Advento: Tempo de fecundação
Tempo de vigiar e orar, tempo de a fé viver,
para solidificar a esperança na vivência de uma
autêntica caridade para com o próximo.
A Liturgia do 1º Domingo do Advento (Ano C) é um convite à preparação da vinda do Senhor, para mais uma luminosa e alegre Festa do Seu Natal.
Na passagem da primeira Leitura (Jr 33,14-16) contemplamos a promessa do Messias. É um período muito difícil da história do Povo de Deus (séc. VI A.C.), parece o princípio do fim, a derrocada de todas as esperanças e seguranças do Povo.
Neste contexto, o Profeta Jeremias, em nome do Senhor, proclama a chegada de um novo tempo, em que Deus vai “pensar as feridas” do seu povo oferecendo a cura e favorecendo a abundância da paz e da segurança.
O Profeta anuncia a fidelidade ao Senhor e as promessas que foram feitas, há alguns séculos, a Davi (cf. 2Sm 7). A mensagem é uma recordação das promessas divinas, de modo que é preciso ser eliminada toda nostalgia de um passado nem tão distante; é preciso eliminar toda sombra de medo no presente, para que possa num futuro bem próximo acontecer a instauração de um novo tempo de alegria, esperança, vida e paz, que será a realização da promessa messiânica cultivada na mente e no coração, realizada pelo Messias, que será o próprio Jesus.
A mensagem é atual: é preciso superar o medo, a frustração, o negativismo, a insegurança, o pessimismo. Crer no Senhor, em Sua força, presença e ação, correspondendo sempre à Sua iniciativa, numa resposta autêntica de conversão, fidelidade e compromisso.
A passagem da segunda Leitura (1Ts 3,12-4,2) é um convite a ficarmos atentos, não nos instalando na mediocridade e comodismo. A vigilância é uma atitude ativa na espera do Senhor, pois Ele é o centro de nosso testemunho pessoal, comunitário e eclesial.
Trata-se do primeiro Livro escrito do Novo Testamento dirigido a uma comunidade que vive o contexto de perseguição e provação. Tendo recebido notícias animadoras da comunidade, o Apóstolo Paulo envia uma Carta para que não se acomodem na espera do Senhor que vem, mas vivam a espera do Senhor, aprofundando as relações de amor entre seus membros.
Ser cristão não é possuir a perfeição consumada, pois é preciso recomeçar em cada dia um novo instante da vida; saber que há um caminho novo a ser feito e não se conformar ao que já foi feito.
Nisto consiste esperar, saber amar, avançar em águas mais profundas da fidelidade e compromisso com o Reino do Senhor.
Deste modo, o cristão não se acomoda, mas vigilante, se incomoda e se compromete com alegria e coragem na participação da construção do Reino.
A passagem do Evangelho (Lc 21,25-28.34-36) é uma mensagem de alegria, confiança, esperança e compromisso na acolhida do Filho do Homem, Jesus, que faz acontecer o Projeto de um mundo novo.
Retrata os últimos dias da vida terrena de Jesus e a iminente destruição de Jerusalém (anos 70 D.C.), como de fato aconteceu.
Jesus anuncia uma Palavra de ânimo, “é preciso levantar a cabeça porque a libertação está próxima” (Lc 21,28). A comunidade não pode se amedrontar, mas deve abrir o coração à esperança, em atitude de vigilância e confiança.
A salvação, dom de Deus, não pode ser esperada de braços cruzados: Jesus vem, mas é preciso reconhecê-Lo nos sinais da história, no rosto dos irmãos, nos apelos dos que sofrem e buscam a libertação.
É preciso deixar que Ele nos transforme a mente e o coração para que Ele apareça em nossos gestos e palavras, em toda a nossa vida.
Celebrar o Tempo do Advento é celebrar a preparação para o Natal do Senhor. Celebrar a esperança de um mundo novo que há de vir e que depende de nosso testemunho.
O Reino vem e acontece como realidade escatológica, ou seja, não será uma realidade plena neste tempo em que vivemos, será plenitude somente depois que Cristo destruir definitivamente o mal que nos rouba a liberdade e ainda nos faz escravos.
Trabalhamos e nos empenhamos pelo Reino que é já e ainda não, pois ainda que muitas coisas tenhamos feito e o mundo tornado melhor, ainda não será o “tudo melhor” que Deus tem reservado para nós. O Reino de Deus é uma realidade inesgotável, imensurável e indescritível, e o vemos em sinais.
Por ora, é preciso vigiar e orar, numa esperança que nos leve a viver uma caridade ativa tornando fecunda a nossa fé.
Advento é tempo propício para ajudar o outro a se erguer de novo, é tempo de voltar a dar gosto à vida que germina silenciosamente.
Comecemos bem este Tempo maravilhoso e frutuoso que a Igreja nos oferece, preparando nosso coração para que nele Cristo possa nascer e renascer sempre.
Que em nós, em nossas famílias e no mundo, o Deus Menino encontre uma digna moradia.
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