segunda-feira, 16 de setembro de 2024

“Dai-nos, Senhor, a coragem de Vossos Mártires”

                                                 

“Dai-nos, Senhor, a coragem de Vossos Mártires”

No dia 16 de setembro, celebramos a Memória dos Mártires, Papa São Cornélio e do bispo São Cipriano (séc. III).

Vejamos como se deu o martírio de São Cipriano, a partir das Atas Proconsulares.

"No dia décimo oitavo das calendas de outubro pela manhã, grande multidão se reuniu no campo de Sexto, conforme a determinação do procônsul Galério Máximo. Este, presidindo no átrio Saucíolo, no mesmo dia ordenou que lhe trouxessem Cipriano. Chegado este, o procônsul interrogou-o: ‘És tu Táscio Cipriano?’ O bispo Cipriano respondeu: ‘Sou’.

O procônsul Galério Máximo: ‘Tu te apresentastes aos homens como papa do sacrílego intento?’ Respondeu o bispo Cipriano: ‘Sim’.

O procônsul Galério Máximo disse: ‘Os augustíssimos imperadores te ordenaram que te sujeites às cerimônias’. Cipriano respondeu: ‘Não faço’.

Galério Máximo disse: ‘Pensa bem!’ O bispo Cipriano respondeu: ‘Cumpre o que te foi mandado; em causa tão justa, não há que discutir’.

Galério Máximo deliberou com o seu conselho e, com muita dificuldade, pronunciou a sentença, com esta palavras: ‘Viveste por muito tempo nesta sacrílega ideia e agregaste muitos homens nesta ímpia conspiração. Tu te fizeste inimigo dos deuses romanos e das sacras religiões, e nem os piedosos e sagrados augustos príncipes Valeriano e Galieno, nem Valeriano, o nobilíssimo César, puderam te reconduzir à prática de seus ritos religiosos. Por esta razão, por seres acusado de autor e guia de crimes execráveis, tu te tornarás uma advertência para aqueles que agregaste a ti em teu crime: com teu sangue ficará salva a disciplina’. Dito isto, leu a sentença: ‘Apraz que Táscio Cipriano seja degolado à espada’. O bispo Cipriano respondeu: ‘Graças a Deus!’

Após a sentença, o grupo dos irmãos dizia: ‘Sejamos também nós degolados com ele’. Por isto houve tumulto entre os irmãos e grande multidão o acompanhou. E assim Cipriano foi conduzido ao campo de Sexto. Ali tirou o manto e o capuz, dobrou os joelhos e prostrou-se em oração ao Senhor. Retirou depois a dalmática, entregando-a aos diáconos e ficou de alva de linho e aguardou o carrasco, a quem, quando chegou, mandou que os seus lhe dessem vinte e cinco moedas de ouro. Os irmãos estenderam diante de Cipriano pano de linho e toalha. O bem-aventurado quis vendar os olhos com as próprias mãos. Não conseguindo amarrar as pontas, o presbítero Juliano e o subdiácono Juliano o fizeram.

Deste modo morreu o bem-aventurado Cipriano. Seu corpo, por causa da curiosidade dos pagãos, foi colocado ali perto, de onde, à noite, foi retirado e, com círios e tochas, hinos e em grande triunfo, levado ao cemitério de Macróbio Candiano, administrador, existente na via Mapaliense, junto das piscinas. Poucos dias depois, morreu o procônsul Galério Máximo.

Mártir santíssimo Cipriano foi morto, no dia décimo oitavo das calendas de outubro, sob Valeriano e Galieno imperadores, reinando, porém, nosso Senhor Jesus Cristo, a quem a honra e a glória pelos séculos dos séculos. Amém.”

São testemunhos que se tornaram sementes de novos cristãos na história da Igreja, e se tornam para nós, em todo o tempo, exemplos a serem seguidos, como modelo de fidelidade, coragem, serenidade e paixão incondicional pelo Senhor, a quem damos toda a honra e glória pelos séculos dos séculos.

Todos podemos passar por dificuldades e provações, e sejam os testemunhos dos mártires exemplos para firmamos nossos passos no carregar da cruz, na vivência do bom combate da fé.

Concluímos com o Responsório da Liturgia das Horas ao celebramos estes Mártires da Igreja de Nosso Senhor:

“Ao lutarmos pela fé, Deus nos vê, os Anjos olham e o Cristo nos contempla. Quanta honra e alegria combater, vendo-nos Deus e a coroa receber do Juiz, que é Jesus Cristo. Concentremos nossas forças, para a luta preparemo-nos com a mente pura e forte, doação fé e coragem. Quanta honra e alegria combater, vendo-nos Deus e a coroa receber do Juiz, que é Jesus Cristo”.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG