sábado, 14 de setembro de 2024

Mensagem do Papa “aos Bispos nomeados no último ano”

Mensagem do Papa “aos Bispos nomeados no último ano”

Apresento uma síntese da Mensagem do Papa Francisco aos Bispos nomeados no último ano, realizado na Sala Clementina, dia 14 de setembro de 2017.

Manifestou, inicialmente, sua grande alegria no acolhimento aos Bispos, e a graça de conhecer pessoalmente e aprofundar com eles a responsabilidade do ministério recebido.

A Mensagem tem como centro o tema da formação que se deu ao longo dos dias, o necessário discernimento no exercício do Ministério Episcopal, sendo este uma das tarefas principais, a fim de oferecer ao rebanho confiado.

Apresenta o discernimento autêntico, inspirado no Apóstolo Paulo como um dos dons do Espírito (cf. 1 Cor 12, 10) e, citando São Tomás de Aquino, que chama o discernimento de “a virtude superior que julga conforme aqueles princípios superiores (Sum. Theol., II-II, q. 51, a. 4, ad 3), que podemos responder a esta necessidade humana hodierna”.

Enfatiza sobre o papel do Espírito Santo como o protagonista para o autêntico discernimento.

Deste modo, assistido pelo Espírito Santo, não permitirá que o Bispo viva um ministério desprovido de fecundidade.

O autêntico discernimento não pode prescindir da oração, Ainda mais considerando que o discernimento um dom do Espírito à Igreja, ao qual se responde com a escuta.

O Bispo deve fazê-lo como Pastor e membro do Povo de Deus, isto é, numa dinâmica sempre eclesial, ao serviço da “koinonia” – “O bispo não é o ‘pai patrão’ autossuficiente, nem sequer o ‘pastor solitário’ amedrontado e isolado”.

Neste diálogo sereno, não pode ter medo de compartilhar, “...e por vezes também de modificar, o próprio discernimento com os outros: com os irmãos no episcopado, aos quais está unido sacramentalmente, e neste caso o discernimento torna-se colegial...”.

Faz um convite aos novos Bispos acompanhado de uma advertência: o cultivo de uma atitude de escuta, para crescer na liberdade de renunciar ao próprio ponto de vista (quando é parcial e insuficiente), para assumir o de Deus.

Sendo assim, “A missão que vos espera não consiste em trazer ideias e projetos próprios, nem soluções elaboradas abstratamente por quem considera a Igreja um horto da própria casa, mas humildemente, sem protagonismos ou narcisismos, oferecer o vosso testemunho concreto de união com Deus, servindo o Evangelho que deve ser cultivado e ajudado a crescer naquela situação específica”.

Apresenta o significado do “discernir”: humildade e obediência – “Humildade em relação aos próprios projetos. Obediência relativamente ao Evangelho, critério último; ao Magistério, que o preserva; às normas da Igreja universal, que o servem; e à situação concreta das pessoas, para as quais se quer simplesmente sorver do tesouro da Igreja quanto há de mais fecundo para o hoje da sua salvação (cf. Mt 13, 52)”.

Deste modo, “o discernimento é um remédio contra o imobilismo do ‘sempre se fez assim’ ou do ‘adiar’. É um processo criativo, que não se limita a aplicar esquemas. É um antídoto à rigidez, porque as mesmas soluções não são universalmente válidas”

Faz uma recomendação e uma recordação: a necessária delicadeza com a cultura e a religiosidade do povo; e que Deus já estava presente nas dioceses quando chegaram e mesmo quando forem embora, de modo que seremos medidos não na contabilidade das nossas obras, mas segundo o crescimento da obra de Deus no coração do rebanho cuidado em nome do “Pastor e guarda das nossas almas” (cf. 1 Pt 2, 25).

Exorta ao crescimento no discernimento encarnado e inclusivo, que dialogue com a consciência dos fiéis, a qual deve ser formada e não substituída (cf. Exort. ap. pós-sin. Amoris laetitia, 37), num processo de acompanhamento paciente e corajoso, a fim de que possa amadurecer a capacidade de cada um — fiéis, famílias, presbíteros, comunidades e sociedade.

Com isto, o discernimento autêntico, “mesmo se definitivo em cada passo, é um processo sempre aberto e necessário, que pode ser completado e enriquecido. Não se reduz à repetição de fórmulas que “como as nuvens altas mandam pouca chuva” ao homem concreto, muitas vezes imergido numa realidade irredutível ao branco ou ao preto”

O discernimento autêntico é um progresso a ser feito, educando-se na paciência de Deus e nos Seus tempos, que nunca são os nossos, citando  Lc 9, 53-54 e Mt 13, 27-29).

Na conclusão, pede aos novos Bispos que tenham escrupulosamente diante dos olhos Jesus, a missão que não era Sua, mas do Pai (cf. Jo 7, 16), oferecendo às pessoas, hoje, como ontem, confusas e desconcertadas, a possibilidade de encontrar pessoalmente Deus, de escolher o Seu Caminho e de progredir no Seu amor.

Para que isto aconteça, é preciso manter o olhar fixo em Jesus Cristo, e no Mistério de Sua Cruz, lugar permanente do discernimento de Deus em nosso favor, contemplando a profundidade da sua encarnação e aprendendo dela o critério de cada discernimento autêntico (cf. 1 Jo 4, 1).

Neste discernimento, o Bispo terá como modelo a Virgem, que permanece com o olhar fixo no seu Filho, preservando e abençoando nas respectivas Igrejas particulares.



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