Não nos curvemos diante das dificuldades...
Olhando ao nosso redor, as múltiplas atividades cotidianas, as menores e maiores ações, podemos afirmar sem medo de errar que a correspondência ao amor divino é a garantia da transposição de todos os obstáculos: Quando se ama como Deus ama, são vencidas as dificuldades.
De outro lado, sem amor as mínimas dificuldades ganham novo tamanho, dimensão, e até mesmo se tornam insuperáveis e insuportáveis. Quão necessária é a correspondência ao Amor de Deus em perfeita união e sintonia com Seu mais profundo e imensurável Amor por nós.
Bem se expressou o Bispo Santo Agostinho:
“Todas estas coisas, não obstante, parecem difíceis aos que não amam; aos que amam, pelo contrário, isso mesmo lhes parece leve. Não há padecimento, por mais cruel e insolente que seja, que o amor não torne fácil ou quase inexistente”.
A alegria deve ser mantida em meio às dificuldades sendo o sinal mais cristalino e indiscutível de que o Amor de Deus inflama e motiva nossas ações. É também de extrema beleza esta afirmação de Santo Agostinho:
“Naquilo que se ama, ou não se sente a dificuldade ou ama-se a própria dificuldade [...]. Os trabalhos dos que amam nunca são penosos”.
Esta reflexão é um convite a revermos, sobretudo no Tempo Quaresmal, o modo como realizamos nossas atividades quotidianas. Qual a intensidade com que fazemos as coisas que nos são confiadas nos mais diversos espaços em que convivemos.
Iluminado pelas palavras do Bispo, contemplo neste momento tantas situações que são a mais pura expressão do que ele disse:
Contemplo mães/pais que amam seus filhos, embora muitas vezes incompreendidos e até mesmo convivendo com a ingratidão;
Contemplo filhos que cuidam com carinho de seus pais, mesmo quando o declínio natural se manifesta com as limitações próprias da existência;
Contemplo profissionais que cuidam da vida do outro, enfrentando realidades humanas por vezes tão desafiadoras, mas o que conta é o amor com que realizam...
Contemplo agentes de pastorais que não se curvam diante das dificuldades que vão surgindo no desenvolver dos trabalhos; que não recuam, mas avaliam, reorientam, redimensionam, relativizam em nome de um bem maior, do valor absoluto do Reino; que amam a Pastoral e a Igreja, inseparavelmente, que amam as alegrias e as tristezas; amam no êxito, amam no fracasso daquilo que poderia ter sido diferente...
Contemplo outras tantas situações, pessoas de tantos nomes... Contemplo os que não fazem por fazer; não vivem por viver. Continuemos esta contemplação...
Movidos pelo amor e pela oração, seremos verdadeiramente contemplativos na ação, como muito bem disse Santo Inácio de Loyola, e retomemos uma afirmação a ele atribuída: “Aja como se tudo dependesse de você, sabendo bem que, na realidade, tudo depende de Deus.” (1)
Jamais nos curvemos diante das dificuldades. Amando como Deus nos ama, o que nos poderá reter, recuar, desistir?
Bem disse o Apóstolo Paulo “Tudo posso n’Aquele que me fortalece.” (Fl 4,13).
(1) (cf. Pedro de Ribadeneira, Vida de S. Inácio de Loyola, Milão, 1998)
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