quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Peregrinos da esperança inflamados pelo fogo devorador do amor de Deus

                                                          

Peregrinos da esperança inflamados pelo fogo devorador do amor de Deus
 
 
“O Profeta Elias surgiu como um fogo, e sua Palavra
queimava como uma tocha... Felizes os que te viram,
e os que adormeceram na tua amizade!”
(Eclo 48, 1.11)
 
Vemos na Sagrada Escritura como o fogo devorador do Amor de Deus que tomou conta da vida dos Profetas, e não diferente com o Profeta Elias.
 
Aa Palavra de Deus “é como o fogo” (Jr 23,29), um fogo imparável que desce do céu, inflama o coração dos Profetas que a anuncia ao povo, como que provocando um incêndio sobre a terra.
 
O fogo de Deus longe de destruir a humanidade pecadora, não é devastador, porque a purifica e a transforma para que corresponda melhor aos desígnios e ao Amor divinos:
 
“Elias é considerado pela tradição de Israel o primeiro dos Profetas; com a Palavra que Deus lhe tinha colocado nos lábios não aniquilou o povo, mas purificou-o da corrupção social, da idolatria, do culto a Baal.
 
Ardia de zelo pela causa do Senhor, por isso foi levado para o Céu naquele fogo que o tinha envolvido durante toda a vida. O seu desaparecimento misterioso deu origem à convicção de que ele não morrera e que um dia haveria de regressar para preparar a vinda do Messias” (1)
 
Assim como Elias e João Batista, que foram grandes Profetas antes do Senhor, outros tantos Santos, Profetas e mártires também o foram.
 
Inflamaram ao fogo de Sua mensagem de salvação, porque encontraram no Evangelho a força para enfrentar toda forma de sofrimento, até em sua expressão máxima: a morte.
 
Na Palavra do Senhor encontraram coragem para viver em plenitude a vida própria dos cristãos, e sentiram o coração arder como fogo, assim como sentiram os discípulos de Emaús quando ouviram a Palavra do Ressuscitado.
 
Estes levaram adiante o desejo de Jesus –“Vim trazer fogo à terra e quero que se inflame” (cf. Lc 12,49-53). 
 
Assim como Jesus, o Filho do Homem, Se inseriu na linha dos Profetas sofredores, os Seus discípulos missionários o mesmo o fazem.
 
Jesus por Sua Vida, Paixão e Morte, é uma testemunha convicta da glória que passa pelo sofrimento, pela Cruz, mas que transpõe a soleira da morte.
 
Deste modo, todo cristão é testemunha viva de Cristo, é aquele que O torna vivo e presente no mundo de hoje.
 
Hoje também o Papa Leão XIV, os bispos, os sacerdotes e tantos Agentes de Pastoral são como esta “tocha de fogo”, como assim o foi Elias.
 
Tantos pais e mães, educadores e educadoras, ainda que já na glória estejam, são como tochas acesas a aquecer, iluminar e fazer arder nosso coração.
 
Em cada Eucaristia que participamos, celebramos a Paixão e morte e Ressurreição do Senhor, e por isto nos tornamos um com Ele, no Seu Mistério profundo, intenso, imensurável de Amor e Salvação.
 
Em cada Eucaristia renovamos a certeza de que “O Senhor não cria nenhuma prisão onde possa fechar os Seus filhos rebeldes e não conhece outro fogo senão o do Seu amor ‘cujas chamas são chamas de fogo, uma faísca de Javé. As águas da torrente jamais poderão apagar o amor nem os rios afogá-lo” (Ct 8, 6-7). (2)
 
Concluindo, somente em plena comunhão com o Senhor é que a chama ardente da caridade jamais se apagará, e nossas palavras não serão tão apenas palavras, mas o ressoar da Palavra que antes encontrou espaço, vez e voz no mais profundo de nós: Jesus, a Palavra do Pai na comunhão com o Santo Espírito.

(1) Lecionário Comentado - Tempo Advento/Natal - Editora Paulus - Lisboa - 2011 - pp. 122-123
(2) idem

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG