sábado, 14 de setembro de 2024

“Os verdadeiros crucifixos”

                                                                  

“Os verdadeiros crucifixos”

Ao celebrarmos, dia 14 de setembro, a Festa da Exaltação da Santa Cruz, sejamos enriquecidos pela reflexão oferecida pelo Missal Dominical:

“Os orientais celebram hoje a Cruz com uma solenidade comparável à da Páscoa. O imperador Constantino havia mandado construir em Jerusalém uma basílica no Gólgota e outra no Sepulcro do Cristo Ressuscitado.

A dedicação dessas basílicas se realizou a 13 de setembro de 335. No dia seguinte se lembrava ao povo o significado profundo das duas Igrejas, mostrando o que restava do lenho da Cruz do Salvador. Deste uso teve origem a celebração do dia 14 de setembro, que encontramos também em Roma pelo século VII.

Nesse aniversário se acrescentou mais tarde a lembrança da vitória de Heráclio sobre os persas (630), dos quais o imperador arrebatou as relíquias da Cruz, que foram solenemente levadas a Jerusalém. Desde então, a Igreja celebra nesse dia o triunfo da Cruz, que é instrumento e sinal da nossa salvação.

O uso litúrgico, que requer a Cruz próxima do altar quando se celebra a Missa, representa uma evocação da figura bíblica da serpente de bronze que Moisés elevou no deserto; olhando-as os hebreus mordidos pelas serpentes, eram curados. Em sua narrativa da Paixão, devia João ter presente o simbolismo profundo deste grande "tipo": ‘Contemplarão Aquele que traspassaram’ (Zc 12,10; Jo 19,37).

O símbolo da cruz sacralizou, por séculos, todos os cantos da terra e todas as manifestações sociais e privadas; vivia-se em outro contexto histórico.

Hoje corre o risco de ser varrido ou, pior, instrumentalizado por uma moda de consumo. Seria conveniente que este símbolo nos fizesse voltar aos verdadeiros ‘crucifixos’ de sempre: os pobres, os doentes, os velhos, os explorados, as crianças excepcionais, etc. São esses os mais dignos de ser colocados ao ‘vivo’ em nossas Missas.

A Salvação só virá a nós, filhos do ‘bem-estar’, através deles, para os quais é sempre válida a palavra do Evangelho: ‘Tive fome... tive sede...’ (Mt 25)”. (1)

Como vemos, a Festa tem uma longa história, e não basta a Festa, é preciso como toda Eucaristia, ver as implicações concretas que Ela tem em nossa vida.

Com muita propriedade o comentário nos convida a voltarmos para os pobres, que são os “verdadeiros crucifixos de sempre”.

Como Igreja precisamos fortalecer, de modo especial, as pastorais sociais da Igreja e seus muitos trabalhos realizados em favor daqueles que são presença de Jesus em nosso meio: os empobrecidos.

Urge procurar caminhos de comunhão e solidariedade, mútua ajuda e integração pastoral para que nossas forças não se dissipem, mas somadas, realizem o verdadeiro milagre da multiplicação, para que o pão, a alegria, a educação, a sobriedade, a alegria, a dignidade sejam por todos divididos, partilhados...

A Celebração da Festa da Exaltação da Santa Cruz possui densidade inesgotável, assim como compromissos inesgotáveis que da Eucaristia emanam.

Que, do Banquete Eucarístico, nos alimentemos e nos fortaleçamos com o Pão da Palavra, Pão da Eucaristia e Pão da Caridade.


(1) Missal Dominical – p.1355

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG