Coragem
e fidelidade no discipulado
No
5º sábado do Tempo da Páscoa, ouvimos a passagem do Evangelho de João (Jo 15,18-21),
em que Jesus afirma que Seus discípulos não são do mundo, porque por Ele, foram
escolhidos e apartados do mundo:
“Se o mundo vos odeia,
sabei que primeiro me odiou a mim. Se fôsseis do mundo, o mundo gostaria
daquilo que lhe pertence. Mas porque não sois do mundo, porque Eu vos escolhi e
apartei do mundo, o mundo por isso vos odeia.” (Jo 15,18-19).
Sejamos
enriquecidos pelas palavras de H. Van den Bussche:
“O tema da amizade e da intimidade induz, pela
analogia dos opostos, ao tema do ódio e do desconhecimento que o pequeno
rebanho dos discípulos sofrerá por parte do mundo.
O cristão é
testemunha da Cruz, pelo amor que consagra aos irmãos, pelo ódio que sofre do
mundo. Porque o mundo não cessará nunca de odiar os cristãos.
Não se poderia
confiar nos discípulos que buscassem a simpatia do mundo ou dela gozassem. Não
que o cristão deva afastar esta simpatia, nem tampouco cultivar o sofrimento
com misticismos mórbidos.
Sem ir atrás das
provações, bastar-lhe-á aceitar as que vierem; toda complacência nelas é
suspeita. Deve, porém, estar pronto, e isto basta, a sofrer as perseguições do
mundo, por sua fidelidade ao Senhor. Porque o ódio do mundo é inseparável de
sua condição de discípulo.” (1)
Todo
discípulo missionário do Senhor, no testemunho da amizade, intimidade e
fidelidade a Ele, não está isento do ódio, incompreensão, perseguição ou
indiferença do mundo, até mesmo o ato extremo do martírio, como a história
testemunha:
“Os acontecimentos
de Jesus iluminam e colocam na sua justa perspectiva as perguntas dos
discípulos: a perseguição faz parte da história da Salvação. Mais precisamente:
é a Via-Sacra que continua. Com dois aspectos: a perseguição não significa a
ausência de Deus, mas o Seu modo de estar presente ao contrário das
expectativas humanas; além disso a caminhada do discípulo é acompanhada pela
certeza de que a última palavra é a de Deus: ‘Se guardaram a minha palavra,
também guardarão a vossa’ (Cf. Jo 15,20)” (1)
Conduzida
e assistida pelo Espírito, nossas comunidades devem ser a comunhão de pessoas
livres e disponíveis para o discipulado, sem projetos teológicos-pastorais
preestabelecidos, de modo que vivam na fecunda e desejada sinodalidade e
fidelidade à Doutrina e ao Magistério da Igreja, com sua palavra e
ensinamentos.
Assim
lemos no Lecionário Comentado:
“Se as nossas
comunidades proclamam pouco a novidade evangélica, se correm o risco de propor
uma notícia pouco alegre e prevista, não é porventura porque se fecharam nos
seus projetos, aos quais quereriam que o próximo Senhor se adequasse?” (3)
Roguemos
a Deus para que vivamos incondicional fidelidade ao Evangelho, e seja a nossa
vida por Ele iluminada e conduzida, determinando nossos pensamentos e ações,
sem medo ou omissões.
Oremos:
“Ó Deus, que dais força aos débeis e perseverança a quem em Vós
confia, dai-nos a comunhão de fé e amor com o Vosso Filho crucificado e
ressuscitado, para partilharmos a alegria perfeita do Vosso Reino” (4). Amém.
(1) Missal
Quotidiano – Editora Paulus – 1998 - p.447
(2) Lecionário
Comentado – Volume Quaresma/Páscoa - Editora Paulus – Lisboa – 2009 – p.563
(3) (4) idem – pp.563-564
Nenhum comentário:
Postar um comentário