A passagem do Livro do Apocalipse (Ap 21,1-5a), nos remete à duas outras passagens: Apocalipse 21,10-14.22-23 e Profeta Ezequiel (c. 40-42).
O Livro do Apocalipse foi escrito por João para fortalecer a missão das primeiras comunidades cristãs, num contexto de dura perseguição pelo Império Romano, com martírios, sangue derramado. Como foram difíceis os primeiros anos daqueles que se puseram no caminho da fé, no testemunho do Ressuscitado!
A parte final do Livro retrata, através de uma linguagem figurada, o triunfo definitivo da Igreja, a esposa do Cordeiro.
A visão da Cidade Santa, a Jerusalém Celeste, que descia do céu, sinaliza para o fato de que ela é de iniciativa divina e temos a possibilidade de participar de sua construção desde o tempo presente.
A referência às 12 Tribos de Israel e os nomes dos 12 Apóstolos nos alicerces desta Cidade, retrata a continuidade do antigo Povo de Deus unida à novidade da Igreja de Cristo.
O Bispo Santo Agostinho nos ajuda a compreender outros significados que merecem ser conhecidos:
v.10 «A montanha é Cristo. A Igreja é a Cidade Santa edificada na montanha; é a esposa do Cordeiro. Foi edificada na montanha, quando foi conduzida aos ombros do pastor, como foi conduzida ao redil a própria ovelha (cf. Lc 15, 5)».
v.12 «As doze portas e os doze Anjos são os Apóstolos e os Profetas, segundo o que está escrito (Ef 2, 20). Isto está de harmonia também com o que o Senhor disse a Pedro (Mt 16, 18). (…) Diz-se que os Apóstolos são portas que, com a sua doutrina, abrem a porta da vida eterna».
v.13 «Porque a cidade descrita é a Igreja difundida por todo o orbe, mencionam-se três portas em cada uma das quatro partes do mundo, pois na Igreja, nas quatro partes do mundo, anuncia-se o Mistério da Trindade».
v.22 «Na cidade não vi nenhum templo»: «assim é, porque em Deus está a Igreja, e na Igreja está Deus», «porque o seu templo é o Senhor» (cf. Jo 2, 19-22; 4, 23-24).
v. 23 «Não precisa da luz do Sol». «A Igreja não é orientada pela luz, nem pelos elementos do mundo; é conduzida por Cristo, o eterno Sol, por entre as trevas do mundo (cf. Jo 8, 12; 1, 9)».
Assistidos pelo Paráclito que o Senhor nos prometeu e o Pai nos enviou em nome de Jesus para conduzir a Igreja, continuemos a nossa missão na construção deste novo céu e nova terra.
Crer no Ressuscitado, e com a força do Espírito Santo, do Advogado, do Defensor, continuarmos a missão que Ele nos confiou, para que o Projeto de Deus se realize em nosso meio.
Que o transbordamento da Alegria Pascal que estamos celebrando, nos faça alegres testemunhas do Ressuscitado, sem jamais perder a esperança, para testemunharmos a fé numa caridade ativa.
PS: Celebração Litúrgica – Revista de Liturgia e Pastoral - ano C - 2013 – Pág. 666 - Edições Licel – Braga.
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