quinta-feira, 25 de abril de 2024

Dai-nos, Senhor, a sabedoria do Vosso Espírito

                                               

Dai-nos, Senhor, a sabedoria do Vosso Espírito 

No dia 25 de abril, celebramos a Festa do Evangelista São Marcos, e no e ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 16,15-20). 

Jesus aparece aos onze discípulos, Ressuscitado, e os envia em missão: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). 

Nisto consiste a missão da Igreja que somos: cumprir o mando do Senhor, sendo uma Igreja em estado permanente de missão, na fidelidade a Jesus, vivo e Ressuscitado, em plena comunhão com o Pai e o Espírito que nos conduz, pois é Ele o grande protagonista da missão. 

Oremos: 

Senhor, concedei-nos a Sabedoria do Vosso Espírito, para que, cumpramos a vontade de Deus, na missão de evangelizadores, discípulos missionários Vossos, que é a mais bela essência da nossa missão: sermos instrumentos de vida, amor, luz e paz, num mundo marcado por sinais de contradições e mortes. 

Senhor, ajudai-nos, para que nos abramos à graça e ao amor, que são derramados em nossos corações pelo Vosso Espírito, de modo que por Vós chamados, acolhidos, amados e enviados em missão, conheçamos quem sois e sintamos Vossa presença de amor e coragem. 

Senhor, movidos pelo Vosso Espírito Santo, ensinai-nos a sermos canais da graça divina na vida das pessoas e, ao mesmo tempo, preparando os nossos corações e de todos a quem comunicamos a Semente de Vossa Palavra, para que sejamos terrenos férteis, produzindo os frutos que Vosso Pai tanto espera. 

Senhor, conduzidos por Vosso Espírito, façamos de nossa vida doação e serviço, amor e entrega, como assim Vós fizestes, em ato extremo na morte de Cruz, amando-nos até o fim, por isto, pelo Pai fostes Glorificado. Amém. Aleluia! 

Como se fossem pássaros...

                                                  

Como se fossem pássaros...

Mas... por onde andam?

Temos pessoas que nos lembram os pássaros...
Pássaros humanos que Deus coloca em nosso caminho
Em alguns momentos marcantes na caminhada de fé.

Há pessoas que como águias nos levam a voos maravilhosos,
Ao encontro da sabedoria do Altíssimo, tão divina, tão bela.
Voamos nas asas das palavras carregadas desta sabedoria.

Como águias nos apontam o destino que marca a fé:
Buscar as coisas do alto e não debaixo, incansavelmente,
Lá onde Deus habita, como bem disse Paulo aos Colossenses.

Como águias nos ajudam a olhar para baixo, para o quotidiano...
Ensinam-nos que, para fazer a travessia do vale de lágrimas, A fé é mais do que preciso, pois com Deus tudo é possível.

Há pessoas que como gaivotas nos levam a buscar o alimento no mar,
Em voos certeiros, e sempre com o alimento à boca para sobreviver,
Mergulham no mar tão profundo que oculta tantos mistérios...

Como gaivotas nos apontam a busca do tão apenas essencial,
Para que não procuremos o supérfluo, o acúmulo.
Tão apenas o necessário: o pão de cada dia nos dai hoje...

Como gaivotas nos apontam onde se encontra o Alimento,
Não mais no mar propriamente dito, mas na Mesa Santa da Palavra
E em outra inseparável: a Mesa do Pão Eterno, dulcíssimo Sacramento.

Há pessoas que como beija-flores nos ensinam a sugar o néctar das flores.
Incansável no abanar das asas, sem pouso, sem descanso, o tempo suficiente,
Para que alimentado, retome o voo para retornar noutro momento.

Como beija-flores nos ensinam a sugar o néctar da vida,
Que encontramos naqueles que são puros de coração;
Naqueles que promovem a justiça, comprometidos com a paz.

Como beija-flores nos ensinam a ir e vir à procura do néctar,
Do mais precioso néctar da eternidade que encontramos
No coração daqueles que não se furtam dos compromissos com a fraternidade.

Águias, gaivotas, beija-flores, os vejo voando...
Águias, gaivotas, beija-flores os vejo anunciando.
Águias, gaivotas, beija-flores, a Palavra pregando.

Assim foi e será a vida da Igreja.
Assim é a missão evangelizadora.

Com a Igreja, dando os  passos na caminhada de fé,
Precisamos de alguém que nos ensine sagrados voos:
Águias, gaivotas, beija-flores, são mais que precisos.

Por onde eles andam? Eu bem sei.
Por onde eles andam? Bem sabemos.

Sejamos também como eles...
Ouçamos cada um deles
cantando na janela de tua alma...

Não nos curvemos diante das dificuldades...

                                                        


Não nos curvemos diante das dificuldades...

Olhando ao nosso redor, as múltiplas atividades cotidianas, as menores e maiores ações, podemos afirmar sem medo de errar que a correspondência ao amor divino é a garantia da transposição de todos os obstáculos: Quando se ama como Deus ama, são vencidas as dificuldades.

De outro lado, sem amor as mínimas dificuldades ganham novo tamanho, dimensão, e até mesmo se tornam insuperáveis e insuportáveis. Quão necessária é a correspondência ao Amor de Deus em perfeita união e sintonia com Seu mais profundo e imensurável Amor por nós.

Bem se expressou o Bispo Santo Agostinho:

Todas estas coisas, não obstante, parecem difíceis aos que não amam; aos que amam, pelo contrário, isso mesmo lhes parece leve. Não há padecimento, por mais cruel e insolente que seja, que o amor não torne fácil ou quase inexistente”.

A alegria deve ser mantida em meio às dificuldades sendo o sinal mais cristalino e indiscutível de que o Amor de Deus inflama e motiva nossas ações. É também de extrema beleza esta afirmação de Santo Agostinho:

“Naquilo que se ama, ou não se sente a dificuldade ou ama-se a própria dificuldade [...]. Os trabalhos dos que amam nunca são penosos”.

Esta reflexão é um convite a revermos, sobretudo no Tempo Quaresmal, o modo como realizamos nossas atividades quotidianas. Qual a intensidade com que fazemos as coisas que nos são confiadas nos mais diversos espaços em que convivemos.

Iluminado pelas palavras do Bispo, contemplo neste momento tantas situações que são a mais pura expressão do que ele disse:

Contemplo mães/pais que amam seus filhos, embora muitas vezes incompreendidos e até mesmo convivendo com a ingratidão;

Contemplo filhos que cuidam com carinho de seus pais, mesmo quando o declínio natural se manifesta com as limitações próprias da existência;

Contemplo profissionais que cuidam da vida do outro, enfrentando realidades humanas por vezes tão desafiadoras, mas o que conta é o amor com que realizam...

Contemplo agentes de pastorais que não se curvam diante das dificuldades que vão surgindo no desenvolver dos trabalhos; que não recuam, mas avaliam, reorientam, redimensionam, relativizam em nome de um bem maior, do valor absoluto do Reino; que amam a Pastoral e a Igreja, inseparavelmente, que amam as alegrias e as tristezas; amam no êxito, amam no fracasso daquilo que poderia ter sido diferente...

Contemplo outras tantas situações, pessoas de tantos nomes... Contemplo os que não fazem por fazer; não vivem por viver. Continuemos esta contemplação...

Movidos pelo amor e pela oração, seremos verdadeiramente contemplativos na ação, como muito bem disse Santo Inácio de Loyola, e retomemos uma afirmação a ele atribuída:  “Aja como se tudo dependesse de você, sabendo bem que, na realidade,  tudo depende de Deus.” (1)

Jamais nos curvemos diante das dificuldades. Amando como Deus nos ama, o que nos poderá reter, recuar, desistir? 

Bem disse o Apóstolo Paulo “Tudo posso n’Aquele que me fortalece.” (Fl 4,13).
 


(1)  (cf. Pedro de Ribadeneira, Vida de S. Inácio de Loyola, Milão, 1998)

Enraizados e edificados no Senhor

 


 
Enraizados e edificados no Senhor
 

“Irmãos, assim como aceitastes a Cristo Jesus como Senhor,
assim continuai a guiar-vos por Ele; enraizados n’Ele
e edificados sobre Ele, apoiados na fé que vos foi
ensinada, dando-lhe muitas ações de graças”
(Cl 2,6-7)

 

Senhor Jesus Cristo, Vós sois a raiz e a pedra fundamental do cristianismo (1 Cor 3,11), Vos pedimos, por meio do Vosso Espírito, para que jamais busquemos segurança nas filosofias profanas e mundanas.

Senhor Jesus Cristo, fortalecei nossa fé vem unicamente de Vós, que sois a raiz de tudo o que é humano, base do templo constituído pelos cristãos e em permanente construção, habitação da plenitude da Vossa divindade.

Senhor Jesus Cristo, cremos que tão somente em Vós se encontra tudo o que possamos procurar e desejar, pois sois Aquele de quem vivemos e para quem vivemos, e continuaremos sempre a procurar.

Senhor Jesus Cristo, Vós sois o amor que acende o fogo na terra, aquecei nosso coração e iluminai a nossa fé, desde o memorável acontecimento de Pentecostes.

Senhor Jesus Cristo, por amor a Vos e aos nossos irmãos e irmãs, ajudai-nos para que sejamos fermento de fraternidade, comunhão e participação para toda a humanidade.

Senhor Jesus Cristo, concedei-nos, portanto, a graça de cada vez mais enraizados e edificados sobre Vós, para que possamos produzir frutos de amor, justiça, verdade, bondade e solidariedade. Amém.

 

Fonte de inspiração: Comentário Missal Cotidiano – Editora Paulus – 1995 -  p.1248 – passagem bíblica - Cl 2,6-15

A linfa vital

                                                               

A linfa vital

Quanto mais sinto correr em mim Vossa linfa vital...

Senhor, sinto correr em mim a Vossa linfa vital,
Que me fortalece em qualquer circunstância,
Pois sinto mais do que perto Vossa presença, 
Saciando a minha alma de amor, eterna ânsia.

Quanto mais sinto correr em mim Vossa linfa vital,
Mais sinto o Vosso Amor, carinho, ternura, bondade.
Mais sinto que as barreiras podem ser rompidas
Dando-me vida presente, acenando à eternidade.

Quanto mais sinto correr em mim Vossa linfa vital,
Mais fome de Vossa Palavra, lida, meditada, contemplada,
Maior compromisso com a Boa Nova do Vosso Reino
Pela Palavra vivida, anunciada e,  com ardor, testemunhada.

Quanto mais sinto correr em mim Vossa linfa vital,
Mais fome do Pão da Eucaristia, do Cálice da eternidade,
Porque sois Pão da vida, descido do céu, Pão que a alma  sacia,
Antídoto contra o pecado, remédio de imortalidade.

Quanto mais sinto correr em mim Vossa linfa vital,
Mais intensa se torna por Vós minha paixão e amor,
Menos possibilidade do rancor, orgulho, vaidade.
Sois meu tudo, eu Vosso nada ainda, Amado Senhor!

Quanto mais sinto correr em mim Vossa linfa vital,
Em minhas noites escuras sinto Vossa luz resplandecer.
Ó Senhor, não anda nas trevas quem convosco caminha,
Desde aquela Notícia que Maria Madalena anunciou ao amanhecer.

Quanto mais sinto correr em mim Vossa linfa vital,
Maior desejo de permanecer em Vós, fidelidade até o fim.
Mais coragem tenho para as necessárias “podas”,
Para que não me afaste de Vós, porque Vós nunca de mim!

Quanto mais sinto correr em mim Vossa linfa vital,
Mais impressos no coração ficam Vossos Mandamentos.
Com a força e presença do Vosso Santo Espírito,
Ajudai-me a dar o pleno e desejável cumprimento.

Quanto mais sinto correr em mim Vossa linfa vital, Sangue divinal.
Mais sede e fome de Vós e, como os discípulos, ponho-me a suplicar:
“fica comigo, Senhor, pois já é tarde, o dia declina, sentai comigo, Senhor. Fazei arder meu coração, abra meus olhos para Vossa presença contemplar!”

Quanto mais sinto correr em mim Vossa linfa vital...

Contemplo-Te

                                                         

Contemplo-Te

Contemplo-Te, Senhor, Unigênito do Pai,
Desde a concepção no ventre de Maria,
Quando ela deu aquele inesquecível sim,
Que mudou o rumo da história da humanidade.

Contemplo-Te não apenas revestido de carne,
Pois assumiste nossa condição: tiveste corpo verdadeiro,
Tornaste verdadeiramente homem e ao mesmo tempo
Sendo, eu creio com minha Igreja, verdadeiramente Deus.

Contemplo-Te assumindo nossa condição humana,
Fazendo-Se um de nós, exatamente como nós,
Exceto por não conhecer o pecado que gera morte,
Por isto vieste destruí-lo com Sua vida, morte e Ressurreição.

Contemplo Teu coração tão pleno de divinos sentimentos,
Sentimentos que também devemos ter, para imagem Sua ser.
Emoções tantas que sentiste, porque Te fizeste homem,
E emoções tantas que também assumimos, sentimos.

Contemplo-Te homem das paixões múltiplas
Pelos pobres, pequenos, sofredores, excluídos;
Paixão maior, imensurável e indizível, que revelaste
Por Palavras e obras, vida e entrega: de Deus o Reino.

Contemplo-Te homem de tantas ânsias e sonhos
De um mundo mais belo, mais fraterno e solidário,
Mais perto, muito mais do que perto do querido por Deus,
Que em incondicional fidelidade ao Pai com o Espírito realizou.

Contemplo-Te homem que suportaste tantas dores,
Incontáveis humilhações da maldade, ignorância humana.
Também enfrentaste o próprio medo, angústia e solidão,
Mas no Pai confiante, jamais infidelidade, abandono e decepção.

Contemplo-Te sempre envolvido nos planos e sonhos do Pai.
Contemplo-Te numa relação vitoriosa e eterna de Amor
Com o Pai e o Espírito, Rei Eterno e Universal glorioso,
Sobre o mundo e o coração da humanidade reinando!

Contemplo-Te tão apenas me amando e perdoando.
Contemplo-Te, Senhor, envolto na Oração, por Ti iluminado.
Sinto Tua presença, escuto Tuas Palavras, silencio,
Renovo minha fidelidade, vocação, graça e dom divino.

Contemplo-Te, ouço-Te, amo-Te.
Ouço-Te, contemplo-Te, amo-Te.
Amo-Te, por isto Te contemplo, Te ouço,
E Tua presença, carinho e ternura sinto.

Contemplo-Te...

Se contiveres... Se não contiveres...


Se contiveres...
Se não contiveres...
 
Se contiveres os sentimentos que te fazem sentir-se inferior,
Não te sentirás incapacitado e subjugado aos clichês impostos.
 
Se contiveres os sentimentos que te fazem recuar na vida de fé,
Não te curvarás, nem tão pouco te deixarás dominar pela incredulidade.
 
Se contiveres os sentimentos que te fragilizam,
Lançar-te-ás, intrepidamente, em busca de tuas vitórias.
 
Se não contiveres as lágrimas, permitindo que elas caiam naturalmente,
Saberás o que é tristeza e alegria, perda e vitória, afeto ou sua ausência...
 
Se não contiveres os sonhos, correrás atrás de seu conteúdo,
Pés fincados no chão da historicidade própria, sem ilusões.
 
Se não contiveres mágoas, lembranças indesejáveis, eternos lamentos,
Romperás as correntes que te fazem infeliz, despojando-te do peso desnecessário.                           
 
Se contiveres...
Se não contiveres...
 
Sempre haverá algo a conter, senão a ruína;
Em outros casos, nada conter para o êxito.
 
Cada alma, cada história é um emaranhado maravilhoso,
Uma complexidade de relacionamentos, sentimentos, desejos.
 
Que o Espírito do Senhor nos dê a Divina Sabedoria,
Para que saibamos o que é preciso conter ou não. 
Amém.
 

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG