.

Forte é a morte, poderosa para despojar-nos do revestimento deste corpo.

Forte é o amor, poderoso para roubar os despojos da morte e no-los entregar de novo.

Forte é a morte; a ela o homem não pode resistir.
Forte é o amor que pode vencê-la, embotar-lhe o aguilhão, travar-lhe o ímpeto, quebrantar-lhe a vitória.

Assim será quando for insultada e ouvir:
Onde está, ó morte teu aguilhão? Onde está, ó morte, a tua vitória?
(cf. Os 13,14 e 1 Cor 15,55).

O amor é forte como a morte (cf. Ct 8,6), porque é a morte da morte o amor de Cristo. Por isto diz: Eu serei tua morte, ó morte; serei tua mordedura, ó inferno (cf. Os 13,14).

Também o amor com que amamos a Cristo é forte como a morte, é uma espécie de morte pela extinção da vida antiga, a destruição dos vícios e a rejeição das obras mortas.

Este nosso amor para com Cristo é uma espécie de intercâmbio, embora o Seu amor por nós seja incomparável e o nosso, uma semelhança à Sua imagem.

Pois ele nos amou primeiro (cf 1 Jo 4,10) e pelo exemplo de amor que nos propôs, fez-se para nós um sinete que nos torna conforme à sua imagem; Depusemos a imagem terrena e nos revestimos da celeste; da forma como somos amados, assim amamos. Nisto deixou-nos o exemplo para que sigamos suas pegadas (cf 1 Pd 2,210.

Por isso Ele diz: Põe-Me como um selo sobre teu coração (cf. Ct 8,6). Como se dissesse: “Ama-Me como Eu te amo. Conserva-Me em tua mente e em tua memória; em tua vontade, em teu suspiro; no gemido e no soluço.

Lembra-te homem, de que forma te fiz, quando te pus acima das outras criaturas, com que dignidade te enobreci; como te coroei de glória e de honra; coloquei-te pouco abaixo dos anjos; como tudo submeti aos teus pés.

Lembra-te não apenas de quanto fiz por ti, mas quantas crueldades e afrontas por ti suportei.

Reconhece que ages mal contra Mim quando não Me amas. Quem assim te ama, senão Eu? Quem te criou senão Eu? Quem te remiu senão Eu?

Arranca de mim, Senhor, o coração de pedra. Tira o coração de pedra, tira o coração incircunciso; dá-me um coração novo, coração de carne, coração puro!

Tu, purificador dos corações e amante dos corações puros, apossa-Te do meu coração e nele habita, envolvendo-o e enchendo-o.

Tu, superior ao que tenho de mais alto, interior ao que tenho de mais íntimo!

Tu, forma da beleza e selo da santidade, marca meu coração com Tua imagem.

Sela meu coração sob Tua misericórdia. Deus de meu coração e meu quinhãoDeus para sempre (cf. Sl 72,26). Amém”.

Quando a morte abruptamente invade nossa casa, com a morte de alguém de nossa família, ou mesmo amigos, são arruinados nossos sonhos, desmorona projetos; nossas forças e seguranças são roubadas e nossos afetos feridos.

Morte: Turbulência, virulência, violência, se não contemplada pela fé, demência, carência, falências múltiplas...

Ó Morte!
Com quem e como vencê-la?

Colocando-se como criatura, em atitude de súplica, diante do Criador. Como criaturas frágeis e limitadas que somos, precisamos acolher silenciosamente os mistérios da vida e da morte, mergulhando com toda a confiança no mistério de Seu amor e redenção.

Diante do mistério da morte uma palavra é indispensável:

Cristo Ressuscitou!
N’Ele a morte da morte.
N’Ele a morte de nossa morte.
N’Ele a possibilidade do rompimento 
da barreira última de nossa história.
Crendo no Ressuscitado e na vida eterna, 
a morte será o início de outra vida 
que não conhecerá epílogo, 
pois o amor é eterno.
N’Ele e com Ele, 
nos tornamos eternos.

Creio, Senhor, mas aumentai a minha fé, Te suplico!

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