domingo, 31 de dezembro de 2023

Oremos pela família (III)

                                                      


Oremos pela Família

Embora desconhecendo a autoria, esta Oração é propícia para ser rezada todos os dias, para que a família cumpra sua missão de ser uma pequenina Igreja Doméstica, edificada sobre a rocha da Palavra de Deus e nutrida pela força Salutar da Eucaristia.

“Senhor Jesus Cristo,
abençoai nossas famílias, e ficai sempre conosco
nesta hora tão difícil de nossa história.

Senhor Jesus Cristo,
ensinai-nos a rezar!

Abri nossos corações ao perdão e à compreensão,
afastai de nossos lares o perigo da separação e do divórcio
e fazei-nos viver na unidade e no amor.

Vossa mãe era ‘serva do Senhor’,
e sempre guardava a Vossa Palavra:
que assim sejam todas as mães cristãs.

Vosso pai era ‘um homem justo’,
porque vivia de fé e de esperança:
que assim sejam todos os cristãos.

Senhor Jesus Cristo,
que todos os habitantes da terra
se encontrem reunidos
formando assim uma só família,
no Amor único do Pai.
Assim seja!”

Pai nosso que estais nos céus...

Adoremos a Luz das Nações (Sagrada Família - Ano B)

 


Adoremos a Luz das Nações

Ao celebrarmos a Festa da Sagrada Família, sejamos enriquecidos pelos escritos de São Cirilo de Alexandria (séc. V).

“Acabamos de ver ao Emanuel recostado em um presépio como um menino recém-nascido, envolto em panos conforme o costume humano, porém divinamente celebrado pelo santo exército dos anjos.

Serão eles os encarregados de anunciar aos pastores o Seu nascimento, pois Deus Pai concedeu aos espíritos celestes este altíssimo privilégio: serem os primeiros em anunciar a Cristo.

Também acabamos de ver hoje como Cristo Se submete às leis mosaicas; ainda mais, temos visto como Deus, o legislador, se submetia como um homem comum a suas próprias leis. Esta é a razão pela qual o sapientíssimo Paulo nos dá esta lição: Quando éramos menores estávamos escravizados pelo rudimentar do mundo. Porém, quando se cumpriu o tempo, enviou Deus a seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei, para resgatar aos que estavam sob a lei.

Assim, Cristo resgatou da maldição da lei aos que estavam debaixo dela, porém não aos que eram observantes da lei. E como os resgatou? Cumprindo-a, ou, dito de outra forma, mostrando-Se e obediente em tudo a Deus Pai, a fim de reparar os pecados de prevaricação cometidos em Adão. Pois está escrito que assim como pela desobediência de um só homem todos foram estabelecidos como pecadores, assim também pela obediência de um só todos serão constituídos justos. Portanto, submeteu como nós a cerviz ao jugo da lei, e o fez por razões de justiça.

Convinha, na realidade, que Ele cumprisse toda a justiça. Pois ao assumir realmente a condição de servo, ficava, por Sua humanidade, inscrito no número dos súditos: pagou, como muitos, aos que cobravam o imposto das duas dracmas, e mesmo quando por Sua qualidade de Filho era naturalmente livre e isento do tributo.

Contudo, ao ver-lhe observar a lei, cuidado, não te escandalizes nem o classifique entre os servos, a Ele que é livre; esforça-te mais em penetrar a profundidade do plano divino. Ao cumprir-se, pois, os oito dias, em cuja data e por prescrição da lei era costume praticar a circuncisão da carne, impuseram-lhe um nome, e precisamente o nome de Jesus, que significa salvação do povo.

Tal foi, de fato, o nome que Deus Pai escolheu para Seu Filho, nascido de mulher segundo a carne. Pois foi certamente nesse momento, quando de maneira muito singular se levou a bom termo a salvação do povo: e não só de um povo, mas de muitos, ou melhor, de todas as nações e da universalidade da terra. Ao mesmo tempo foi circuncidado e lhe impuseram o nome, convertendo-Se Cristo realmente em luz que ilumina as nações e, ao mesmo tempo, em glória de Israel.

E embora existissem em Israel alguns injustos, obstinados e insensatos, apesar disso houve um resto que foi salvo e glorificado por Cristo. As primícias foram os discípulos do Senhor, cuja glória resplandece em todo o mundo. Outra glória de Israel é que Cristo, segundo a carne, procede de sua raça, se bem que, enquanto Deus, está acima de todos e é bendito pelos séculos. Amém.

Presta-nos, pois, um bom serviço o sábio Evangelista ao relatar-nos tudo o que por nós e para nós suportou o Filho feito carne, sem fazer pouco caso em assumir a nossa pobreza, a fim de que o glorifiquemos como Redentor, como Senhor, como Salvador e como Deus, porque a Ele, e, com Ele a Deus Pai, lhe é devida a glória e o poder, juntamente com o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.” (1)

Contemplemos o indizível Mistério da Encarnação do Verbo, que veio para iluminar a humanidade que jazia nas trevas.

Veio, vem e virá sempre para iluminar nossos caminhos, porque Ele é a luz das nações que os profetas anunciaram, e o que era promessa, com a Encarnação do Verbo, torna-se realidade.

Mais tarde Aquele que se fez Menino numa manjedoura e no templo apresentado, dirá - “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas, nas terá a luz da vida” (Jo 8,12).

Que a Luz das Nações ilumine nossas famílias, para que cada vez mais sejam reflexo da Sagrada Família, na qual Ele, o menino Jesus, cresceu em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens (cf. Lc 2,52).

  

(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pp. 292-293


Em poucas palavras... (Sagrada Família - Ano B)

 


Testemunhas da fé

“É então que nos devemos voltar para as testemunhas da fé: Abraão, que acreditou, «esperando contra toda a esperança» (Rm 4, 18); a Virgem Maria que, na «peregrinação da fé» (Lumen Gentium n. 58), foi até à «noite da fé» (Papa São João Paulo II), comungando no sofrimento do seu Filho e na noite do seu sepulcro (São João Paulo II); e tantas outras testemunhas da fé: «envoltos em tamanha nuvem de testemunhas, devemos desembaraçar-nos de todo o fardo e do pecado que nos cerca, e correr com constância o risco que nos é proposto, fixando os olhos no guia da nossa fé, o qual a leva à perfeição» (Hb 12, 1-2).”

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 165

Em poucas palavras... (Sagrada Família - Ano B)

                                               


Os Mistérios da vida oculta de Jesus

“Durante a maior parte da sua vida, Jesus partilhou a condição da imensa maioria dos homens: uma vida quotidiana sem grandeza aparente, vida de trabalho manual, vida religiosa judaica sujeita à Lei de Deus (G 4,4), vida na comunidade. De todo este período, é-nos revelado que Jesus era «submisso» a seus pais (Lc 2,51) e que «ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» (Lc 2, 52).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 531

Em poucas palavras... (Sagrada Família - Ano B)

                                          


 

A família cristã é evangelizadora e missionária.

“A família cristã é uma comunhão de pessoas, vestígio e imagem da comunhão do Pai e do Filho, no Espírito Santo. A sua atividade procriadora e educativa é o reflexo da obra criadora do Pai.

 É chamada a partilhar da oração e do sacrifício de Cristo. A oração quotidiana e a leitura da Palavra de Deus fortalecem nela a caridade. A família cristã é evangelizadora e missionária.”

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo  n. 2205

Anunciemos Aquele que foi apresentado! (Sagrada Família - Ano B)

                                                   


Anunciemos Aquele que foi apresentado!
 
Na Festa da Sagrada Família (ano B) é proclamada a passagem do Evangelho (Lc 2, 22-40).
 
Maria e José levam o menino Jesus, depois de quarenta dias do Seu nascimento, para apresentá-Lo no templo, no pleno cumprimento da Lei de Moisés.
 
Normalmente, contemplamos este acontecimento quando rezamos os Mistérios gozosos, que trazem em si o germe dos mistérios dolorosos, assim como os gloriosos e luminosos, quando, justo e piedoso.
 
Simeão, lá no templo, anuncia a Maria que uma espada lhe transpassaria a alma. Referindo-se à missão d’Aquela criança, luz das nações, salvador de todos os povos, causa de queda e reerguimento de muitos.
 
Os Santos Padres da Igreja dizem que, nesta apresentação, Maria oferecia seu Filho para a obra da redenção com a qual Ele estava comprometido desde o princípio.
 
É iluminador o Sermão do bispo São Sofrônio (séc. VII) em alusão a este acontecimento:
 
“Todos nós que celebramos e veneramos com tanta piedade o Mistério do encontro do Senhor, corramos para Ele cheios de entusiasmo.
 
Ninguém deixe de participar deste encontro, ninguém recuse levar Sua luz.
 
Acrescentamos também algo ao brilho das velas, para significar o esplendor divino daquele que Se aproxima e ilumina todas as coisas; Ele dissipa as trevas do mal com a Sua luz eterna, e, também, manifesta o esplendor da alma, com o qual devemos correr ao encontro com Cristo.
 
Do mesmo modo que a Mãe de Deus Virgem imaculada trouxe nos braços a verdadeira luz e a comunicou aos que jaziam nas trevas, assim também nós: iluminados pelo Seu fulgor e trazendo na mão uma luz que brilha diante de todos, corramos prontamente ao encontro d’Aquele que é a verdadeira luz.
 
Realmente, a luz veio ao mundo (Jo 1,9) e dispersou as sombras que o cobriam; o sol que nasce do alto nos visitou (Lc 1,78) e iluminou os que jaziam nas trevas.
 
É este o significado do Mistério que hoje celebramos. Por isso caminhamos com lâmpadas nas mãos, por isso acorremos trazendo as luzes, não apenas simbolizando que a luz já brilhou para nós, mas também para anunciar o esplendor maior que dela nos virá no futuro.
 
Por este motivo, vamos todos juntos, corramos ao encontro de Deus. Chegou a verdadeira luz, que vindo ao mundo ilumina todo ser humano (Jo 1, 9).
 
Portanto, irmãos, deixemos que ela nos ilumine, que ela brilhe sobre todos nós. Que ninguém fique excluído deste esplendor, ninguém insista em continuar mergulhado na noite. Mas avancemos todos resplandecentes.
 
Iluminados, por este fulgor, vamos todos ao Seu encontro e com o velho Simeão recebamos a luz clara e eterna.
 
Associemo-nos a sua alegria e cantemos com ele um hino de ação de graças ao Criador e Pai da luz, que enviou a luz verdadeira e, afastando todas as trevas, nos fez participantes do Seu esplendor.
 
A Salvação de Deus, preparada diante de todos os povos, manifestou a glória que nos pertence, a nós que somos o novo Israel.
 
Também fez com que víssemos, graças a Ele, essa Salvação e fossemos absolvidos da antiga e tenebrosa culpa.
 
Assim aconteceu com Simeão que, depois de ver a Cristo, foi libertado dos laços da vida presente.
 
Também nós abraçando, pela fé, a Cristo Jesus que nasce em Belém, de pagãos que éramos, nos tornamos povo de Deus – Jesus é, com efeito, a Salvação de Deus Pai – e vemos com nossos próprios olhos o Deus feito homem.
 
E porque vimos a presença de Deus, e a recebemos, por assim dizer, nos braços do nosso espírito, somos chamados de novo Israel.
 
Todos os anos celebramos novamente esta festa, para nunca esquecermos d’Aquele que um dia há de voltar.” (1)
 
Como disse o bispo:
 
“... Ninguém insista em continuar mergulhado na noite.” Recebamos nos braços do nosso espírito o Salvador, a Luz das nações.
 
Com o feliz Simeão, digamos:
 
“Agora, Senhor, deixai o Vosso servo ir em paz, segundo a Vossa Palavra. Porque os meus olhos viram a Vossa salvação que preparastes diante de todos os povos, como luz para iluminar as nações, e para a glória de Vosso povo de Israel (Lc 2,29-32).”
 
Concluindo, com as palavras do Salmista:
 
“O Senhor é a minha luz e a minha salvação, de quem eu terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida: frente a quem eu temerei? (Sl 27). Amém.


(1) Liturgia das Horas Vol. III pp.1236/7.

 


Jesus, um sinal de contradição (Sagrada Família - Ano B)

 


Jesus, um sinal de contradição

Ao celebrarmos a Festa da Sagrada Família, sejamos enriquecidos pelo comentário ao Evangelho de Lucas, escrito por São Cirilo de Alexandria (séc. V):

“E o que disse de Cristo o profeta Simeão? Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição, visto que o Emanuel é posto para os alicerces de Sião por Deus Pai, sendo uma pedra escolhida, angular e preciosa.

Aqueles, então, que confiaram n’Ele não se envergonharam; mas aqueles que eram descrentes e ignorantes, e incapazes de compreender o mistério a respeito d’Ele, caíram, e foram feitos em pedaços.

Por Deus Pai novamente foi dito em outro lugar: Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo, e aquele que crê nela não será confundido; mas aquele sobre quem ela cair, ele será esmagado.

Mas o profeta tranquilizou aos israelitas dizendo: Só ao Senhor chameis de Santo, é a Ele que é preciso respeitar, a Ele que se deve temer. Ele será a pedra de escândalo e a pedra de tropeço.

No entanto, porque Israel não santificou o Emanuel, que é Senhor e Deus, nem estava disposto a confiar n’Ele, tropeçaram em uma pedra por causa da descrença, e ele foi feito em pedaços e caiu. Porém, muitos se reergueram, isto é, aqueles que abraçaram a fé n’Ele.

Por isso mudaram do legalismo para um ofício espiritual; tendo neles um espírito de serviço, foram enriquecidos com aquele Espírito que os torna livres, e que é o Espírito Santo; eles foram feitos participantes da natureza divina, considerados dignos da adoção filial, e de viver na esperança de alcançar a cidade que é do Alto, até mesmo a cidadania, ou seja, o Reino dos Céus.

E pelo sinal de contradição, Ele significa a preciosa Cruz, em nome da qual o sapientíssimo Paulo escreve: para os judeus é escândalo, e loucura para os pagãos. E novamente: Para os que estão perecendo é loucura; porém, para nós que somos salvos, é o poder de Deus para a salvação.

O sinal, portanto, de contradição, se para aqueles que perecem lhes parece ser loucura, todavia, para aqueles que reconhecem o seu poder, ele é salvação e vida.

E Simeão ainda disse à Santa Virgem: Sim, uma espada transpassará a tua alma, significando pela espada a dor que ela sofreria por Cristo, visto que ela trouxe à luz o crucificado; e sem saber que Ele seria mais forte do que a morte, e ressurgiria da sepultura. Ou tu podias imaginar que a Virgem não sabia disso, quando vamos encontrar até mesmo os Santos Apóstolos, então, com pouca fé; pois em verdade o bem-aventurado Tomé, se não introduzisse suas mãos no seu lado após a ressurreição, e sentisse também as marcas dos pregos, iria desacreditar os outros discípulos que lhe diziam que Cristo ressuscitou e tinha-se manifestado a eles.

O evangelista com sabedoria, portanto, para o nosso benefício nos ensina tudo quanto o Filho, feito carne, consentiu padecer por nossa pobreza, suportar em nosso benefício e em nosso favor, para que possamos glorificá-Lo como nosso Redentor e Senhor, nosso Salvador e nosso Deus: por quem e com quem a Deus Pai e pelo Espírito Santo sejam a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém.” (1)

Este comentário nos ajuda no aprofundamento do quarto Mistério gozoso: a apresentação do Menino Jesus no Templo (cf. Lc 2,22-40).

Jesus é apresentado no Templo, e a Maria, Simeão anunciou que uma espada lhe transpassaria a alma (cf. Lc 2,33-35), porque Aquele Menino seria sinal de contradição para o mundo.

O ancião Simeão reconheceu aquela Criança como o Salvador do mundo, e nisto consistiu seu anúncio sobre a espada de dor de Nossa Senhora, numa plena e incondicional obediência à vontade de Deus.

Ela viveu cada momento da vida de Jesus, até o fim, no momento ápice aos pés da Cruz, quando Ele deu a vida por amor de todos nós, e recebeu o Corpo sem vida de Seu Filho.

Mas a fé em Deus, a fez presente junto aos apóstolos mais tarde, ao celebrar com os apóstolos o Mistério da Eucaristia (At 1,12-14).

Oportuna as palavras do Papa São João Paulo II na Encíclica “Ecclesia de Eucharistia”:   Impossível imaginar os sentimentos de Maria, ao ouvir dos lábios de Pedro, João, Tiago e restantes apóstolos as palavras da Última Ceia: « Isto é o meu corpo que vai ser entregue por vós » (Lc 22, 19). Aquele corpo, entregue em sacrifício e presente agora nas espécies sacramentais, era o mesmo corpo concebido no seu ventre!” 

Supliquemos a Deus que tenhamos coragem como Maria, na obediência e fidelidade à vontade divina, como discípulos missionários do Senhor, sinal de contradição para o mundo, no carregar de nossa cruz quotidiana. Amém.

  

(1)Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - p.294

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