quarta-feira, 31 de julho de 2024

Os Dons do Espírito e as Eleições (2)

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   Os Dons do Espírito e as Eleições 

Invoquemos a luz do Santo Espírito, para que façamos sábias escolhas nas eleições Municipais (Prefeito, Vereador), tornando mais humana e fraternas nossas cidades, oferecendo condições melhores de vida para todos, sem feridas insanas de desigualdade, pobreza, violência e exclusão.

Senhor, dai-nos o dom da SABEDORIA, para que aprendamos e nos comprometamos decididamente com um Projeto de vida e paz, e assim sejamos iluminados para governar nossa vida segundo os desígnios divinos, revelados pelos sagrados Mandamentos,  sentindo e dando gosto de Deus à vida.

Dai-nos, o dom do ENTENDIMENTO, para discernir o que é justo e bom, sem ilusões e erros, de modo que nossos pensamentos e sentimentos e ações se tornem a expressão do viver para Deus, que conosco sempre estais, jamais nos desamparando.

Senhor, dai-nos o dom do CONSELHO, para que nos empenhemos na correspondência à vossa vontade, vivendo e ensinando sagrados valores com sinceridade, pureza e retidão de coração, participando da realização do plano divino de salvação, na mais perfeita sintonia entre o que celebramos e vivemos, jamais separando a fé da vida quotidiana.

Sejamos enriquecidos pelo dom da FORTALEZA, e cumulado de graça divina, intensificando e aprofundando nossos momentos de intimidade Convosco, na oração, mas de modo especialíssimo no sublime Sacramento da Eucaristia, fonte e ápice da vida cristã; vivendo com fidelidade o Mandamento do Amor, que se expressa concretamente no amor ao próximo; testemunhando a fé, com serenidade e firmeza.

Senhor, agraciados pelo dom da CIÊNCIA, busquemos o conhecimento pleno da verdade do Evangelho do Reino, com docilidade ao Espírito nas mais diversas situações, agradáveis ou não, favoráveis ou adversas, sem lamentações estéreis, mas com olhar e compromisso renovados, porque acompanhados da fina flor da esperança.

Renove em nós o dom da PIEDADE, para que correspondamos ao Vosso amor, numa profunda comunhão Convosco, acompanhado de maior fidelidade às Sagradas Escrituras, tornando-nos mais fraternos e solidários, comprometidos com a promoção da justiça e da paz, para que misericordiosos como o Pai o sejamos.

Finalmente, Senhor, com o dom do TEMOR, solidifiquemos nossa relação filial para com Deus, adorando-O em espírito e verdade, buscando, em primeiro lugar, o Seu Reino e a Sua justiça, e assim, tudo mais nos será acrescentado.

PS: Escrito em setembro de 2020

Com a Sabedoria do Espírito, busquemos o Reino de Deus

                                                          

 Com a Sabedoria do Espírito, busquemos o Reino de Deus

Na Liturgia da Palavra da quarta-feira da 17ª Semana do Tempo Comum, ouviremos as Parábolas da pérola, do tesouro escondido, sobre o Reino de Deus, questionando nossas prioridades diante de Jesus.

É preciso que o Reino seja para nós o valor supremo e que, a exemplo de Salomão, peçamos a sabedoria para fazer as devidas escolhas, sem nos prendermos aos valores efêmeros, passageiros, mas aos valores eternos.

A súplica de Salomão (1 Rs 3,5.7-12), questiona nossas súplicas: ele pediu um coração sábio para governar com justiça.

Enquanto oração foi perfeita, leva-nos a refletir sobre o que pedimos, o que recebemos de Deus e o que fazemos com o que recebemos. 

A Salomão, Deus acrescentou riqueza, glória, longa vida. Deus nunca deixará faltar nada, mas bem sabemos que Salomão foi seduzido pelos valores passageiros, e é para nós, em todos os tempos, um sinal de advertência para que não incorramos no mesmo erro.

Vivemos numa constante decisão entre o ilusório ou real, passageiro ou eterno, sendo assim podemos nos questionar sobre o que, de fato, fundamenta nossa felicidade.

Voltando às Parábolas exclusivas de Mateus que tinha diante de si uma comunidade imersa na monotonia, na falta de empenho, numa vivência morna da fé, logo, pouco exigente e comprometida.

Colocava-se uma questão fundamental: como perseverar diante das perseguições e hostilidades, dificuldades que vão se apresentando na caminhada da comunidade?

Aqui está a beleza das Parábolas: revigoram o ânimo, reavivam o entusiasmo, ajudam no discernimento e fortalecem no seguimento.

A comunidade deve ver no Reino a grande pérola ou tesouro pelo qual todo sacrifício deve ser feito e toda renúncia não será em vão.

É preciso rever a escala de valores que pautam nossa vida, o que nos seduz, o que consome nossas forças, nosso tempo; bem como refletir sobre a alegria que devemos ter por sermos instrumentos, colaboradores na realização do Reino.

Na conclusão do Evangelho os discípulos são chamados a compreender, acolher o novo ensinamento proposto, num renovado compromisso e empenho.

Deste modo, o Reino de Deus é o nosso maior tesouro. Participemos de sua realização como herdeiros da graça em Cristo Jesus pelo Espírito Santo no amor do Pai.

Renúncias, relativizações, discernimentos são para nós pedidos, para que não nos percamos no que é efêmero, passageiro, ilusório,  buscando o que é eterno.

É preciso buscar e se abrir a Sabedoria divina para acolher e compreender e se comprometer com o Reino.

Devemos renunciar de modo absoluto ao pecado, como assim prometemos no dia de nosso Batismo, e para melhor servir ao Reino renunciar àquilo que não é mal em si (riquezas, prestígio, poder). 

Temos um valor maior, sermos instrumentos do Reino vale muito mais do que tudo isto.

Reflitamos:

- O que pedimos quando dizemos: “Venha a nós o Vosso Reino”?
- Qual tem sido o conteúdo de nossas súplicas?

- Temos consciência de nosso papel na realização do Reino? 
- Como Igreja, estamos a serviço do Reino?

- Sentimos alegria contagiante ao trabalhar para que o Reino de Deus aconteça?

O melhor Ele já nos deu: O Espírito Santo e os sete Dons: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus.

Empenhemo-nos alegremente na construção do Reino, o Espírito nos assiste, a Sabedoria nos é comunicada incessantemente.  Saibamos fazer as renúncias necessárias pelo mais Belo Tesouro - Jesus.

Que nossas mãos aprendam a partilhar

                                                 

Que nossas mãos aprendam a partilhar

Na passagem do Evangelho de Mateus (Mt 13,44-52), temos a apresentação das parábolas de Jesus: tesouro escondido; a pérola preciosa e a rede lançada ao mar, que recolhe peixes bons e maus.

São iluminadoras as palavras do Bispo e Doutor Santo Agostinho (séc. V), em seu Sermão, sobretudo em relação à parábola do tesouro escondido:

“Todo o mal que os maus fazem é registrado – e eles não o sabem. No dia em que ‘Deus virá e não se calará’ (Sl 50, 3) […]. Então, Ele Se voltará para os da sua esquerda: ‘Na terra, dir-lhes-á, Eu tinha posto para vós os meus pobrezinhos, Eu, Cabeça deles, estava no céu sentado à direita do Pai – mas na terra os meus membros tinham fome: o que vós tivésseis dado aos meus membros, teria chegado à Cabeça. Quando Eu coloquei os meus pobrezinhos na terra, constituí-os vossos portadores para trazerem as vossas boas obras ao meu tesouro. Vós nada depositastes nas mãos deles: por isso nada encontrais em Mim’” . (1)

Os “pobrezinhos na terra” foram constituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo, portadores das boas obras ao tesouro do Senhor. E apresentarão, nas mãos de Deus, o que nelas depositarmos.

Somos remetidos à prática das Obras de Misericórdia Corporais e Espirituais, na fidelidade a Jesus e ao Evangelho (dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos), que por sua vez não se separam das Obras de Misericórdia Espirituais (aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as fraquezas do próximo, rezar a Deus pelos vivos e defuntos).

Deste modo, seremos autênticos discípulos missionários do Senhor, com os passos firmados a caminho do juízo final diante d’Ele, que nos julgará, ao final de nossa vida, pelo amor vivido.

Concluímos com as palavras de São João da Cruz (séc. XVI): No crepúsculo de nossa vida, seremos julgados pelo amor”.

Fonte de pesquisa: Catecismo da Igreja Católica – n.1039

“Buscai primeiro o Reino de Deus”

                                                         

“Buscai primeiro o Reino de Deus”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho (Mt 13,44-46), em que Jesus nos fala do Reino comparando a duas conhecidas Parábolas: do tesouro escondido que foi encontrado e da pérola de grande valor, que para sua aquisição tudo se vendeu. 

Procura e encontro, venda e compra. Procura inquietante, desapego para o essencial buscado.

São iluminadoras as palavras do Apóstolo Paulo aos Filipenses:

“Mas o que era para mim lucro tive-o como perda, por amor de Cristo. Mais ainda: tudo considero perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, Por Ele, perdi tudo e tudo tenho como esterco, para ganhar a Cristo e ser achado n’Ele, não tendo como minha justiça, aquela que vem da Lei, mas aquela pela fé em Cristo, aquela que vem de Deus e se apoia na fé” (Fl 3,8-9).

Vejamos o comentário do Missal Cotidiano:

“O Evangelho é uma alegre mensagem, não um anúncio fúnebre! Jesus quer enriquecer-nos de bens superiores, e por isso, nos pede renunciar aos bens inferiores. É uma renúncia, mas àquilo que não merece ser supervalorizado, porque transitório. Renúncia, positivamente calculada, capacidade de aquisição. É preferir o mais, o melhor, é dar tudo pelo ‘tudo’, eis porque é ‘alegria’. Tesouro, pérola preciosíssima é a Palavra de Cristo, o Reino, o próprio Cristo. Dar tudo por Ele é ‘lucro’”.

Se o Reino de Deus for tudo para mim, se Deus for tudo para mim, procura, renúncia, desapegos, uma hierarquia onde os bens espirituais e eternos se sobreponham serão necessários e notáveis na minha vida, em todo meu existir.

Reflitamos:

- O que motiva minha vida?
Quais são minhas riquezas?

Quais são os valores maiores que norteiam meus pensamentos e decisões?
- Deus é, de fato, meu “Tudo”? Por Ele tudo sou capaz de renunciar, em incondicional amor e fidelidade?

Concluímos com um canto e uma Oração:

Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo mais vos será acrescentado, Aleluia...”.

Oremos:

“Ó Deus, sois o amparo dos que em Vós esperam e, sem Vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por Vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.”.

Gratuidade e humildade na missão

                                                     

Gratuidade e humildade na missão

Para melhor vivenciarmos a graça do batismo, sendo sal da terra e luz do mundo, uma atitude deve se fazer presente: a Magnanimidade entendida por disposição do ânimo para conseguir coisas grandes; generosidade, bondade...
                              
O Presbítero e Doutor Santo Tomás de Aquino, no século XIII, assim definiu o magnânimo:

“O magnânimo atreve-se aos empreendimentos grandes, porque sabe que o dom da graça eleva o homem e as coisas que estão acima da natureza.

O magnânimo é audaz na ação apostólica, porque é consciente de que o Espírito Santo Se serve da palavra do homem como de um instrumento. Mas é Ele quem interiormente aperfeiçoa a obra.

O magnânimo traz consigo a indestrutível firmeza da esperança em Deus, de uma confiança desmedida, quase temerária.

O magnânimo tem um coração desprovido de medo, onde reina uma paz imperecível, porque conta com Deus.

O magnânimo não cede à angústia das preocupações nem à ameaça dos homens ou dos acontecimentos, porque só se inclina diante de Deus.

O magnânimo não se queixa, porque Deus é o seu consolo e sua fortaleza!” (1)

Pouco mais tarde, Santo Afonso Maria de Ligório (XVIII) nos exortou à retidão de intenção naquilo que fazemos:

- Quem age só para Deus não se perturba em caso de fracasso, porque Deus não querendo, ele também não quer;

- Alegra-se com o bem que os outros fazem, como se ele mesmo o tivesse feito;

- Sem preferência para trabalhos, aceita de boa vontade o que a obediência lhe pede;

- Tendo cumprido seu dever, não fica à espera de louvores, nem aprovações dos outros. Por isto não fica triste se o criticam ou o desaprovam, alegrando-se somente em ter contentado a Deus. Se, por acaso, recebe qualquer elogio do mundo, não se envaidece, mas afasta a vanglória dizendo-lhe – Segue o teu caminho; chegaste tarde porque o meu trabalho já está dado todo a Deus.
                                         
Segundo Santo Afonso, um velho religioso que trabalhou muito para Deus e morreu como um santo, um dia olhando para sua vida passada; triste e muito preocupado, disse-lhe: “Pobre de mim! Examinando todas as ações de minha vida não acho nenhuma que tenha feito só para Deus”.

Peçamos a Deus a magnanimidade e a gratuidade em tudo que fizermos a fim de que Ele cresça e apareça e nós diminuamos.

Seja reavivada a chama da fé, no dia do Batismo acesa, para resplandecer o esplendor da Verdade no mundo, que é o próprio Jesus, e colocarmos em prática o Mandamento do Amor, somente assim, sal da terra também seremos.


(1) As menções encontram-se no livro “Sacerdotes para o Terceiro Milênio” – Editora Santuário – pp.165-6; 91-92.   

terça-feira, 30 de julho de 2024

Em poucas palavras...

 


Plena confiança na misericórdia divina

“Quando os homens pecam durante muito tempo, rompem os laços de amor e de comunhão, formam-se feridas profundas que não podem cicatrizar-se de repente ou num breve período.

O Senhor faz-Se nosso médico, partilhando nossas dores, chorando e sofrendo conosco, até maturarem dentro de nós os tempos da Salvação.

Quando éramos pecadores, Deus não nos abandonou, pelo contrário, enviou o Seu Filho que padeceu e morreu por nós, para nos reconciliarmos com Ele (cf Rm 5,6-11). Pelas suas Chagas é que fomos curados (1 Pd 2,25).”  (1)

 

(1) Comentário do Lecionário Comentado - Volume I - Tempo Comum Editora Paulus  - pág. 829, sobre a passagem do Livro do Profeta Jeremias (Jr 14,17-22)

 

O Senhor nos explica a Parábola do joio

                                                        

O Senhor nos explica a Parábola do joio

Na terça-feira da 17ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 13,36-43), em que Jesus explica a Parábola do joio e do trigo aos seus discípulos.

Algumas passagens bíblicas, de modo especial os Salmos, parecem oferecer uma concepção de um Deus impaciente, que queima as etapas, em que os apelos à vingança são bastante frequentes (1Rs 18,40; SI 82 e 108).

Mas há outras passagens mais importantes que desmentem essa impressão, e podemos afirmar que a Escritura é o Livro da paciência divina, que sempre adia o castigo do Seu povo (Ex 32,7-14).

Os Profetas falam da cólera de Deus, que não é o último e definitivo momento da manifestação divina: o perdão sempre vence.

A Bíblia nos apresenta Javé, rico em graça e fidelidade, e sempre pronto a retirar Suas ameaças, quando Israel volta novamente ao caminho da conversão (Sb 12,12.16-19).

O Profeta Elias, cheio de zelo, em experiência pessoal, compreende que Deus não está no furacão ou no terremoto; Ele Se apresenta na brisa leve, no sopro do vento mais delicado (1Rs 19,9-13).
No Novo Testamento, os Apóstolos Tiago e João são censurados por causa de seu desejo de fazer cair raios sobre os samaritanos que não acolhem Jesus (Lc 9,51-55; Mt 26,51).

Esta foi a Boa Nova do Reino inaugurada por Jesus, anunciada a todos e, de modo especial para os pecadores, sem exclusão de ninguém no Seu Reino: todos são a ele chamados, todos podem aí entrar.

Em todos os momentos, Jesus encarnou e viveu a paciência divina, e nisto consiste a missão da Igreja, Corpo de Cristo, encarnar entre os homens a paciência de Jesus.

Como Igreja, temos que revelar no mundo a verdadeira face do amor, sem jamais destruir as pontes de comunicação com a força misericordiosa de Deus, como vemos no Evangelho (Mt 13,24-43).

O Missal Dominical nos enriquece com este comentário:

“Na terra, o trigo está sempre misturado com o joio, e a linha de demarcação entre um e outro não passa pelas páginas dos registros paroquiais ou pelas fronteiras dos países; está no coração e na consciência de cada homem. Deve-se sempre recordar que a separação entre os bons e os maus só será feita depois da morte”.

Aprendamos com Deus a viver a divina paciência diante das dificuldades do mundo, com os que pensam e agem diferente de nós.

A divina paciência é alcançada quando nos reconhecemos diante de Deus como frágeis criaturas modeladas pela Mão Divina, e nos configuramos a Jesus Cristo, que Se apresentou a nós manso e humilde de coração.

Cabe a Deus o julgamento final, não nos cabe catalogar as pessoas entre trigo e joio. Ao contrário, é preciso que nosso coração seja entranhado pela misericórdia e paciência divinas, para que sejamos puro trigo de Deus em Sua seara.

Somente a abertura e acolhida do Espírito e a vivência da Palavra, que Jesus nos comunicou, é que nos farão verdadeiramente puros trigos de Deus.



PS: Fonte inspiradora: Missal Dominical – Editora Paulus - pág. 749. 

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