domingo, 3 de dezembro de 2023

Vigiar e esperar com alegria a chegada de Deus (IDTAB) (01/12)

 Vigiar e esperar com alegria a chegada de Deus

Anos passados, como Pároco da Paróquia Santo Antônio de Gopoúva - Diocese de Guarulhos-SP, tive a graça de celebrar a Renovação Batismal das crianças para o primeiro Encontro com Jesus na Eucaristia,  com ritual próprio, muito bem participado. Velas entregues pelos catequistas foram acesas, respostas cantadas para renovação do Batismo. Cantando, prometia-se fidelidade a Deus e à Sua Palavra, renovando-se as verdades que fundamentam a fé católica.

Tínhamos uma Igreja repleta: pais, mães, a Assembleia de costume e as crianças, como num cenário que vislumbrava o céu! 

Creio que o céu é o pulsar mais forte do coração de uma criança, energia transbordante, amor puro reinante, pureza exuberante…

Tudo isto diante da Trindade Santa, ao lado da Mãe querida e de todos os Santos e Santas de Deus - todos aqueles que nos antecederam e lavaram suas vestes no Sangue do Cordeiro!

Estávamos iniciando o Tempo do Advento que consiste no tempo da alegre espera d'Aquele que veio, vem e virá.

À luz do Profeta Isaías (Is 63-16-17.19 - 64,2-7), vimos que sem Deus nada somos, nada podemos. Sem Ele mergulhamos em nossa imundície, somos como um pano sujo, folhas murchas. Tão fragilizados ficamos que as maldades se multiplicam e somos levados pelos “ventos”. O segredo está em nos deixarmos modelar por Deus, como barro nas mãos do oleiro. Deixar Deus moldar nossos pensamentos, atitudes, sentimentos… Deus está sempre disposto e pronto a nos recriar. Um dia Ele nos criou, o pecado desfez o Seu projeto, mas incansavelmente Ele nos recria, nos refaz…

À luz da Carta de Paulo (1Cor 1,3-9), vimos em que  consiste a vida de uma pessoa com Deus. Quando uma comunidade se torna sinal da Trindade nada lhe falta; torna-se rica da Palavra e do conhecimento e também não lhe falta nenhum dom. Quem tem Deus tem tudo: graça e paz, ou seja, amor, ternura, bondade, força, todos os bens, alegria, vida…

Na passagem do Evangelho (ano B), Jesus nos convidava à vigilância (Mc 13,33-37); e esta consiste em viver uma vida com Deus.

No momento da Homilia, chamei uma das crianças, a Bianca, que carregava a vela na mão. Coincidentemente estava com uma blusa de leve tom róseo combinando com a cor litúrgica do Tempo do Advento. Rosto angelical como deve ter toda criança. Pedi que levantasse um bracinho apontando para o infinito, simbolizando a primeira vinda de Jesus; o outro bracinho, mãozinhas abertas, dedinhos estendidos apontavam para o outro extremo do infinito: a vinda gloriosa do Senhor.

Aquela criança representava todos nós, que contemplamos a vinda intermediária e a fazemos acontecer, quando acolhemos o Senhor na criança, no enfermo, no aflito, no faminto, no sedento, no encarcerado; quando multiplicamos gestos de amor e carinho em favor do outro; quando partilhamos tudo o que temos e o que somos, tão apenas por Amor e pelo Amor…

Reflitamos sobre o que fazer para prepararmos o verdadeiro Natal do Senhor:

- A minha vida tem sido marcada por atitudes de vigilância na espera do Senhor que vem?
- Tenho deixado Deus modelar minha vida, meus pensamentos, meus sentimentos?

- Coloco-me como barro na mão do oleiro, procurando o sopro do Espírito, o sopro de vida?
-  Há atitudes que devo rever, reorientar, redimensionar em minha vida?

-  Sinto a presença de Deus em minha vida? Quando O sinto ausente (na verdade por que me fiz ausente de Sua presença, uma vez que Ele nunca de nós Se faz ausente e distante) como, onde O busco?
-  Sinto-me como pano sujo, folha murcha levada ao vento pelas maldades que eventualmente possa estar fazendo? O que me fragiliza?

-  Como acolho a graça e a paz de Deus em minha vida?
-  Sinto-me pleno, enriquecido de todos os dons, ou ainda reclamo de Deus?

-  Enriqueço minha vida pela escuta, acolhida, meditação e vivência da Palavra, empenhando-me para realizar a vontade de Deus?

A vinda intermediária do Senhor está nos convocando. Preparemos a Sua chegada gloriosa. Não percamos tempo nem mergulhemos em sonolências espirituais, que nos impediriam de estar despertos para a Sua chegada. Não durmamos na fé, não esfriemos na caridade e tão pouco esmoreçamos na esperança de tempos novos que o Advento anuncia.

“A voz do anjo sussurrou no meu ouvido. Eu não duvido, já escuto os teus sinais Que tu virias numa manhã de domingo. Eu te anuncio nos sinos das catedrais…” (Alceu Valença).

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