domingo, 1 de outubro de 2023

Memórias Missionárias...

                                                       


Se não sentimos saudades de alguém ou de algo, com certeza é porque em nada nos marcou. Não é o caso de Rondônia, e de tantos outros lugares por  onde passei.

          “A razão de nosso existir: amar e servir” 

Início da primavera de 2003...

A realidade urbana marcada pela correria, falta de tempo, impossibilitou a continuidade no escrever das cartas. Na Cidade se vive um ritmo que muitas vezes favorece o distanciamento. São muitos os apelos, que nos absorvem de tal modo que, quando percebemos, viramos como que “robôs”. É preciso tomar cuidado com o ativismo, que pode levar-nos ao estresse e cansaço. 

Tive que me readaptar a esta realidade, depois de três anos vividos com toda intensidade na realidade que vocês conhecem... 

Confesso que tenho muita saudade de tudo e de todos; das pessoas, dos momentos partilhados, de cada experiência que vivi... Foram três anos plenos de Deus, que jamais serão apagados... 

Atualmente na Diocese de Guarulhos, trabalho na Paróquia Nossa Senhora do Bonsucesso, junto com o Pe. Frizzo. É a segunda Paróquia mais antiga da Cidade de Guarulhos, criada em 1950. 

Em agosto celebramos a belíssima Festa em louvor a Nossa Senhora do Bonsucesso, marcada pela religiosidade popular, romeiros, paroquianos, shows musicais sertanejos, folia de reis, catira, barracas de todos os tipos, comidas, salgados, churrasco... 

São sete Comunidades e um assentamento com aproximadamente 2000 famílias (em processo de regularização da posse dos terrenos). 

A Paróquia deve ter aproximadamente 40.000 habitantes. Celebro Missa quase todas as noites nas Comunidades e Matriz.  

Na Diocese, estou na Coordenação Diocesana de Pastoral, na Assessoria da Pastoral da Juventude. Também fui eleito Representante dos Presbíteros na Comissão Estadual, além de participar do Conselho Presbiteral. 

Tenho saudade da Igreja de Ji-Paraná, para além de todas as dificuldades, ministerial e profética. 

Saudade tem sempre uma dupla dimensão: se por um lado machuca, por outro, é sinal positivo da ausência, do significado que teve e terá em nossas vidas. 

Se não sentimos saudades de alguém ou de algo, com certeza é porque nada nos marcou nada nos diz respeito. Não é o caso de Rondônia. 

Um dia, procurei Rondônia no mapa do Brasil, hoje procuro em minha mente, em meu coração. 

Rezem por mim, para que continue animado no ministério em minha Diocese; no espírito missionário que vocês me ajudaram a aprofundar. Rezo incessantemente por vocês, compartilhando suas dores e alegrias, angústias e esperanças... 

“A Palavra de Deus é viva e eficaz!”. Continuemos nos alimentado da Palavra de Deus, para que possamos avançar em águas mais profundas, reavivando nosso batismo, que é fonte de todas as vocações. 


PS: Carta escrita no início da Primavera de 2003, por ocasião do meu retorno à Diocese de Guarulhos-SP, depois de três anos em missão na Diocese de Ji-Paraná – RO (2000-2002) 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG