Discípulos missionários do Senhor: amados para amar
“Pois o Amor que d’Ele vem e
experimentamos é impossível de ser contido.”
Na quarta-feira da 2ª semana do Tempo Pascal, ouvimos a passagem do Evangelho de João (Jo 3,16-21).
Reflitamos sobre a Encarnação e Missão do Verbo, Nosso Senhor, que é também a nossa missão, de uma comunidade que escuta, acolhe, acredita, anuncia, testemunha a Sua Palavra.
Assim lemos na passagem da Epístola aos Hebreus:
“Muitas vezes e de muitos modos falou Deus outrora aos nossos pais, pelos Profetas; nestes dias, que são os últimos, Ele nos falou por meio do Filho, a quem Ele constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual Ele também criou o universo.
Este é o esplendor da glória do Pai, a expressão do Seu ser. Ele sustenta o universo com o poder de Sua Palavra. Tendo feito a purificação dos pecados, Ele sentou-Se à direita da Majestade Divina, nas alturas. Ele foi colocado tanto acima dos Anjos quanto o nome que Ele herdou supera o nome deles.” (Hb 1,1-4)
Como vemos e cremos, Deus Se revelou e Se comunicou com a humanidade num momento histórico por meio de Jesus de Nazaré, a Palavra de Deus viva e encarnada.
Esta citação nos ajuda a dar um passo neste itinerário Pascal que estamos trilhando:
“Jesus é a Palavra de Deus no meio de nós, porque a Palavra não é uma coisa, mas uma pessoa: ‘A Palavra fez-Se Carne e habitou entre nós’ (Jo 1,14).
Jesus é o Messias enviado por Deus e consagrado pelo Espírito para falar em nome do Senhor, trazendo a Sua misericórdia, a liberdade e o auxílio aos cativos, aos pobres, aos oprimidos (Lc 4,14-21).
A condição hoje necessária a cada cristão é o acolhimento de Jesus e da Sua Palavra” (1)
Iluminadoras as citações do Missal Cotidiano que nos ajudam à compreensão desta inserção do Verbo em nossa história e a missão que nos foi por Ele confiada:
- “A Bíblia é a literatura de um povo; nela estão reunidas as vicissitudes, os sofrimentos, as angústias, as alegrias e as esperanças da história de um povo; as reflexões dos sábios, os líricos, os hinos dos poetas, as canções populares até a vida das primitivas comunidades cristãs... A história passada é lida como Palavra de Deus para que, à sua luz, possamos ler a nossa história, a nossa vida, e descobrir e encontrar Deus nas vicissitudes do nosso cotidiano”
- “... A Igreja não proclama uma abstrata ideologia humana, mas a Palavra que Se fez Carne em Cristo, Filho de Deus, Senhor e Redentor de todos os homens”.
- “Antigo e Novo Testamento se tornam atuais, próximos, se não ficarmos presos à letra morta. Mais cedo ou mais tarde descobriremos que podemos dizer a cada página – ‘Aqui se fala de nós. Eu sou Adão.
Nós somos os apóstolos no mar. Encontramo-nos precisamente como Jesus no caminho do Calvário e da Ressurreição. Assim, através da Palavra de Deus, vamos lentamente descobrindo como é nossa vida aos olhos d’Ele, isto é, na dimensão profunda...’
A Palavra que vem de Deus possui a força e a eficácia de Deus. Interpela, provoca, consola, cria comunhão e salva, das mais diversas maneiras, conforme os momentos e as formas; todo ato de pregação é glorificação de Deus e acontecimento sociológico para os homens. Hoje também a Palavra quer tornar-se carne para nossa vida”.
A força e a eficácia da Palavra em nossa vida são inegáveis:
“A Palavra de Deus deve ser conhecida, redescoberta, vivida. A Palavra de Deus fundamenta a fé dos crentes e constrói a Igreja: ‘A Palavra de Deus é viva, eficaz’ (Hb 4,12); ‘toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar... para que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda a boa obra’ (2Tm 3,16-17). Pedro diz claramente que: ’nascemos de novo, não de uma semente mortal, mas imortal, por meio da Palavra de Deus, que é viva e permanece’” (1Pd 1,23)”.
Concluímos com as palavras de São João Crisóstomo, em sua Homilia sobre o Evangelho de São João:
“As Escrituras não nos foram dadas para que as conservássemos só escritas nos livros, mas para que as gravássemos no coração [...] impressas na alma para que esta fosse purificada”.
Expressemos nosso amor ao Senhor, que ainda não amamos nunca o bastante, e que desejamos amá-Lo com todo nosso ser, nossa alma, nossa força e nosso entendimento, pois Ele é Aquele que um dia Se fez igual a nós, exceto no pecado, para caminhar conosco.
Reclinaremos em Seu Sagrado Coração, como fez o discípulo amado, e nada mais diremos, pois diante do amor, as palavras se tornam desnecessárias.
Diante da Palavra, nossas palavras nada são, pois não expressam quão grande é o amor do Senhor por nós.
Refeitos pelo Amor e carinho do Senhor, revigorados pelo Pão da Palavra e da Eucaristia, vamos ao encontro de nosso próximo, pois o Amor que d’Ele vem e experimentamos é impossível de ser contido.
(1) Lecionário Comentado - Tempo Comum – p.121.
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