Cremos e caminhamos com o Senhor Ressuscitado
Na quarta-feira de cinzas, iniciamos o itinerário quaresmal, em que fomos convidados à prática dos exercícios quaresmais (oração, jejum e esmola), a fim de vivermos o Tempo Quaresmal, como tempo de graça e reconciliação com Deus e com os irmãos.
No dia de jejum, no Brasil, iniciamos a Campanha da Fraternidade, a cada ano, com o Tema: "Fraternidade e Fome"; Lema: "Dai-lhes vós mesmos de comer" (Mt 14,16).
No primeiro Domingo da Quaresma (ano A), fomos com Jesus ao deserto, e com Ele aprender e revigorar nossas forças para vencermos as tentações fundamentais da existência humana (ter, ser e poder – acúmulo, privilégios e dominação, respectivamente): aprendemos que nem só de pão vive o homem, mas de toda Palavra que sai da boca de Deus; que somente Deus pode ser adorado.
No Domingo seguinte, subimos com Jesus ao Monte Tabor, e com Pedro, João e Tiago, vimos a manifestação antecipada de Sua glória, diante das testemunhas credíveis (Moisés e Elias), pois Jesus é o pleno cumprimento da Lei e dos Profetas, nestes dois mencionados. Deu esta graça da contemplação de Sua glória, para afastar o escândalo do iminente e aparente fracasso da cruz. Não há Glória sem o mistério da Paixão, morte e Cruz.
Dando mais um passo, aprendemos com a samaritana, naquele diálogo com Jesus à beira do poço de Jacó, que somente Ele, Jesus, tem a água que mata nossa sede, a sede de toda humanidade: sede de amor, alegria, dignidade, vida e paz. E, saciados pelo Senhor, nos tornamos missionários, anunciadores e testemunhas d’Ele, conduzindo muitos outros ao mesmo encontro e graça.
No quarto Domingo, Jesus cura o cego de nascença se revelando como a luz da humanidade. Somente Ele pode curar “nossas cegueiras”, nos introduzir na luminosidade divina. Somente pode nos comunicar o Seu Espírito, colírio para a nossa fé. Bem expressou o Bispo Santo Agostinho: “Os nossos olhos, irmãos, são agora iluminados pelo colírio da fé”.
No quinto Domingo da Quaresma, Jesus ressuscita seu amigo Lázaro, revelando-se como aquele que tem poder sobre a morte: “Eu sou a Ressurreição e a vida. Quem crer em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11,25). Somente Jesus pode nos desatar nossas ataduras, nos fazer verdadeiramente livres, nos tirando dos “sepulcros” de tantos nomes, e nos conduzir devolver a vida e a liberdade.
Iniciando a Semana Santa, no Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, acolhemos Jesus em Jerusalém, com cantos, alegria, exultação. Acolhemos o Filho de Davi que veio inaugurar um novo Reino, mas de forma diferente: um rei pobre, despojado de tudo. Com ramos e cantos O acolhemos depositando n’Ele toda a nossa confiança, nossa entrega e fidelidade.
Com a Quinta-feira Santa, pela manhã, celebra-se, de modo especial neste dia, a Missa dos Santos Óleos (batismo, enfermo, crisma), com a renovação das promessas do Ministério Presbiteral diante do Bispo (em alguns lugares pode ser feita em outro dia, atendendo as necessidades e realidades de cada Diocese).
Neste mesmo dia, à noite, com iniciamos com a Santa Missa, o Tríduo Pascal. Celebramos na Missa a instituição da Eucaristia, o Novo Mandamento do Amor que o Senhor nos deu e o rito do lava-pés, aquele gesto que o Senhor fez naquela última ceia, como sinal de humildade, doação e serviço, que todos somos chamados a viver no dia-a-dia.
Na Sexta-Feira Santa, celebramos, às quinze horas, Sua Paixão e Morte: ouvindo a Palavra proclamada, adorando a Cruz e nos alimentando com a Eucaristia, consagrada na Missa da noite anterior, pois neste dia não celebramos a Missa.
É profundo recolhimento acompanhado de oração, jejum e penitência. Também temos encenações, Sermões, teatros que representam a Paixão do Senhor.
No dia seguinte, o Sábado Santo, em que não celebramos nenhum Sacramento, pois estamos esperando o anoitecer para celebrar a Vigília Pascal, a mãe de todas as vígilias, a antiquíssima vigília, como bem nos falou Santo Agostinho.
Nesta Vigília temos a Bênção do fogo novo, o acender do Círio Pascal, sinal do Cristo Ressuscitado, a “Luz do Mundo”; a proclamação da Páscoa seguida da riqueza da proclamação da Palavra de Deus (7 leituras, Salmos respectivos, uma epístola e o Evangelho); a renovação batismal e a Liturgia Eucarística.
Quem desta Vigília participa, sente a escuridão ser invadida pela luz, a tristeza da morte do Senhor sendo superada com a alegria de Sua Ressurreição, alegria que transborda no coração e transparece no olhar de todos.
Ao amanhecer, temos o Domingo de Páscoa, e no Evangelho da amanhã, vemos Maria Madalena indo ao túmulo e não encontrando o corpo de Jesus, mas a pedra retirada do túmulo. Sai correndo ao encontro dos discípulos e comunica o que viu. Em seguida Pedro e o discípulo que Jesus amava vão também ao túmulo e confirmam que Jesus está vivo – “De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual Ele devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20,9).
Com a riqueza da Palavra deste dia, podemos sintetizar em sete verbos a serem conjugados e vividos: amar, correr, ver, acreditar, anunciar, testemunhar e buscar. Quem ama corre ao encontro do Senhor; vê os sinais de Sua presença e Ressurreição, acredita piamente; e como discípulo missionário, anuncia e testemunha Sua Palavra, a Boa-Nova do Reino, buscando as coisas do alto, onde Deus habita, os valores sagrados do Reino, que devem orientar e iluminar nossa vida, para que tenhamos, agora, vida plena e feliz, e, um dia, a glória da eternidade.
Na Missa do entardecer deste mesmo dia, pode ser proclamado a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 24,13-35), sobre a caminhada de Jesus com os discípulos de Emaús: Jesus caminha com os discípulos que retornavam derrotados para Emaús, explica-lhes as Escrituras, fazendo arder seus corações. Atendendo ao pedido de ambos, pois já entardecia, fica com eles, parte o Pão com eles, e enfim é reconhecido como a presença Viva do Ressuscitado: corações que ardem, olhos que se abrem! Assim se dá em cada Eucaristia que celebramos.
No segundo Domingo da Páscoa temos o “Domingo da Misericórdia”, em que Jesus se manifesta Ressuscitado, entrando pelas portas fechadas, por medo dos judeus; coloca-se no centro da comunidade reunida e lhes comunica a paz; confia continuidade da missão a esta, e também temos a profissão de fé que Tomé faz ao ver e tocar as chagas gloriosas do Ressuscitado.
Estamos apenas no início. Continuemos nosso itinerário Pascal, contemplando as maravilhas que o Senhor fez e faz em nosso favor.
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