A inveja nos fragiliza
Na quinta-feira da segunda semana do
Tempo Comum, ouvimos a passagem do Primeiro Livro de Samuel (1 Sm 18,6-9;19-17,
em que Saul procura matar Davi, depois deste ter vencido Golias, como ouvimos
na passagem do mesmo Livro (1 Sm17,32-33.37.40-51).
Assim lemos no Comentário do Missal
Cotidiano:
“O ciúme por alguém (Davi) que ele (Salomão)
considerava melhor e mais aceito por Deus e pelo povo bloqueou-o nos seus
sentimentos mais profundos de admiração e afeto.
História de ontem e de hoje. História que
se repete desde que Cristo foi entregue por inveja. Uma paixão que é obra do
maligno: discórdia entre aqueles que trabalham pelo Reino de Deus” (1)
Voltemo-nos
para a passagem do Livro da Sabedoria, que nos fala sobre a inveja:
“A inveja
pode levar às piores ações. ‘É pela inveja do demônio que a morte entrou no
mundo’ (Sb 2, 24).
Também
o Apóstolo Tiago em sua Epístola (Tg 3,16-4,3) nos apresenta alguns problemas
que maculam a comunidade: inveja, rivalidade, desordem de toda espécie de más
ações, a desordem das paixões dentro de cada pessoa, e por fim a cobiça.
Aprofundemos
sobre a inveja, à luz do que nos diz o Catecismo da Igreja
Católica:
“A
inveja pode levar às piores ações (Gn 4,3-8). É pela inveja do demônio que a
morte entrou no mundo:
‘Nós
nos combatemos mutuamente, e é a inveja que nos arma uns contra os outros... Se
todos procuram por todos os meios abalar o Corpo de Cristo, onde
acabaremos? Nós estamos enfraquecendo o Corpo de Cristo... Declaramo-nos
membros de um mesmo organismo e nos devoramos como feras’ (São João
Crisóstomo).
A
inveja é um vício capital. Designa a tristeza sentida diante do bem do outro e
do desejo imoderado de sua apropriação, mesmo indevida. Quando deseja um
grave mal ao próximo, é um pecado mortal:
Santo
Agostinho via na inveja ‘o pecado diabólico por excelência’.
‘Da
inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria causada pela
desgraça do próximo e o desprazer causado por sua prosperidade’ (São Gregório
Magno).
A
inveja representa uma das formas da tristeza e, portanto, uma recusa da
caridade; o batizado lutará contra ela, mediante a benevolência. A inveja
provém muitas vezes do orgulho; o batizado se exercitará no caminho da
humildade:
‘Quereríeis
ver Deus glorificado por vós? Pois bem, alegrai-vos com os progressos do vosso
irmão e imediatamente Deus será glorificado por vós. Deus será louvado, dirão,
porque seu servo soube vencer a inveja, colocando a sua alegria nos méritos dos
outros’(São João Crisóstomo”. (2)
Sim,
verdadeiramente, a inveja é um dos sete pecados capitais que muito destrói a
comunidade, a família ou qualquer outro espaço de convivência e relacionamento.
Urge
nos colocarmos em atitude de conversão, banindo quaisquer sentimentos de inveja
que possam tomar conta de nossa mente e coração, criando suas perigosas raízes.
Para
vencermos este pecado, peçamos a Deus o dom da fortaleza, a fim de gastarmos
nossas forças no desenvolvimento das capacidades que nos foram dadas pela graça
divina.
Não
devemos invejar ninguém, pois cada pessoa tem seus dons, qualidades,
capacidades.
Importa
que cada um desenvolva as aptidões que possui, e as coloque generosamente a
serviço do outro, em todos os âmbitos, mas sobretudo nos espaços de nossas
famílias e comunidades.
Sentimento de inveja nutrido, traz enfraquecimento e empobrecimento. De outro lado, sentimento da inveja vencido,
continuamente, nos faz mais fortes e agradecidos a Deus pelos bens e graças que
Ele nos oferece, e desenvolvemos nossos dons e capacidades, colocando-nos com
alegria a serviço do bem do outro.
(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – pág. 663
(2) Catecismo da Igreja Católica – parágrafos - 2538-2540
Apropriado para o 25º Domingo do Tempo Comum - ano B
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