Sejamos enriquecidos pelo “Tratado sobre Gratidão”, de Santo Tomás de Aquino:
"A gratidão se compõe de diversos graus. O primeiro consiste em reconhecer (ut recognoscat) o benefício recebido; o segundo, em louvar e dar graças (ut gratias agat); o terceiro, em retribuir (ut retribuat) de acordo com suas possibilidades e segundo as circunstâncias mais oportunas de tempo e lugar" (II-II, 107, 2, c).
São os três níveis assim compreendidos:
- O nível superficial: reconhecimento intelectual, cerebral;
- O nível intermediário: agradecimento, dar graças a alguém por aquilo que esse alguém fez por nós;
- O nível mais profundo: retribuição, vínculo, quando nos sentirmos vinculados e comprometidos com as pessoas.
O nível mais difícil, o terceiro, o “obrigado”, deve ser compreendido assim: “Fico-vos obrigado”; “Fico obrigado perante vós”; “Fico vinculado perante vós”. Sentimos a necessidade de corresponder ao outro.
Sendo assim, quando dizemos “obrigado” a alguém, não basta o reconhecimento, ou o dar graças, é preciso o estabelecimento de um vínculo de comprometimento e resposta ao bem recebido.
Em relação a Deus, quando dizemos “obrigado, ó Deus”, reconhecemos que somente Deus é Deus e nós somos criaturas d’Ele, do qual tudo nos vem e tudo nos é concedido. Não apenas reconhecemos, mas damos graças aos bens que Ele nos concede e sentimos necessidade de correspondência ao bem que nos fez. Quanto mais profundo for nosso obrigado, maior será nossa necessidade de correspondência.
Dizer obrigado a Deus é sentir a necessidade de fazer algo bom para Ele e Suas criaturas, inseparavelmente.
O “obrigado” a Deus, que sai de nossos lábios, pede, de cada um de nós, renovação de sagrados compromissos com Ele e com Suas criaturas, colocando em comum o melhor que temos e possuímos, para que toda a vida seja melhor, em todos os seus âmbitos e sentidos.
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