Ó santos mártires da Igreja! Que fé! Que testemunho!
Testemunhas de fé inexpugnáveis!
O Bispo São Cipriano escreveu uma bela e densa Carta, que retrata a coragem com que os primeiros cristãos testemunharam, com a vida e a morte, a fé e adesão ao Senhor.
“Com que louvores proclamarei, irmãos fortíssimos, o vigor de vosso peito, a perseverança da fé, e com que elogio os exaltarei? Tolerastes duríssima tortura até a consumação na glória. Não cedestes aos suplícios, foram antes os suplícios que cederam diante de vós.
As coroas deram fim às dores que os tormentos não davam. Os maiores dilaceramentos duraram muito tempo, não para lançar abaixo a fé, mas para enviar mais depressa ao Senhor os homens de Deus.
A multidão presente viu, admirada, o celeste combate de Deus e a luta espiritual de Cristo. Viu Seus servos que perseveraram, com a palavra livre, com a mente incorrupta, com a força divina; despidos diante das flechas terrenas, mas armados com as armas da fé.
Os torturados mantinham-se mais fortes do que os torturadores; os membros açoitados e dilacerados venceram os ferrões dos açoitadores e dilaceradores.
Os golpes furiosos, longamente repetidos, não conseguiram superar a fé inexpugnável. Embora suas vísceras estivessem arrebentadas, já não eram os membros destes servos de Deus que eram torturados, mas as chagas.
Corria sangue que iria extinguir o incêndio da perseguição; o glorioso sangue derramado que apagaria a chama e o fogo da geena.
Oh! Que espetáculo foi este para o Senhor, que sublime, quão grande, de quanto apreço aos olhos de Deus, pelo juramento e consagração de Seu soldado!
Tal como está escrito nos Salmos, que nos falam e exortam pelo Espírito Santo: Preciosa aos olhos de Deus a morte de Seus justos (Salmo 115,15).
Preciosa a morte que compra a imortalidade ao preço de seu sangue, que recebe a coroa de Deus pela perfeição da virtude.
Quão alegre ali estava Cristo, com que satisfação lutou e venceu em tais servos Seus, Ele, o protetor da fé, que dá aos crentes tanto quanto quem recebe crê poder comportar.
Esteve presente em seu combate, levantou, fortaleceu, animou os lutadores e as testemunhas de Seu nome. Aquele que uma vez venceu a morte em nosso lugar, sempre vence em nós.
Ó feliz Igreja nossa, iluminada pela honra da divina condescendência, que em nossos tempos o glorioso sangue dos mártires ilustra.
Antes, alva pelas boas obras dos irmãos, fez-se agora purpúrea pelo sangue dos mártires. Entre suas flores não faltam nem os lírios nem as rosas.
Lute cada um agora pela magnífica dignidade de ambas as honras. Ganhem coroas alvas, pelas boas obras ou vermelhas pelo martírio”
O Bispo Santo Agostinho, um pouco mais tarde, diria que os mártires nos anteciparam no jardim do Senhor:
“Tem, irmãos, tem o jardim do Senhor não apenas rosas dos mártires, tem também lírios das virgens, heras dos casados, violetas das viúvas.
Absolutamente ninguém, irmãos, seja quem for, desespere de sua vocação; por todos morreu Cristo...
Compreendamos, portanto, como pode o cristão seguir Cristo além do derramamento de sangue, além do perigo de morte...”
Refletindo sobre os testemunhos mencionados, bem como seu próprio testemunho (também mártir da Igreja), vemos como ainda temos muito a amadurecer na fé, para que tenhamos o mesmo amor, fidelidade, coragem dos que nos antecederam no testemunho na fé.
Somos provocados a aprofundar nosso amor meu amor pela Igreja, fecundada pelo sangue dos incontáveis mártires que tiveram fé inexpugnável. São verdadeiramente testemunhos de fé invencíveis, que nos questionam e nos fortalecem no bom combate da fé.
Urge que também tenhamos uma fé inexpugnável, invencível a todo e qualquer obstáculo, dificuldade, provação, inquietação.
Concluamos fazendo a nossa profissão de fé:
“Creio em Deus Pai todo Poderoso...”
Amém!
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