sexta-feira, 1 de março de 2024

Conversão e fidelidade ao Senhor

Conversão e fidelidade ao Senhor

À luz da passagem do Profeta Isaías (Is 55,1-11), proclamada na terça-feira da primeira semana do Tempo da Quaresma, refletimos sobre os pensamentos de Deus, que não são como os pensamentos dos homens.

O Senhor nos fala pelo Profeta: "Meus pensamentos não são os vossos pensamentos; vossos caminhos não são os meus caminhos".

Trata-se de um pequeno trecho do “Livro da Consolação”, que retrata a fase final do exílio (anos 550-540 a.C.).

De fato, a lógica de Deus é diferente da lógica dos homens; às vezes, oposta e inconciliável com ela, embora sempre superior, pois se trata da lógica da gratuidade e do amor, doação, partilha e serviço, graça sobre todos derramada.

Reencontrar com o Senhor implicará, portanto, na necessária abertura, conversão, desejo sincero de mudança e fidelidade. 

Conversão é sempre o eterno recomeço e, para tanto, é preciso coragem e confiança. Conversão é, por natureza, um processo inacabado, que exige a escuta da Palavra de Deus, acompanhada da reflexão, da oração e da captação da vontade divina, para viver na mais bela, perfeita e desejada sintonia com Ele, na certeza da felicidade.

Deste modo, voltando terão que retomar o Projeto de Deus, em atitude de conversão e fidelidade ao Senhor e aos Seus Mandamentos.  

O Povo de Deus encontra-se farto de belas palavras e promessas de libertação, que tardam em se realizar, e com isto a impaciência, a dúvida e o ceticismo enfraquecem a resistência dos exilados.

O Profeta, para evidenciar a eficácia da Palavra de Deus, utiliza o exemplo da chuva e da neve que, vindas do céu, tornam fecunda a terra, multiplicando a vida nos campos.

Uma imagem muito sugestiva, considerando que os judeus exilados na Babilônia devem se lembrar da chuva que cai no norte de Israel e da neve no monte Hermon. A água alimenta o rio Jordão, correndo por todo Israel, e por onde passa gera vida e fecundidade.

A mensagem central é que a Palavra de Deus não falha, pois indica sempre caminhos de vida plena, verdadeira, expressa na liberdade e paz sem fim, não necessariamente segundo a lógica do tempo dos homens, dos seus desejos, projetos, interesses e critérios.

É necessário que se aprenda e respeite o ritmo e o tempo de Deus. E também, a eficácia da Palavra divina não dispensa compromissos e indica os caminhos que devem ser percorridos, renovando o ânimo para a intervenção no mundo. A Palavra divina não adormece a ação humana, mas impele para a transformação e renovação do mundo.

Como Povo de Deus, jamais poderá ter a pretensão de reduzir Deus aos próprios esquemas, ao contrário. É preciso organizar a vida  segundo os critérios e desígnios divinos, se necessário prescindir das certezas possuídas, preconceitos e autossuficiências.

É preciso confiar plenamente na bondade de Deus, trilhar Seu Caminho que conduz a uma história de Salvação e Vida.

Esta passagem muito nos ajuda na compreensão da cultura pós-moderna que comete um erro com consequências funestas: o prescindir de Deus.

Anuncia-se a morte de Deus, e que Seus valores não permitem ao homem potencializar suas capacidades e ser verdadeiramente feliz.

Urge que nos coloquemos nesta atitude de abertura e conversão aos desígnios divinos, para que reencontremos sempre o caminho da autêntica realização, da vida plena e da felicidade.

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