domingo, 14 de abril de 2024

Não fosse o Senhor Ressuscitado... (IIIDTPB)


Não fosse o Senhor Ressuscitado...

O Bispo São João Crisóstomo (Séc. IV), em memorável Homilia sobre a Primeira Carta aos Coríntios, nos fala sobre a mais bela e revolucionária Notícia: a Ressurreição do Senhor e Sua aparição aos discípulos.

Por meio de homens ignorantes a Cruz persuadiu, e mais, persuadiu a terra inteira.

Não falava de coisas sem importância, mas de Deus, da verdadeira religião, do modo de viver o Evangelho e do futuro juízo.

De incultos e ignorantes fez amigos da sabedoria. Vê como a loucura de Deus é mais sábia que os homens e a fraqueza, mais forte.

De que modo mais forte?
Cobriu toda a terra, cativou a todos por seu poder. Sucedeu exatamente o contrário do que pretendiam aqueles que tentavam apagar o nome do Crucificado.

Este nome floresceu e cresceu enormemente. Mas seus inimigos pereceram em ruína total. Sendo vivos, lutando contra o morto, nada conseguiram.

Por isso, quando o grego me chama de morto, mostra-se totalmente insensato, pois eu, que a seus olhos passo por ignorante, me revelo mais sábio que os sábios.

Ele, tratando-me de fraco, dá provas de ser o mais fraco. Tudo o que, pela graça de Deus, souberam realizar aqueles publicanos e pescadores, os filósofos, os reis, numa palavra, todo o mundo perscrutando inúmeras coisas, nem mesmo puderam imaginar.

Pensando nisto, Paulo dizia:

O que é fraqueza de Deus é mais forte que todos os homens (1Cor 1,25).

Com isso se prova a pregação divina. Quando é que se pensou: doze homens, sem instrução, morando em lagos, rios e desertos, que se lançam a tão grande empresa?

Quando se pensou que pessoas que talvez nunca houvessem pisado em uma cidade e, em sua praça pública, atacassem o mundo inteiro?

Quem sobre eles escreveu, mostrou claramente que eles eram medrosos e pusilânimes, sem querer negar ou esconder os defeitos deles.

Ora, este é o maior argumento em favor de sua veracidade. Que diz então a respeito deles? Que, preso o Cristo depois de tantos milagres feitos, uns fugiram, o principal deles O negou.

Donde lhes veio que, durante a vida de Cristo, não resistiram à fúria dos judeus, mas, uma vez Ele morto e sepultado – visto que, como dizeis, Cristo não ressuscitou, nem lhes falou, nem os encorajou – entraram em luta contra o mundo inteiro?

Não teriam dito, ao contrário: ‘Que é isto? não pôde salvar-se, vai proteger-nos agora?

Ainda vivo, não socorreu a Si mesmo, e morto, nos estenderá a mão?
Vivo, não sujeitou povo algum, e nós iremos convencer o mundo inteiro, só com dizer Seu nome?

Como não será insensato não só fazer, mas até pensar tal coisa?’

Por este motivo é evidente que, se não O tivessem visto ressuscitado e recebido assim a grande prova de Seu poder, jamais se teriam lançado em tamanha aventura”.

A inspiração que o motiva: “O que é fraqueza de Deus é mais forte que todos os homens” (1Cor 1,25).

É belíssimo contemplar como ele parte da constatação do aparente fracasso da missão de Jesus.

Da real fraqueza e limitações de Seus discípulos em todos os sentidos e como nos apresenta a novidade da Ressurreição em suas vidas, o que ela trouxe de novo e o que ela impulsionou em suas vidas.

Nossa alma se une a Deus em
estreito abraço e indestrutível laço.
Aleluia! Aleluia!

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG