segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

“Todos os fiéis tinham um só coração e uma só alma”


 

“Todos os fiéis tinham um só coração e uma só alma”

À luz dos Tratados sobre os Salmos, do Pseudo-Hilário, (Séc. IV), reflitamos sobre a vida em comunidade daqueles que professam a fé no Cristo Ressuscitado.

Vede como é bom e alegre habitarem juntos os irmãos. Bom e alegre é habitar na unidade com os irmãos, porque vivendo deste modo, juntam-se à unidade da Igreja e, dizendo-se irmãos, concordam na caridade de um só querer.

Já na primeira pregação dos apóstolos existia este grande preceito, conforme lemos: Todos os fiéis possuíam um só coração e uma só alma.

Convém, portanto que o Povo de Deus seja de irmãos em um só Pai, uma unidade em um só Espírito, vivam unânimes em uma só casa, sejam membros de um só Corpo.

Bom e alegre é habitarem os irmãos na unidade. O profeta encontra uma comparação para esta alegria e bondade: Como o óleo sobre a cabeça, que desce pela barba de Aarão, até à orla de suas vestes.

O óleo de Aarão foi um bálsamo composto de perfumes, que o ungiu por sacerdote. Agradou a Deus que assim, primeiramente, fosse consagrado Seu sacerdote. Nosso Senhor também foi ungido invisivelmente, de preferência a Seus companheiros. Unção não terrena; não derramada de um chifre, como se ungiam os reis, mas unção com o óleo da alegria, depois da qual, conforme a lei, Aarão foi chamado de ‘Cristo’, isto é, ‘o ungido’.

Como esta unção expele os imundos espíritos do coração de quem a recebe, também pela unção da caridade, começamos a exalar a concórdia, tão suave a Deus, como diz o apóstolo: Somos o bom odor de Cristo’. Assim, pois, como a primeira unção, e de Aarão sacerdote, foi agradável a Deus, do mesmo modo é bom e alegre habitarem os irmãos na unidade.

O óleo desceu da cabeça à barba. A barba é o distintivo da idade adulta. Não é bom sermos crianças em Cristo, a não ser, como já se disse, crianças na malícia, não no entendimento. O apóstolo chama todos os infiéis de criancinhas, que ainda não suportam alimento sólido, precisam de leite. Ele diz: Dei-vos leite a beber e não alimento sólido; ainda não éreis capazes e nem mesmo agora o sois.”

Glorifiquemos a Deus Pai  por pertencermos a uma comunidade que professa a fé no Cristo Ressuscitado, em comunhão com o Espírito Santo, vivendo na comunhão, sendo um só coração e uma só alma.

Glorifiquemos a Trindade Santa, pela graça de ungidos pelo batismo, pelo nosso testemunho ser, de fato, “O bom odor de Cristo” (cf. 02 Cor 2,14-14).

Glorifiquemos a Trindade Santa pela Palavra de Deus, que ouvimos e faz arder nosso coração, porque não se trata de uma palavra que passa, mas Palavra de vida eterna (cf. Jo 6,68)

Glorifiquemos a Trindade Santa pelo Pão da Eucaristia, que nos alimenta e é antídoto para não morrermos, remédio de imortalidade, e nesta participação, nossos pecados são destruídos, crescem nossas virtudes e nossa alma é saciada e se enriquece de todos os dons (Santo Tomás de Aquino).

Glorifiquemos a Trindade Santa pela caridade na vida prolongada, como expressão da acolhida e vivência do Novo Mandamento que o Senhor Jesus nos deu - “Amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei” (Jo 13,340.

Glorifiquemos a Trindade Santa pela graça de sermos uma Igreja decididamente misericordiosa, missionária, cumprindo o Mandato do Senhor: “E disse lhes: ‘Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda a criatura’” (Mc 16,15). Amém.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG