Um pouco mais sobre Cristo, o Bom Pastor!
“Minhas ovelhas escutam a minha voz,
Eu as conheço e elas me seguem”
Sejamos enriquecidos à luz da reflexão escrita pelo Papa São Gregório Magno (séc. VI) sobre Jesus Cristo, o Bom Pastor.
“Eu sou o Bom Pastor. Conheço minhas ovelhas, isto é, Eu as amo, e minhas ovelhas me conhecem (Jo 10,14).
É como se quisesse dizer francamente: Elas correspondem ao Amor d'Aquele que as ama. Quem não ama a verdade, é porque ainda não conhece perfeitamente.
Depois de terdes ouvido, irmãos caríssimos, qual é o perigo que corremos, considerai também, por estas palavras do Senhor, o perigo que vós também correis.
Vede se sois Suas ovelhas, vede se O conheceis, vede se conheceis a luz da verdade. Se O conheceis, quero dizer, não só pelo que credes, mas também pelas obras.
O mesmo evangelista João de quem são estas palavras, afirma ainda: ‘Quem diz: Eu conheço Deus, mas não guarda Seus Mandamentos é mentiroso’ (1Jo 2,4).
Por isso, nesta passagem do Evangelho, o Senhor acrescenta imediatamente:
‘Assim como o Pai me conhece, eu também conheço o Pai e dou minha vida por minhas ovelhas’ (Jo 10,15).
Como se dissesse explicitamente: a prova de que Eu conheço o Pai e sou por Ele conhecido, é que dou minha vida por minhas ovelhas; por outras palavras, este amor que me leva a morrer por minhas ovelhas, mostra o quanto Eu amo o Pai.
Continuando a falar de Suas ovelhas, diz ainda: Minhas ovelhas escutam a minha voz, Eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna (Jo 10,27-28).
É a respeito delas que fala um pouco acima: Quem entrar por mim será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem (Jo 10,9).
Entrará, efetivamente, abrindo-se à fé, sairá passando da fé à visão e à contemplação, e encontrará pastagem no banquete eterno.
Suas ovelhas encontram pastagem, pois todo aquele que O segue na simplicidade de coração é nutrido por pastagens sempre verdes.
Quais são afinal as pastagens dessas ovelhas, senão as profundas alegrias de um paraíso sempre verdejante?
Sim, o Alimento dos eleitos é o rosto de Deus sempre presente. Ao contemplá-Lo sem cessar, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida,
Procuremos, portanto, irmãos caríssimos, alcançar estas pastagens, onde nos alegraremos na companhia dos cidadãos do céu. Que a própria alegria dos bem-aventurados nos estimule.
Corações ao alto, meus irmãos! Que a nossa fé se afervore nas verdades em que acreditamos; inflame-se o nosso desejo pelas coisas do céu. Amar assim já é pôr-se a caminho.
Nenhuma contrariedade nos afaste da alegria desta solenidade interior. Se alguém, com efeito, pretende chegar a um determinado lugar, não há obstáculo algum no caminho que o faça desistir de chegar aonde deseja.
Nenhuma prosperidade sedutora nos iluda. Insensato seria o viajante que, contemplando a beleza da paisagem, se esquece de continuar sua viagem até o fim”.
Quantos pensamentos afloram ao ouvirmos "Bom Pastor"!
Inflamemos o nosso desejo pelas coisas do céu.
Renovemos a alegria de pertencermos ao rebanho do Senhor.
Coloquemo-nos diante da ternura, da acolhida, do amor, da voz do Bom Pastor, que nos interpela a novas atitudes, novos compromissos, imitando-O nos mais diversos pastoreios que Deus nos confia, tanto dentro como fora da Igreja:
Na fidelidade ao Cristo Bom Pastor,
Sejamos conduzidos às verdes pastagens:
Da vida em abundância, da paz, do amor, da alegria,
Na fidelidade no carregar da Cruz a cada dia!
Seja inflamado nosso desejo pelas coisas do céu,
Procurando torná-las visíveis, possíveis aqui na terra...
Tão somente assim, o paraíso não será saudade de algo perdido,
Mas, de fato, um projeto, uma meta, um sonho a ser construído!
PS: Liturgia das Horas - pág. 679-680 - Vol. II.
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