domingo, 26 de novembro de 2023

Como coroar Jesus Cristo Rei do Universo? (Cristo Rei)

                                                    

Como coroar Jesus Cristo Rei do Universo?
 
Na Celebração da Solenidade de Cristo Rei do Universo (ano B), agradecemos a Deus pela graça de participar da construção do Reino por Ele inaugurado.
 
Agradecemos também pelo amor de Jesus, que nos libertou do egoísmo e da morte, tendo a mesma atitude d’Ele, renunciando a quaisquer esquemas de egoísmo, de poder, de prepotência, vivendo um amor que se faz doação e serviço ao próximo.
 
Refletimos sobre a natureza da realeza do Reino que Jesus inaugurou, e a Ele toda honra, glória, poder e majestade. Uma realeza divina marcada pelo amor, serviço, vida doada, oferecida, sacrificada, partilhada ao consagrar e repartir o Seu Corpo em cada Banquete da Eucaristia, renovando os Sagrados compromissos que ela nos apresenta.

Celebrar a Festa do Cristo Rei do Universo é coroar um ano de caminhada e a Ele entregar toda a nossa vida, trabalho, engajamento renovando no coração o propósito de vivenciar Sua lógica: amor, doação, entrega e serviço.
 
Esta Solenidade é ocasião oportuna para que a comunidade reveja se, de fato, Cristo nela reina como Senhor e ocupa o centro de sua vida; se assume com disposição e alegria a construção deste Reino.
 
É também a oportunidade de se questionar sobre o exercício do poder de qualquer autoridade constituída, se é exercido na mesma lógica do Senhor Jesus, ou se prevalece a lógica do domínio, glória, prestígio.
 
Na passagem da primeira Leitura (Dn 7,13-14), diante da imposição da cultura grega sobre o Povo de Deus, este é convidado a manter-se fiel a Javé, enfrentando, se necessário, a perseguição. Deus está do lado de Seu Povo e recompensará a sua fidelidade à Lei e aos Mandamentos.
 
Na passagem, através da “figura/visão”, o autor apresenta uma leitura profética da história, cuja finalidade é transmitir a esperança aos que creem, perseguidos por causa da sua fé e dos seus valores tradicionais, na certeza de que todas as dominações e impérios passam (neobabilônico, medos, persa e grego).
 
A vinda gloriosa do Filho do Homem é anúncio da vitória, que mais tarde será o próprio Senhor, o Messias esperado.  Para os cristãos Jesus é Filho do Homem inaugurou o Reino da felicidade e da paz.
 
A visão fala da vinda do Filho do Homem nas nuvens, denotando a origem transcendente: vem de Deus e pertence ao mundo de Deus. Ao contrário dos “animais” mencionados que vêm do mar, que na simbologia judaica, representa o reino do mal, da desordem, do caos, das forças que se opõem a Deus e a própria felicidade do homem (Dn 7,1-13).
 
Como Povo de Deus, é preciso intensificar os compromissos irrenunciáveis para que Reino aconteça, ainda que mais de dois mil anos depois do nascimento de Jesus este Reino não tenha se tornado uma realidade plena na história.
 
É preciso reconhecer a presença do Reino na vida do mundo, como uma pequena semente de mostarda a crescer, ou mesmo como a pequena porção do fermento levedando a massa.
 
Como Discípulos de Jesus que somos, é preciso tudo fazer para que este Reino seja cada dia mais uma realidade viva e presente fazendo mais bela a vida e a História.
 
A passagem da segunda Leitura (Ap 1,5-8) escrita por João, em período de grandes perseguições, sofrimentos e assassinatos, é para a revitalização do compromisso da fidelidade daqueles que seguem o Ressuscitado, para que jamais se perca a esperança.
 
Crendo em Jesus, a testemunha fiel, o primogênito dos mortos e o príncipe dos reis da terra, a comunidade tem consciência de que Sua entrega na Cruz é expressão do Amor sem medida com que Ele ama a todos nós.
 
Vendo o Seu coração trespassado tomamos consciência de quanto Ele nos ama e que Sua vitória se concretiza através do Seu amor, feito dom a todos, sem exceção.
 
A comunidade que crê no Senhor manifesta esta adesão, vivendo as verdades por Ele proclamadas, dando o seu “sim”, reconhecendo n’Ele o princípio e o fim de todas as coisas (alfa e ômega), Aquele que abarca a totalidade do tempo – “Aquele que é, que era e que há de vir” (Ap 1,8).
 
Somente no Senhor, um rei que ama os Seus com amor sem limites, e que por Amor, ofereceu a Sua vida em favor da liberdade e realização plena do homem, a comunidade deposita sua confiança e esperança.
 
A passagem do Evangelho (Jo 18,33b-37) é uma cena do processo de Jesus diante de Pôncio Pilatos, o governador romano da Judeia.
 
Jesus é aprisionado, indefeso, traído pelos amigos, ridicularizado pelos líderes judaicos, abandonado pelo seu povo. Não se impõe pela força, ao contrário, veio ao encontro das pessoas para amá-las, servi-las, sem cultivo dos próprios interesses, mas em obediência incondicional à vontade do Pai.
 
Sua realeza tão contrária a dos homens, é uma realeza que toca os corações, produzindo vida e liberdade, propondo a possibilidade de um mundo novo, vivendo-se a lógica do amor, doação, entrega e serviço.
 
Um Rei que espera uma resposta livre de cada um de nós: escutar a Sua voz, aderir ao Seu Projeto e comprometer-se a segui-Lo, com renúncia ao egoísmo e ao pecado, fazendo de sua vida um dom de amor a Deus e aos irmãos. Assim é a comunidade daqueles que n’Ele creem e com Ele se comprometem.
 
Reconhecer a realeza de Jesus é colaborar na construção de um mundo novo, sem medo, sem omissões, sem pessimismos, desânimos, mas alegremente colocar-se a serviço do Reino.
Entretanto, para que Ele reine em todos os corações, permitamos que reine antes em nosso coração, somente assim nos comprometeremos com a vida, com a fraternidade e na construção do Seu Reino.
 
Reflitamos:

- O que fazemos para que o Senhor Reine no coração de toda a humanidade e em todo lugar?
 
Concluindo, Jesus reina quando amamos como Ele ama. Portanto, que cada pequeno gesto feito com amor, "eucaristizado" no banquete da vida, seja nossa preciosa contribuição para a construção do Reino.


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