O
amor é forte como a morte!
Morte:
De quem? Quando? Onde?
Morte: O que dizer? Como compreendê-la?
O Bispo Balduíno de Cantuária (séc. XII), em seu Tratado,
nos enriquece e nos fortalece sobre o mistério da morte na perscpetiva da fé no
Cristo Ressuscitado.
“Forte é o amor,
que tem poder para privar-nos do dom da vida.
Forte é o amor que tem poder para
restituir-nos o gozo de uma vida melhor.
Forte é a morte, poderosa para
despojar-nos do revestimento deste corpo.
Forte é o amor, poderoso para
roubar os despojos da morte e no-los entregar de novo.
Forte é a morte; a ela o homem
não pode resistir.
Forte é o amor que pode vencê-la,
embotar-lhe o aguilhão, travar-lhe o ímpeto, quebrantar-lhe a vitória.
Assim será quando for insultada e ouvir:
Onde
está, ó morte teu aguilhão? Onde está, ó morte, a tua vitória?
(cf. Os 13,14 e 1 Cor 15,55).
O amor é forte como a morte (cf. Ct 8,6), porque é a morte
da morte o amor de Cristo. Por isto diz: Eu serei tua morte, ó morte; serei
tua mordedura, ó inferno (cf. Os 13,14).
Também o amor com que amamos a
Cristo é forte como a morte, é uma espécie de morte pela extinção da vida
antiga, a destruição dos vícios e a rejeição das obras mortas.
Este nosso amor para com Cristo é
uma espécie de intercâmbio, embora o Seu amor por nós seja incomparável e o
nosso, uma semelhança à Sua imagem.
Pois ele nos amou primeiro (cf 1 Jo 4,10) e pelo exemplo de amor
que nos propôs, fez-se para nós um sinete que nos torna conforme à sua imagem;
Depusemos a imagem terrena e nos revestimos da celeste; da forma como somos
amados, assim amamos. Nisto deixou-nos o exemplo para que sigamos suas
pegadas (cf 1 Pd 2,210.
Por isso Ele diz: Põe-Me como
um selo sobre teu coração (cf. Ct 8,6). Como se dissesse: “Ama-Me como Eu
te amo. Conserva-Me em tua mente e em tua memória; em tua vontade, em teu
suspiro; no gemido e no soluço.
Lembra-te homem, de que forma te
fiz, quando te pus acima das outras criaturas, com que dignidade te enobreci;
como te coroei de glória e de honra; coloquei-te pouco abaixo dos anjos; como
tudo submeti aos teus pés.
Lembra-te não apenas de quanto
fiz por ti, mas quantas crueldades e afrontas por ti suportei.
Reconhece que ages mal contra Mim
quando não Me amas. Quem assim te ama, senão Eu? Quem te criou senão Eu? Quem
te remiu senão Eu?
Arranca de mim, Senhor, o coração
de pedra. Tira o coração de pedra, tira o coração incircunciso; dá-me um
coração novo, coração de carne, coração puro!
Tu, purificador dos corações e
amante dos corações puros, apossa-Te do meu coração e nele habita, envolvendo-o
e enchendo-o.
Tu, superior ao que tenho de mais
alto, interior ao que tenho de mais íntimo!
Tu, forma da beleza e selo da
santidade, marca meu coração com Tua imagem.
Sela meu coração sob Tua
misericórdia. Deus de meu coração e meu quinhão. Deus para sempre (cf. Sl 72,26). Amém”.
Quando a morte abruptamente invade nossa casa, com a morte
de alguém de nossa família, ou mesmo amigos, são arruinados nossos sonhos,
desmorona projetos; nossas forças e seguranças são roubadas e nossos afetos
feridos.
Morte: Turbulência, virulência, violência, se não
contemplada pela fé, demência, carência, falências múltiplas...
Ó Morte! Com quem e como vencê-la?
Colocando-se
como criatura, em atitude de súplica, diante do Criador. Como criaturas frágeis
e limitadas que somos, precisamos acolher silenciosamente os mistérios da vida
e da morte, mergulhando com toda a confiança no mistério de Seu amor e
redenção.
Diante do mistério da morte uma palavra é indispensável:
Cristo Ressuscitou!
N’Ele a morte da morte.
N’Ele a morte de nossa morte.
N’Ele a possibilidade do rompimento
da barreira última de
nossa história.
Crendo no Ressuscitado e na vida eterna,
a morte será o início
de outra vida
que não conhecerá epílogo,
pois o amor é eterno.
N’Ele e com Ele,
nos tornamos eternos.
Creio, Senhor, mas aumentai a minha fé, Te suplico!
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