sexta-feira, 4 de agosto de 2023

A graça de ser Presbítero

A graça de ser Presbítero

Resplandecer é reluzir, refletir, irradiar, e também comunicar e ressoar a luz de Deus. 

Há palavras que passam sem deixar marcas, há outras que entram em nossos ouvidos, criam raízes em nosso coração e produzem seus frutos no quotidiano de nossa existência. Isto é resplandecer. 

Há alguns anos, no Encontro Nacional de Presbítero, ouvi um Bispo afirmar: “o Presbítero tem que resplandecer a luz de Deus...”

Num mundo marcado pelo pecado, violação da sacralidade da vida, violência, injustiça, depredação ecológica etc.

Num mundo que amarga o caos gerado pelo egoísmo e ambição de poucos, que condena milhões à miséria, à exclusão, o Presbítero é desafiado a resplandecer a luz de Deus, sendo sinal de esperança de um novo tempo e novo mundo; onde o pecado dá lugar à graça, a morte à vida, a miséria cede lugar para a partilha e saciedade, a tristeza converte-se em canto de alegria, a súplica torna-se um hino de ação de graças...

Cristo assumiu o deserto da nossa pobreza, enriquecendo os Presbíteros com a graça do Sacramento da Ordem, mais do que nunca, carregando tesouros em vasos de argila, a estes confia uma missão especial, divina.

Portanto, ser Presbítero é:

Ser apaixonado pela cultura da vida, pelo Evangelho, em tempo de pós-modernidade, numa acentuada cultura de morte, marcada pelo individualismo, busca do prazer pelo prazer, materialismo, indiferença, a degradação da vida humana e do planeta; não deixar esfriar a chama do primeiro amor, retomando a conduta de outrora;

Acender a chama da fé no coração daqueles que ainda não se abriram à realidade de um Deus terno, pleno de amor e, portanto, onipotente e absoluto;

Não ter medo de amar as pessoas, pois do contrário, não entenderíamos nada de Deus. O pior analfabetismo não é aquele que impede saber ler as letras que se escrevem, é não saber amar;

Fecundar sua mente e coração, e também do povo, com a semente do Verbo, com a Palavra de Deus;

Renunciar um amor único para dedicar-se ao Único amor, que nos preenche em favor de tantos sedentos de amor, vida e paz;

Exalar o perfume de santidade para a qual fomos vocacionados;

Não ser pedra de tropeço para os pequeninos, pelo contrário, é ser um ponto de apoio, sobretudo para aqueles que tropeçam nas dificuldades e obstáculos do caminho;

Empenhar-se na coerência de vida, entre aquilo que se crê, que se prega e que se vive;

Ter coragem de rever os passos dados, para poder acertar no presente, para que o futuro não seja marcado por sonhos frustrados, mas seja a certeza de que o empenho foi para melhor, e só por isto já terá valido a pena;

Não ter a pretensão de saborear os doces e saborosos frutos, mas ter a certeza de que somos chamados a plantar, a regar, para que outros também possam comer;

Irradiar a luz da Luz Divina que em nós habita;

Ser insaciável do amor de Deus. Beber a cada dia da inesgotável fonte do amor de Deus, para que possa fazer jorrar o mesmo amor a tantos quantos cruzar pelo caminho;

Ser incansável na jornada do amor universal, mas ao mesmo tempo preferencial pelos empobrecidos;

Ser homem de profunda intimidade com Deus, marcada na vida de Oração;

Saber contemplar os mistérios de Deus, a exemplo de Maria. Saber calar e meditar tudo no coração, para com ela poder cantar; “Minha alma glorifica o Senhor, exulta o meu espírito em Deus meu Salvador...”;

Aprender na escola de Maria as lições que brotam da Eucaristia a iluminar nossos passos;

Entregar-se a Deus e confiar, a exemplo de Maria, experimentando a Sua onipresença e onipotência, presentes em Sua misericórdia e solicitude para com os pequenos;

Finalizando, ser Presbítero é perceber a antecipação do céu no tempo presente; em cada Eucaristia que se celebra: ”A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço do céu que se abre sobre a terra, e os raios da Jerusalém Celeste atravessam as nuvens da história para iluminar nossos caminhos” (Papa São João Paulo II).  

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG