sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Curados de toda cegueira e hipocrisia

 


Curados de toda cegueira e hipocrisia 

Na sexta-feira da 23ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 6,39-42), em que Jesus adverte Seus discípulos sobre o perigo de um cego guiar outro cego, com risco de ambos caírem num buraco e o perigo de enxergar com nitidez os defeitos do próximo sem dar conta dos próprios: 

“Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão” (Lc 6, 42). 

Somos exortados a crescer sempre mais na prática da Misericórdia, procurando suas múltiplas faces, expressões e concretizações. 

Esta prática, além de levar ao amor e oração pelos inimigos, também exige coerência de vida, evitando uma vida pautada por “dois pesos e duas medidas”, procurando a cura do mínimo sinal de miopia espiritual, para que enxergando bem, sem traves nos olhos, para que se possa ajudar mutuamente, sem desviar do caminho da prática da misericórdia, não mergulhando nos buracos que uma cegueira nos levaria (cegueira como ausência da Misericórdia). 

Se por um lado a Misericórdia se expressa na coerência de vida, há algo que a ofusca: hipocrisia, ambiguidade, julgamento rigoroso de nossos irmãos e impaciência de vê-los trilhar o caminho do crescimento, aperfeiçoamento... 

Somente a Misericórdia vislumbrada na prática da caridade resgata, recria e possibilita o novo, muitas vezes materializada no gesto da acolhida e do perdão reintegrador. Somente a Misericórdia na prática da caridade constrói, edifica, promove... 

A ausência da Misericórdia destrói a paciência, a caridade, e, consequentemente, o outro. 

Jesus nos adverte para um mal que rouba a luminosidade de nossa fé, porque rouba a coerência, a transparência, e leva à perda da força do testemunho da Palavra que Senhor nos comunica, levando-nos à hipocrisia. 

Urge suplicar ao Senhor para que nos liberte do fermento da hipocrisia, e que Ele nos dê o ázimo da sinceridade e da verdade, e tão somente assim nos tornaremos mais transparentes nas intenções e na pureza do coração, condição indispensável para que um dia a Deus vejamos, pois somente os puros de coração verão a Deus (Mt 5,8). 

Esta hipocrisia consiste em toda tentativa inútil de ludibriar a Deus, porque a Deus ninguém engana. Podemos enganar os outros e a nós mesmos, o que seria o ápice da hipocrisia. 

Manifesta-se quando há falsidade do coração, quando professamos com os lábios verdades que não cremos; sentimentos que procuramos expressar, mas não brotam com naturalidade, pureza e autenticidade, porque não vêm das entranhas do coração. 

Também quando supomos agradar a Deus com as aparências, com longas Orações, sacrifícios com segundas intenções, beirando à simulação, como que se Deus não conhecesse o mais profundo de nós, como tão bem expressou o Salmista (Sl 138), e acreditamos que Ele veria bondade, onde tão apenas existe uma superficialidade de relacionamento, sem verdadeira entrega a Ele de todo nosso ser, de toda a nossa vida.

 Hipocrisia que pode ser entendida como sinônimo de astúcia, esperteza, duplicidade, mas nos faz tão apenas falsários, com a estéril tentativa de pagar a Deus com moeda falsa, reduzindo nossa honra ao Senhor com os lábios, mas o coração longe d’Ele se encontrando (Mt 5, 8). 

Deste modo, as palavras e obras de fé, esperança e caridade devem nos acompanhar cada dia para que sejamos libertos de toda hipocrisia e de qualquer outro sentimento que não seja conforme os pensamentos, palavras e sentimentos de Jesus, e assim possamos gerar e formar Cristo em nós e nos outros. 

Oremos: 
Oh múltipla face da Misericórdia Divina,
semente plantada que, abundantemente, germina!
 
Oh múltipla face da Misericórdia Divina,
Que toda cegueira elimina!
 
Oh múltipla face da Misericórdia Divina,
Que toda hipocrisia abomina!
 
Oh múltipla face da Misericórdia Divina,
Que nossos olhos ilumina!
 
Oh múltipla face da Misericórdia Divina,
Que a humanidade incansavelmente ensina!
Amém!  

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