O Diácono e Doutor da Igreja Santo Efrém (séc. IV) nos enriquece para a celebração do 3º Domingo do Tempo Comum (ano B):
“Os Apóstolos vieram ao Senhor como pescadores de peixes e chegam a ser pescadores de homens, de acordo com aquilo do Profeta Jeremias: ‘Eis que enviarei pescadores de homens, e eles pescarão por todas as montanhas e por todos os lugares elevados.
Se Cristo tivesse enviado sábios, se teria dito que persuadiram ao povo com a sua ciência, ou que o enganaram com sua sabedoria.
Se tivesse enviado homens ricos, se diria que alimentaram o povo, ludibriando-o; ou que corromperam as pessoas com o seu dinheiro, chegando, desta forma, a dominá-las.
Se tivesse enviado homens poderosos, se diria que os seduziram por sua força, ou o constrangeram com o seu poder.
Mas os Apóstolos não tinham nada disso. O Senhor o demonstra com o exemplo de Simão. Ele era pusilânime, pois foi presa de pânico diante da voz de uma criada; era pobre, pois não pode pagar o imposto que lhe correspondia, uma moeda de ouro: ‘Não tenho ouro’, diz Pedro, ‘nem tenho prata’. Era homem sem cultura, já que, quando negou o Senhor, não soube justificar-se com astúcia.
Foram enviados, estes simples pescadores de peixes, que conseguiram vencer aos poderosos, aos ricos, aos sábios.
Milagre maravilhoso! Sendo fracos como eram, atraíram os poderosos a Sua doutrina, sem coação alguma; sendo pobres ensinaram aos ricos; sendo ignorantes tornaram homens sábios e prudentes em discípulos Seus.
A sabedoria do mundo cedeu lugar a esta sabedoria que é a sabedoria das sabedorias”. (1)
Quando Jesus lhes disse “vinde comigo”, eles deixaram imediatamente tudo para segui-Lo. Hoje, somos convidados a também percorrer este mesmo itinerário, seguindo os passos deste pequeno grupo que foi pelo mundo anunciar a Boa-Nova, cumprindo o Mandato do Senhor: “Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia a toda humanidade.” (Mc 16, 15).
O tempo é breve, alertou Paulo aos Coríntios (1 Cor 7, 29-31). Portanto, precisamos nos apressar neste caminho de conversão, dando continuidade à missão que o Senhor confiou aos Seus discípulos, porque a pesca continua, a pesca de homens e mulheres para a acolhida desta Boa-Nova de Vida e Salvação que o Senhor veio nos comunicar.
Também, dirigindo-se aos coríntios: “Entre você não há muitos intelectuais, nem muitos poderosos, nem muitos de alta sociedade. Mas Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte. E aquilo que o mundo despreza, acha vil e diz que não tem valor, isso Deus escolheu para destruir o que o mundo pensa que é importante.” (1 Cor 1, 26-27).
E ainda nos exortou que nos deixássemos mover por uma verdade que nos acompanha: “Tudo posso n’Aquele que me fortalece” (Fl 4, 13).
O anúncio da Boa-Nova é o retirar os peixes do mar da vida, não para serem mortos e destruídos, mas, paradoxalmente, para que tenham vida.
Como falou o Diácono, não enganamos, nem ludibriamos e tão pouco somos constrangedores ao anunciar e testemunhar a Boa- Nova:
Anunciamos a Palavra que nos liberta, fiéis à missão que o Senhor nos confiou − “É para a liberdade que Cristo nos libertou.” (Gl 5,1)
Anunciamos o próprio Senhor, que Se apresentou a nós como a Verdade que nos liberta, que nos torna verdadeiramente livres (Jo 8, 32).
A Igreja é continuadora desta missão, anunciando o Evangelho do Senhor com alegria, como nos exortou o Papa Francisco.
Que Deus nos conceda a verdadeira sabedoria do Espírito, riquezas que os ladrões não roubam nem as traças corroem, e a graça de exercer um poder que se traduz em serviço, doação, amor e entrega total e incondicional pela causa do Reino.
(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes - 2013 - pág. 375
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