Com a Liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum (ano B), refletimos sobre o Amor e a solicitude de Deus para com o Seu rebanho, verdadeiramente, uma compaixão incomparável.
Deus mesmo é quem promete ser o próprio Pastor, conforme a primeira Leitura do Livro do Profeta Jeremias (Jr 23,1-6).
O Profeta Jeremias é a voz incompreendida que clama pela conversão e fidelidade do Povo a Deus e ao Seu Divino Projeto Libertador. Por isto é considerado o “Profeta da desgraça”.
Ele denuncia a ação dispersiva dos pastores do seu tempo, e anuncia a pertença do Povo a Deus. Fala da intervenção divina através da repatriação dos exilados (a volta do exílio); a escolha de pastores exemplares e a vinda do Messias.
Já não mais ficarão perdidos e abandonados ao sabor dos ventos e dos mares, dos interesses inescrupulosos de seus pastores, de suas autoridades.
Com Jeremias, aprendemos a confiar em Deus mantendo, nas adversidades, a alegria, a serenidade, a esperança e a paz, e, de modo muito especial, a não usar o povo que nos foi confiado em benefício próprio.
Reflitamos:
- Como acolhemos e vivemos a proposta de Jesus no cuidado daqueles que nos foram confiados, dentro e fora da Igreja?
Na passagem da segunda Leitura (Ef 2,13-18), refletimos sobre a missão dos discípulos, que são, por sua vez, continuadores da Missão do Senhor, unidos por amor, sem barreiras e divisões, porque estas foram superadas pela vida e missão do Senhor Jesus.
Da prisão, o Apóstolo Paulo escreve aos Efésios, e sua “Carta Circular” é enviada a várias Igrejas da Ásia Menor, através de Tíquico, o portador, por volta dos anos 58/60.
A Carta tem como tema central o que Paulo chama de Mistério do Projeto Divino para o Seu povo, desde a eternidade e o papel de Jesus Cristo neste Projeto: romper os muros que nos separam, formando um só povo.
Responder à proposta de Jesus é passar a integrar a comunidade dos santos, como homens novos, acolhendo e comunicando a salvação que se destina a todos.
É preciso edificar comunidades que se abram à proposta de Deus, deixando-se transformar por Sua proposta de Amor. Ser, de fato, uma comunidade de irmãos e irmãs que se amam, quebrando as barreiras, vivendo na unidade e na fraternidade universal.
Reflitamos:
- Quais são os muros a serem destruídos dentro e fora da comunidade?
- Quais são as pontes que devemos construir para solidificar a unidade e a fraternidade universal?
- Nossa comunidade deixa-se transformar pela proposta amorosa de Deus?
Na passagem do Evangelho (Mc 6,30-34), refletimos sobre o regresso dos discípulos que foram enviados em missão, entusiasmados pelos resultados, mas cansados, naturalmente.
Jesus compreende e os convida ao recolhimento, a gozar da intimidade com Ele, recuperando as forças, para não caírem num ativismo que esvazia a vida de sentido e dinamismo.
É preciso estar sempre refeito e disposto para colocar-se com alegria a serviço do rebanho sofrido do Senhor, e nisto consiste a essência de toda atividade pastoral. De modo que podemos dizer: "tal Cristo, tal cristão".
Reflitamos:
- Vivemos num ativismo descontrolado?
- Nossas atividades não são, por vezes, de funcionários eficientes tão apenas?
- Nossas atividades são revigoradas por uma genuína espiritualidade?
- Qual o perigo da fadiga, cansaço, desânimo, diante dos muitos desafios e das respostas que devemos dar diante do povo?
- Diante do rebanho, temos a humanidade e a sensibilidade de Jesus?
- Nosso coração e consciência doem diante dos clamores que brotam da vida do povo simples de nossas comunidades?
- O que procuramos fazer em resposta a estes clamores?
Nisto consiste o eterno ciclo na vida do discípulo missionário do Senhor por força de seu Batismo: envio, missão, cansaço, descanso, renovação, continuidade.
Começar e recomeçar sempre, sem desânimo, revigorados no Banquete da Palavra e da Eucaristia, a serviço do Reino, até que alcancemos a glória da eternidade, e então brilharemos com os justos no Reino do Pai, conforme o Senhor nos assegurou.
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