terça-feira, 8 de agosto de 2023

Paixão, fé e cruz

Paixão, fé e cruz
“Coragem! Sou Eu!
Não tenhais medo”

Ouvimos, na terça-feira da 18ª semana do Tempo Comum (ano par), a passagem do Livro de Jeremias (Jr 28,1-17) e a passagem do Evangelho de  Mateus (Mt 14,22-36).

Somos convidados a refletir sobre duas figuras de extrema importância na Bíblia: Jeremias e Pedro. Ambos em tempos diferentes, com fragilidades próprias, tiveram o coração pelo Amor de Deus seduzido. Cada um ao seu modo abraçou a missão por Deus confiada.

Encantamo-nos ao meditar sobre a vocação de Jeremias: predestinação desde o ventre materno, chamado divino, resposta corajosa, sedução, apaixonamento, missão profética, e a escuta da voz de Deus.

Experimentou a perseguição, cadeias, abandono, solidão, provações, sofrimentos e muito mais que se possa dizer, mas foi fiel à missão abraçada.

Foi tido como o “Profeta da desgraça”, traidor, ignorado, caluniado, incompreendido. Nem por isto deixou ou retrocedeu na missão, e teve que reacender a chama da confiança e da esperança em Deus, em absoluta e incondicional fidelidade à Aliança divina, pois somente Deus pode assegurar a vida, a liberdade e a paz.

Assim deve viver todo cristão discípulo missionário do Senhor, tendo Jeremias como modelo e inspiração de vida na fidelidade ao Senhor.

Tenhamos sempre diante de nós a vocação de Jeremias, sobretudo nos momentos mais difíceis de incompreensão, abandono e  desilusão.

Também o Apóstolo Pedro e os discípulos foram desafiados  diante das tempestades e da travessia sobre as águas turbulentas  a professar sua confiança na presença divina, como ouvimos na passagem do Evangelho.

A súplica dos discípulos deve ser também a de todos nós sempre nas inúmeras travessias das águas turbulentas que a vida nos oferece – “Senhor, Salva-me!”. E, a advertência de Jesus ressoará a Pedro, ressoará sempre em nossos corações – “Homem fraco na fé, por que duvidaste?”:

 “A confiança na presença divina na vida é a base indispensável para procurarmos ser cristãos, e, portanto, pessoas maduras e responsáveis [...] confiar em Nosso Senhor Jesus Cristo significa dar crédito à veracidade da sua Palavra, à autenticidade positiva dos valores que ela exprime.

E se a comunidade, todos os que se sentem chamados ao discipulado cristão, ou seja, a Igreja, não viver fundamentado efetivamente sobre tudo isso, bem depressa sentirá medo do presente e do futuro, entrincheirar-se-á na defesa das suas posições humanas e mergulhará nas dificuldades históricas sem remissão possível”. (1)

Em nossas limitações e fragilidades experimentamos a força e poder de Deus. No testemunho da fé, como rebanho do Senhor; nutridos pela oração e de modo sublime pela Eucaristia.

Seja a nossa glória a Cruz de Nosso Senhor, para que, como Jeremias, não fraquejemos na missão profética, e tão pouco retrocedamos ou descuidemos do rebanho, como Pedro tanto nos inspira.

A paixão de Jeremias, a ousadia e o progresso na fé de Pedro e a Loucura da Cruz Paulina nos acompanhem ontem, hoje e sempre.


(1) Lecionário Comentado p.58

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