quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Ruínas, lembranças, lágrimas...

                                                          

Ruínas, lembranças, lágrimas...

Rever lugares em que se viveu mexe com as emoções,
Porque evocam lembranças de fatos, momentos e pessoas.

Revi o lugar onde nasci, e que algumas vezes retornei ainda criança.
Que saudade de memoráveis momentos, suave lembrança.

Três casas em ruínas...  Um sentimento quase indescritível.
As paredes não resistiram ao tempo, como tantas coisas que passam.

Nem mais avós, tios, primos... Ninguém mais!
Nem vozes, nem cantos, tampouco encantos, somente silêncio/vazio.

Ruínas, lembranças, lágrimas...

Nem animais no pasto, nem galos e galinhas nos terreiros,
Nem o som da roda do carro de boi, nem o tanger dos animais.

Nem água da cacimba, nem o delicioso som de sua queda em bica,
Nem frutos que se apanham no pé, saboreados deliciosamente.

Nem o produzir do melaço da cana e da inesquecível rapadura,
Nem paiol, nem moinho, nem o fogo crepitando no fogão a lenha.

Nem a alegria de alguns dias para ali se passar,
Nem a alegria das brincadeiras próprias de criança.

Ruínas, lembranças, lágrimas...

Silenciosamente chorei, por muito tempo fiquei refletindo,
E incontidas lágrimas vertidas, pelo seio da face correndo.

Lembrança torturante de muitos que já partiram,
Amenizada com a fé de que a morte não tem a última palavra.

A vida tem seu curso, para onde muitas vezes não sabemos,
Por isto é preciso valorizar cada instante como dádiva divina.

Instantes que não voltam, que deixam marcas na alma,
Como cicatrizes irremovíveis, ora agradáveis, ora nem tanto.

Ruínas, lembranças, lágrimas...

O triste cenário das ruínas das casas,
Lembranças sedimentadas, agora ressuscitadas.

As lágrimas da dor da saudade, fortemente sentida,
Expressam a inevitável transitoriedade de nossa vida.

Cada um tem suas ruínas, lembranças e lágrimas para verter...
Que cada um veja suas ruínas, viva suas lembranças, chore se preciso...

Mas há algo que jamais se tornará ruína, falou-nos o Senhor:
A vida que sobre a rocha de Sua Palavra se edifica.

Ruínas, lembranças, lágrimas...

Há as ruínas inevitáveis.
Há as ruínas indesejáveis.

Há as ruínas evitáveis:
De um lar, de uma família...

Há lembranças cortantes.
Há lembranças puro deleite.

Se lágrimas caírem silenciosamente
Que sejam de doce lembrança... 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG