Peregrinos da esperança inflamados
pelo fogo devorador do amor de Deus
“O Profeta Elias surgiu como um
fogo, e sua Palavra
queimava como uma tocha...
Felizes os que te viram,
e os que adormeceram na tua
amizade!”
(Eclo 48, 1.11)
Vemos na Sagrada Escritura como
o fogo devorador do Amor de Deus que tomou conta da vida dos Profetas,
e não diferente com o Profeta Elias.
Aa Palavra de Deus “é
como o fogo” (Jr 23,29), um fogo imparável que desce do céu, inflama o
coração dos Profetas que a anuncia ao povo, como que provocando um incêndio
sobre a terra.
O fogo de Deus longe de destruir
a humanidade pecadora, não é devastador, porque a purifica e a transforma para
que corresponda melhor aos desígnios e ao Amor divinos:
“Elias é considerado pela
tradição de Israel o primeiro dos Profetas; com a Palavra que Deus lhe tinha
colocado nos lábios não aniquilou o povo, mas purificou-o da corrupção social,
da idolatria, do culto a Baal.
Ardia de zelo pela causa do
Senhor, por isso foi levado para o Céu naquele fogo que o tinha envolvido
durante toda a vida. O seu desaparecimento misterioso deu origem à convicção de
que ele não morrera e que um dia haveria de regressar para preparar a vinda do
Messias” (1)
Assim como Elias e João Batista,
que foram grandes Profetas antes do Senhor, outros tantos Santos, Profetas e
mártires também o foram.
Inflamaram ao fogo de Sua
mensagem de salvação, porque encontraram no Evangelho a força para enfrentar
toda forma de sofrimento, até em sua expressão máxima: a morte.
Na Palavra do Senhor encontraram
coragem para viver em plenitude a vida própria dos cristãos, e sentiram o
coração arder como fogo, assim como sentiram os discípulos de Emaús quando
ouviram a Palavra do Ressuscitado.
Estes levaram adiante o desejo
de Jesus –“Vim trazer fogo à terra e quero que se inflame” (cf. Lc
12,49-53).
Assim como Jesus, o Filho do
Homem, Se inseriu na linha dos Profetas sofredores, os Seus discípulos
missionários o mesmo o fazem.
Jesus por Sua Vida, Paixão e
Morte, é uma testemunha convicta da glória que passa pelo sofrimento, pela
Cruz, mas que transpõe a soleira da morte.
Deste modo, todo cristão é
testemunha viva de Cristo, é aquele que O torna vivo e presente no mundo de
hoje.
Hoje também o Papa Leão XIV, os
bispos, os sacerdotes e tantos Agentes de Pastoral são como esta “tocha de
fogo”, como assim o foi Elias.
Tantos pais e mães, educadores e
educadoras, ainda que já na glória estejam, são como tochas acesas a aquecer,
iluminar e fazer arder nosso coração.
Em cada Eucaristia que
participamos, celebramos a Paixão e morte e Ressurreição do Senhor, e por isto
nos tornamos um com Ele, no Seu Mistério profundo, intenso, imensurável de Amor
e Salvação.
Em cada Eucaristia renovamos a
certeza de que “O Senhor não cria nenhuma prisão onde possa fechar os
Seus filhos rebeldes e não conhece outro fogo senão o do Seu amor ‘cujas chamas
são chamas de fogo, uma faísca de Javé. As águas da torrente jamais poderão
apagar o amor nem os rios afogá-lo” (Ct 8, 6-7). (2)
Concluindo, somente em plena
comunhão com o Senhor é que a chama ardente da caridade jamais se apagará, e
nossas palavras não serão tão apenas palavras, mas o ressoar da Palavra que
antes encontrou espaço, vez e voz no mais profundo de nós: Jesus, a Palavra do
Pai na comunhão com o Santo Espírito.
(1) Lecionário Comentado - Tempo Advento/Natal - Editora Paulus - Lisboa - 2011
- pp. 122-123
(2) idem
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