Salmo: oração que eleva nossa alma
“Orarei com o espírito, orarei com a mente;
salmodiarei com o espírito, salmodiarei com a mente.”
Sejamos enriquecidos pelo Comentário sobre os Salmos, escrito pelo Bispo Santo Ambrósio (Séc.IV), a fim de que salmodiemos com o espírito e a mente.
“O que há de mais agradável que um Salmo? Davi já bem dizia: Louvai ao Senhor, porque é bom o Salmo; a nosso Deus, alegre e belo louvor. E é verdade!
O Salmo é a bênção para o povo, a glória de Deus, o louvor da multidão, o aplauso de todos, a palavra do universo, a voz da Igreja, a canora confissão da fé, a devoção cheia de valor, a alegria da liberdade, o clamor do regozijo, a exultação da alegria.
O Salmo abranda a ira, desfaz a preocupação, consola na tristeza. Ele é a proteção noturna, o diurno ensinamento, um escudo no temor, uma festa na santidade, a imagem da tranquilidade, o penhor de paz e de concórdia, fazendo, à semelhança da cítara, um só cântico de muitas e diferentes vozes.
Na aurora do dia, ressoa o Salmo. Repercute o Salmo ao cair da noite. Rivalizam no Salmo a doutrina e a graça: ao mesmo tempo canta-se para deleite e aprende-se para instrução. O que é que não te ocorre ao ler os Salmos?
Neles leio: Cântico para o amado e logo me inflamo de desejo da sagrada caridade. Neles encontro a graça das revelações, os testemunhos da ressurreição, os dons da promessa. Por eles aprendo a evitar o pecado, desaprendo de envergonhar-me da penitência pelas minhas faltas.
O que é o Salmo senão o instrumento das virtudes com que o venerável Profeta, tangendo-o com a palheta do Espírito Santo, faz ressoar pelo mundo a doçura da música celeste? Ao mesmo tempo em que ele, coordenando por meio de liras e cordas, isto é, das coisas mortas, a distinção dos diversos sons, dirigia o cântico do divino louvor para as realidades supremas. Ensinava com isso, em primeiro lugar, que devíamos morrer ao pecado e, em seguida, discernir em nossa vida mortal as várias obras de virtude pelas quais nossa gratidão se eleva até Deus.
Davi ensinou que devemos cantar no íntimo de nós mesmos, salmodiar no íntimo, como Paulo cantava, pois dizia:
Orarei com o espírito, orarei com a mente; salmodiarei com o espírito, salmodiarei com a mente.
Ensinou também que devíamos ordenar nossa vida e seus atos para a visão das realidades superiores, a fim de que o gosto pela doçura não excite os instintos do corpo, com os quais não se redime nossa alma, ao contrário se torna pesada.
E, no entanto, o santo Profeta lembra-se de salmodiar para a redenção de sua alma, quando diz: Salmodiarei a Ti, ó Deus, na cítara, Santo de Israel; ao cantar a Ti jubilarão meus lábios e minha alma que remiste.”
Agradeçamos ao Senhor e cantemos salmos de louvor ao Deus Altíssimo, ao som da lira de dez cordas e da harpa, e com canto acompanhado ao som da cítara, como nos convidou o salmista.
Os Salmos são verdadeiras orações que nos acompanham, e expressam nossa vida marcada por angústias e esperança, dores e alegrias, sonhos e pesadelos, perdas e ganhos, procuras e encontros, começos e recomeços, ruínas e construções.
Notemos que os Salmos estão bem no centro da Sagrada Escritura, assim como a oração deve ocupar espaço central em nossa vida. Nada sem a oração!
Portanto, que a acolhida deste Comentário nos ajude a redescobrir cada vez mais a importância da oração feita a partir dos Salmos e com eles.
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