sábado, 14 de setembro de 2024

A cruz e o caminho da santidade


A cruz e o caminho da santidade

Celebramos dia 14 de setembro a Festa da Exaltação da Santa  Cruz,  que tem origem desde os primeiros séculos da Igreja, deixemos ressoar em nossos corações parte da bela reflexão sobre a Cruz feita por Santo André de Creta, bispo do século VIII:

“Se não houvesse a cruz, Cristo não seria crucificado. Se não houvesse a cruz, a vida não seria pregada ao lenho com cravos. Se a vida não tivesse sido cravada, não brotariam do lado as fontes da imortalidade, o sangue e a água, que lavam o mundo. Não teria sido rasgado o documento do pecado, não teríamos sido declarados livres, não teríamos provado da árvore da vida, não teria aberto o paraíso.

Se não houvesse a cruz, a morte não teria sido vencida e não teria sido derrotado inferno... Preciosa também é a cruz porque ela é paixão e vitória de Deus:

Paixão, pela morte voluntária nesta mesma paixão. E vitória porque o diabo é ferido e com ele a morte é vencida. Assim, arrebentadas as prisões dos infernos, a cruz também se tornou a comum salvação de todo o mundo”.

Como criaturas amadas de Deus, vocacionados à santidade, a mais bela pretensão da humanidade, reflitamos  sobre o Mistério da Cruz.

Somos, pelo Batismo, anunciadores e testemunhas, com a palavra e a vida, que este é o melhor caminho a ser trilhado. Que a suntuosidade, sucesso, glória cedam lugar ao despojamento, fragilidade e serviço incansável.

Infelizmente a palavra santidade traz consigo falsos conceitos. Um dos sentidos mais profundos da palavra santidade é a absoluta correspondência à vontade de Deus, numa fidelidade a Sua Palavra, que ilumina e aponta caminhos novos para quem nela crê, e muitas vezes acompanhada da cruz, não como sinal de derrota, mas com gosto de vitória, afinal é este o caminho das bem aventuranças que Ele nos apresentou no alto da montanha e que deve ser vivido na planície de nosso quotidiano.

Santidade como caminho da cruz é a necessária configuração a Cristo Jesus, completando em nossa carne o que falta a Sua Paixão por amor a Igreja. Ter os Seus mesmos sentimentos, testemunhado em nossas pequenas e grandes atitudes (Cl.1,24, Fl. 2,1-11).  

Na Cruz, Jesus experimenta a realidade última da condição humana, a miséria da condição humana, o que aparentemente é fraqueza, revela a onipotência do amor de Deus: Loucura para os gregos e escândalo para os judeus.

Na Cruz, contemplamos o mistério da presença do Deus Pai, o amante, Deus Filho, o amado e Deus Espírito, o Amor que Os une.

Contemplar a Cruz não é afundar na dor pela dor, mas reconhecer e contemplar o Mistério da Trindade, que por amor, Salva o mundo do desamor.

Somos sempre convidados a subir  “ao alto da montanha”, para participar do Mistério Eucaristia e dos demais sacramentos, anunciando a comunidade a Palavra que Se fez Carne, possibilitando a mesma momentos de profunda intimidade com Aquele que nos chamou.

Mas não é possível ficar o tempo todo na montanha, ainda que seja tentador. É preciso descer a montanha e testemunhar a fé na planície, sobretudo nos novos areópagos (espaços), como nos desafiou mais uma vez a Conferência de Aparecida (2007):

"O mundo das comunicações, a construção da paz, o desenvolvimento e a libertação dos povos, sobretudo das minorias, a promoção da mulher e das crianças, a ecologia e a proteção da natureza, cultura, experimentação científica, a santificação da família e a criação de novas relações em que se superem toda e  qualquer forma de exclusão e desigualdade social... na fidelidade ao Cristo Crucificado, compromisso inadiável com os Crucificados da História!"

O caminho da santidade jamais será uma alienação do mundo e do tempo presente; pelo contrário, é o contato mais intimo e perfeito com o Absoluto revelado na comunhão Trinitária, para que no mundo possa irradiar a luz que ilumina espaços obscuros, sendo sal que dá o gosto de vida, amor e paz.

Trilhar este caminho é carregar a cruz, para que no mundo sejamos, de fato,
sal e luz! O mundo precisa de santos (as). Eis a proposta de Deus.

A Cruz, sinal de vitória da vida sobre a morte, do amor extremado que superou toda lógica do ódio.

Na fidelidade a Jesus, partícipes do Mistério de Sua Paixão e Morte:

A exemplo do Profeta Jeremias, todos nós tenhamos o coração seduzido pelo amor de Deus – O Amor fale mais alto em nós.

A exemplo dos Salmistas, todos nós tenhamos a absoluta confiança em Deus – No Senhor confio e nada temo.

A exemplo do Evangelista João, todos nós sejamos conduzidos pela Verdade maior que nos liberta e nos confere o pleno sentido da vida.

A exemplo do Papa Francisco, todos nós tenhamos compromisso com o inadiável rejuvenescimento da Igreja, com ardor, ousadia e teimosia.

Oremos:

Nós Vos adoramos Senhor Jesus e Vos bendizemos,
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo!                  

Nós Vos adoramos Senhor Jesus e Vos bendizemos,
Por termos o coração por Vós seduzido, confiante, rejuvenescido e liberto pela Verdade do Evangelho.

Nós Vos adoramos Senhor Jesus e Vos bendizemos,
Porque o amor infinito de Deus pode muito mais do que possamos sonhar...

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