domingo, 4 de agosto de 2024

Jesus, maná divino e vivificante

                                       


Jesus, maná divino e vivificante

Sejamos enriquecidos por um dos Comentários elegantes sobre o Livro do Êxodo, escrito por São Cirilo de Alexandria, doutor da Igreja (séc. V).

“Penso que o maná é sombra e tipo da doutrina e dos dons de Cristo, que procedem do alto e nada possuem de terreno; pelo contrário, antes estão em aberta oposição com esta carnal execração, e que na realidade são pasto não somente dos homens, mas também dos anjos. De fato, o Filho nos manifestou o Pai em si mesmo, e por meio dele fomos instruídos na razão de ser da santa e consubstancial Trindade, e até nos introduziu no nobre caminho de todas as virtudes. 

Na verdade, o reto e verdadeiro conhecimento destas realidades é alimento do espírito. Contudo, Cristo repartiu em abundância a doutrina à plena luz e de dia. Também o maná foi dado aos antepassados ao raiar do dia e à plena luz. Realmente em nós, os crentes, o dia já tem despontado, como está escrito, e o luzeiro nasceu em todos os corações, e saiu o sol de justiça, a saber, Cristo, o doador do maná inteligível. E que aquele maná sensível foi algo assim como uma figura, e este, em vez disso, o maná verdadeiro, Cristo mesmo assegura-nos com todas as garantias, quando diz aos judeus: Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram.

Ele, pelo contrário, é o pão que desce do céu, para que o homem dele coma e não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Aquele que comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo. Nosso Senhor Jesus Cristo nos alimenta para a vida eterna tanto com os seus preceitos que estimulam a piedade como mediante seus místicos dons. Ele é, portanto, realmente em pessoa aquele maná divino e vivificante.

Aquele que dele comer não experimentará a futura corrupção e escapará da morte; mas não aqueles que comeram o maná sensível, pois o ‘tipo’ não era portador da salvação, mas era unicamente figura da verdade. Deus, fazendo cair o maná do céu em forma de chuva, ordena que cada um recolha o que possa comer, e se quer, pode recolher também para aqueles que vivam na mesma tenda. Que cada um - diz - recolha o que possa comer e para todas as pessoas que vivam em cada tenda. Que ninguém guarde para amanhã. Devemos estar bem penetrados da doutrina divina e evangélica.

Portanto, Cristo distribui a graça igualmente para pequenos e grandes, e a todos alimenta igualmente para a vida; quer reunir os demais com os mais fracos, e que os fortes se sacrifiquem por seus irmãos até assumir sobre si os trabalhos deles, e fazer-lhes partícipes da graça celestial. Isto é o que - a meu juízo - ele disse aos próprios santos Apóstolos: De graça recebestes, de graça dai. Portanto, aqueles que recolheram para si maná abundante, apressaram-se a reparti-lo entre os que viviam sob as mesmas tendas, isto é, na Igreja. Os discípulos realmente exortavam a todos e os estimulavam a coisas mais dignas; comunicavam a todos em abundância a graça que de Cristo alcançaram.” (1)

Cremos em Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos alimenta para a vida eterna, pois, como afirmou o São Cirilo, Ele é, portanto, realmente em Pessoa Aquele maná divino e vivificante”. 

Como peregrinos da esperança, precisamos de um Alimento Salutar, que renove e revigore nossas forças, e este maná é Jesus, o Pão da Vida, Pão da Eternidade.

Fundamental que participemos assiduamente da Eucaristia, para ouvir a Sua Palavra de Vida Eterna e, alimentados, continuarmos nossa travessia pelos mares da vida, empenhados na construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Amém.

(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pp.443-444

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