O perigo da cultura do imediatismo
Entre tantas virtudes que devemos cultivar, a paciência é uma das mais importantes. Virtude do ser humano que consiste na disposição de suportar a adversidade de forma voluntária, enquanto se espera algo bom e melhor.
Mas como sermos pacientes se somos bombardeados pela cultura do imediatismo, que consiste no “alcançar ontem o que queremos hoje”; se basta pararmos um pouco diante das propagandas publicitárias e perceberemos os apelos explícitos e implícitos para o consumo, à satisfação imediata, à voracidade do consumo, às pseudonecessidades?
Mais grave ainda, quando esta cultura passa a determinar nossas relações na família, na Igreja e na sociedade, levando-nos à impaciência de ouvir, esperar, silenciar, acolher o outro com seus problemas e sentimentos.
A cultura do imediatismo sacrifica a virtude da paciência, e faz suas vítimas, influenciando grandemente até mesmo no modo de vivermos nossa relação também com Deus.
Queremos uma religião que nos traga respostas e soluções imediatas: cura, milagres, espetáculo, emoção instantânea (ainda que passageira), prosperidade com matizes de individualismo, relativizando o poder redentor que a Cruz tem.
Renovemos o nosso ardor na promoção da cultura da vida, para não nos curvarmos à cultura do imediato e seus apelos consumistas e individualistas, pois não podemos permitir que o império do imediato sufoque e mate precipitadamente tantas sementes que silenciosamente foram plantadas, cultivadas e nutridas pela força da Palavra de Deus e da linfa vital do Seu Amor presente na Eucaristia.
Ressoem em nosso coração, entre tantas, duas belas Parábolas do Divino Mestre, Jesus, expressão da suprema paciência de Deus com a humanidade, sobretudo com os pecadores, para que se convertam e vivam: a Parábola do joio e do trigo, que retrata a necessária paciência no semear o bem, apesar do mal que também pode ser semeado; e também a Parábola da semente que germina por si só secretamente para produzir frutos no tempo certo, (Mt 13,24-30 e Mc 4,26-29, respectivamente).
Cultivando e amadurecendo a virtude da paciência, sem imediatismos estéreis, façamos florescer e frutificar novos tempos, novas relações, novo modo de viver, superando a cultura do imediatismo e suas trágicas consequências.
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