domingo, 15 de setembro de 2024

Amemos quem tanto nos amou: Jesus (XXIDTCA) (XXIVDTCB)

                                                        



Amemos quem tanto nos amou: Jesus

No 21º Domingo do Tempo Comum (ano A), ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 16,13-20), em que Jesus pergunta aos discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” e “E vós, quem dizeis que  Eu sou?” (Mt 16,13.15).

Muito oportuna é a reflexão que São Gregório de Nazianzeno (séc. IV) nos oferece, para somar a resposta revelada por Deus Pai a Pedro, como o próprio Senhor o disse: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.” (Mt 16,16).

“Foi envolvido em panos, porém, ao ressuscitar, lançou as vendas da sepultura.

Foi reclinado em um presépio, mas depois foi celebrado pelos Anjos, assinalado pela estrela e adorado pelos magos.

Por que te maravilhas do que viste com os olhos, enquanto não observas o que é percebido com a inteligência e com o coração?

Foi obrigado a fugir do Egito, porém transforma em fuga o andar errante dos egípcios.

Não tinha nem aspecto nem beleza humana entre os judeus, porém, segundo Davi, era belo de rosto acima dos filhos dos homens; e também no cume do monte, como esplendor, resplandece e chega a ser mais luminoso que o sol, vislumbrando, desta forma, e esplendor futuro.

Foi batizado como homem, mas alcançou a vitória como Deus. Ordena-nos ter confiança n’Ele como n’Aquele que venceu o mundo.

Sofreu fome. Mas saciou a muitos milhares de pessoas, e Ele mesmo tornou-Se Pão que dá vida e o céu.

Padeceu sede, mas exclamou: se alguém tem sede, venha a mim e beba; e também prometeu fazer manar, para aqueles que têm fé, fontes de água viva.

Experimentou o cansaço, mas Se fez repouso daqueles que estão cansados e oprimidos.

Sentiu-Se extenuado pelo sono, porém caminha ligeiro sobre o mar, repreende aos ventos e salva Pedro que estava a ponto de ser submergido pelas ondas.

Paga os impostos com um peixe, porém é rei dos arrecadadores. É chamado samaritano e possuído pelo demônio, mas leva a salvação àquele que, descendo de Jerusalém, foi assaltado por alguns ladrões.

É reconhecido pelos demônios, porém expulsa aos demônios e impele as legiões de espíritos malignos para precipitarem-se ao mar, e vê ao príncipe dos demônios, quase como um relâmpago, precipitar-se do céu.

É agredido com pedras, mas não é preso. Suplica, porém acolhe aos demais que pedem. Chora, mas enxuga as lágrimas.

Pergunta onde foi sepultado Lázaro, pois realmente era homem, mas ressuscita Lázaro da morte à vida, porque de fato era Deus.

É vendido e por pouco preço: por trinta moedas de prata, mas, entretanto, redimia ao mundo a grande preço: com o Seu Sangue.

É conduzido à morte como uma ovelha, mas Ele apascenta a Israel e agora também ao mundo inteiro.

Está mudo como um cordeiro, mas Ele é o próprio Verbo, anunciado no deserto pela voz daquele que clamava.

Foi abatido e ferido pela angústia, mas vence toda enfermidade e sofrimento.

É tirado do lenho onde foi suspenso, mas nos restituiu a vida com o lenho, e concede a Salvação também ao ladrão – que pende do lenho –, e ignora-se tudo o que se revela.

É-lhe dado a beber vinagre, e Se nutre com fel, mas para quem? Para Aquele que transformou a água em vinho. Saboreou aquele gosto amargo, Aquele que era o próprio deleite e todo apetecível.

Confia a Deus a Sua alma, porém conserva a faculdade de tomá-la novamente.

O véu se rasga – e as potências superiores se manifestam -, e as pedras se despedaçam, porém os mortos ressuscitam.

Ele morre, porém devolve a vida e derrota a morte com Sua morte.
É honrado com a sepultura, mas ressuscita do sepulcro.

Desce aos infernos, mas acompanha as almas ao alto e sobe ao céu, e virá para julgar os vivos e os mortos, e para examinar as palavras dos homens.” (1)

Retomemos a resposta revelada por Deus Pai a Pedro, como o próprio Senhor o disse: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.” (Mt 16,16), porque a pergunta de Jesus continua sendo dirigida a todos nós que cremos  em Jesus, Verdadeiramente Homem, Verdadeiramente Deus.

Professamos nossa fé em Jesus, que Se fez Carne e habitou entre nós, tão igual a nós, exceto no pecado, para nos redimir e nos conceder vida plena e eterna.

A profissão de fé, assim feita, torna impossível a concepção de uma religião alienante, sem verdadeiros e sagrados compromissos com a vida da humanidade, como tão sabiamente expressou a Igreja na introdução da “Gaudium Et Spes”:

As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração.

Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do Reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história.” (n.1)

Renovemos o ardor necessário para a graça de viver e testemunhar o nosso Batismo, seduzidos por amor incondicional ao Senhor Jesus, na fidelidade ao Deus Pai com a luz e o sopro do Espírito Santo, de modo que vivamos a vocação como graça divina e resposta nossa, numa dupla liberdade: a de Deus, que chama e a nossa, que respondemos.


(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - pp. 202-204.

PS: Apropriado para a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 8, 27-35)

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