domingo, 31 de março de 2024

Somente o Senhor nos amou assim...

Somente o Senhor nos amou assim...

Contemplando o Mistério do Amor de Deus por nós, testemunhado pelo Senhor Jesus na morte de Cruz, retomo uma estrofe do “Hino sobre a Ressurreição do Senhor”, escrita pelo Diácono e Doutor da Igreja, Santo Efrém:

“Quem como Tu, Senhor,
Para nós?
Grande que Se fez pequeno,
Vigilante que dormiu,
Puro que foi batizado,
Vivo que degustou a morte,
Rei que carregou com o desprezo,
Para dar a todos glória.
Bendita seja a glória!”

Ressoem em nosso coração as palavras do Apóstolo Paulo aos Filipenses (Fl 2, 5-11): Ele que humilhou-Se a Si mesmo, mas Deus O exaltou, para que ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame que Jesus é o Senhor, para a glória de Deus Pai.

Tão grande, tão onipotente é Deus: fez-Se frágil, experimentou nossa condição humana, exceto o pecado, para destruí-lo. Experimentou o cansaço, o abandono, a indiferença, a humilhação, a solidão, a incompreensão, e quanto mais possamos mencionar. Que mais Ele poderia sofrer por amor de nós?

“Adormeceu”, descendo à mansão dos mortos, passando pela morte, para destruí-la, e com Sua morte a morte da morte, a Ressurreição alcançar, e nesta a nossa Ressurreição, porque assim Ele o disse, E assim cremos: todo aquele que n’Ele vive e crê, possuirá a vida eterna (Jo 11, 26)

Tão puro, aceitou conviver com os tidos como impuros para purificá-los, reintegrá-los. Conviveu com os pecadores para destruir o pecado, e, na autêntica vivência da misericórdia, renovar, recriar, reintegrar, novo horizonte ao pecador perdoado para uma vida nova viver, sentido novo para a vida encontrar.

Reina gloriosamente tendo como trono a Cruz, na qual todos devemos nos gloriar. Cruz que tem aparência de derrota, mas, para quem crê, tem sabor de vitória, porque carregada com fé, ousadia e coragem, é imprescindível para a genuína e frutuosa felicidade que desabrocha plenamente na eternidade.

Em Sua morte, glorificados somos – eternizados. Com Sua morte, a Ressurreição para conosco caminhar, corações aquecer, no Pão da Eucaristia partilhado, Sua presença reconhecermos.

Não mais cabisbaixos, abatidos, desanimados, derrotados... Mas com vigor renovado, força que emana da fé na Ressurreição, Boa-Nova do Reino anunciar e testemunhar, sem jamais na fé vacilar, a esperança perder e a caridade esfriar.

Neste Tempo Pascal, sejamos envolvidos pelos Amores inseparáveis: do Pai, o Amante que ama o Filho; do Filho que nunca foi abandonado pelo Pai, porque permanentemente amado e assistido pela presença do Santo Espírito, o Amor.

Inseridos nesta Comunhão, como que num mergulho no mar infinito da misericórdia divina, viveremos a mais terna e eterna comunhão de amor, e mais fraternos nos tornaremos. Amém! Aleluia! Aleluia!

Sete verbos a conjugar e viver...

                                                      


Sete verbos a conjugar e viver...

A Palavra proclamada no Domingo de Páscoa:
At 10,34a.37-43; Sl 117; Cl 3,14; Jo 20,19

Sete verbos:
Amar, correr, ver, acreditar, anunciar, testemunhar e buscar.

A sequência das ações narrada no Evangelho:
Diante na notícia dada por Maria Madalena sobre o não encontro do corpo de Jesus, João, o discípulo que Jesus amavacorreu mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro. Depois de Pedro, ele entrou, viu e acreditou.

Como Pedro, na primeira leitura, João e os discípulos puseram-se a anunciar e a testemunhar a Ressurreição do Senhor.

Finalmente, o Apóstolo Paulo, na segunda Leitura, nos exorta a fazer todo esforço para buscarmos as coisas do alto, onde Deus habita.

Refletindo:
Quem ama corre, vai ao encontro do Amado, Jesus. Vê e acredita piamente que Ele Vive. Coloca a vida toda a serviço do Amado, porque tem o Amor, Seu Santo Espírito, para anunciar e testemunhar o Projeto de Amor e Vida que Deus tem para nós.

Nisto consiste o buscar as coisas do alto: pés no chão, olhar para o horizonte da eternidade onde Deus habita, irradiando a luz divina, aqui e agora, sobretudo nas situações mais sombrias e difíceis que possamos enfrentar, sendo sinal da misericórdia divina, multiplicando as obras de misericórdia corporais e espirituais.

Concluindo:

Sete verbos no imperativo, portanto, para nós, como discípulos missionários do Ressuscitado:

Ame, corra, veja, acredite, anuncie, testemunhe e busque as coisas do alto, com alegria, coragem e esperança! Pois, quando conjugamos estes sete verbos, e os expressamos com gestos concretos no quotidiano, é certeza de que a paz reinará em nossos corações, no coração da Igreja e do mundo. Amém. Aleluia! Aleluia!

Páscoa do Senhor: Muito mais que sete verbos...

                                                                   

Páscoa do Senhor: Muito mais que sete verbos...

Quando o Domingo de Páscoa celebramos,
Sete verbos aprendemos para conjugação,
Nos tempos Pretérito, Presente e Futuro.
Para quem acredita no Mistério da Ressurreição:

Sete Verbos:
Amar, correr,
ver,  acreditar, anunciar,
testemunhar e buscar.

Amar é o primeiro verbo da Palavra Proclamada.
Amar a Deus com toda alma, força e entendimento;
Amar como resposta primeira, por Ele esperada;
Amar sempre, em íntimo e estreito relacionamento.

Amar, critério que se impõe para todo o seguidor Seu.
Amor puro, sincero, fiel, confiante, verdadeiro;
Amor que, do lado trespassado, Sangue e Água verteu;
Água para o renascimento, Sangue que nos Redime e Alimenta.

Correu Maria Madalena para contar aos discípulos
O que ainda não houvera compreendido.
A pedra fora retirada do túmulo:
Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde O colocaram”.

Correram os dois discípulos: Pedro e o discípulo que Jesus amava.
Ainda que chegando primeiro e pelo Senhor amado, não entra.
Quem ama sabe o seu lugar e humildemente sabe esperar;
Contemplando os sinais da Ressurreição, “Ele viu e acreditou”.

Ver é o terceiro verbo a ser conjugado.
Ver com olhos da alma, olhos do coração;
Ver como o pôde fazer o discípulo amado;
Ver nas aparências da ausência, a Ressurreição.

Acreditar na Vitória da Vida sobre a Morte.
Acreditar que a palavra última a Deus pertence,
E ao mundo foi alcançada nova e eterna sorte.
Acreditar que Sem Ele ninguém vence.

Anunciar que Ele Reina, Ele Vive, porque Ele é O Senhor.
Anunciar que n’Ele está nossa Esperança e Salvação.
Anunciar que, da Humanidade, Ele é o único Redentor,
Mas que não dispensa nossos compromissos e participação.

Testemunhar, como Pedro, com a palavra e a vida,
Que a prepotência humana cedeu à divina onipotência.
Testemunhar que a humanidade decaída foi reerguida.
Testemunhar sem medo, recuos, omissão ou displicência.

Buscar as coisas do alto, por Paulo, somos exortados.
Buscar os valores do Reino, as coisas celestiais:
Verdade, Amor, Justiça e Liberdade, entrelaçadas.
Quem busca as coisas divinas não se cansa jamais!

Esperá-Lo na glória futura, que há de se manifestar.
O céu é possível para quem souber amar,
Em espera vigilante e ativa, haveremos de estar,
Em espera alegre, confiante, sem desesperar!

São sete verbos, mas são muito mais que apenas sete verbos,
Porque que nos fazem aprendizes do Amado Eterno Verbo.
Sete verbos: Amar, correr, ver, acreditar, anunciar, testemunhar,
Buscar as coisas do alto, a glória esperar e alcançar.

Conjugá-los, em todos os momentos e circunstâncias,
Refaz nossa vida, acenando o Paraíso possível.
Conjugá-los e vivê-los em todas as instâncias,
Mundo novo é possível, porque por Deus crível.

Na Quaresma, contemplamos o Incrível Amor,
E na Páscoa, dizemos sem hesitações e temores:
Ó Eterno e Incrível Amor! Que maravilha de Amor!
Que nos faz, com Ele e n’Ele, mais do que Vencedores!

São sete verbos... Mas muito mais que sete verbos,
Porque nos fazem aprendizes 
do Amado e Eterno Verbo.
Aleluia! Aleluia! Aleluia!


PS: Liturgia da Palavra - At 10, 34.37-43; Sl 117; Cl 3,1-4; Jo 20,1-9

“Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!“


“Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!“

Estamos iniciando o Tempo Pascal, tempo de sentirmos e contemplarmos o transbordamento da alegria da Vitória do Ressuscitado, que passou pela morte para nos comunicar Vida Plena, para transformar nossas trevas em luz, nos possibilitando vencer todo medo e secando nossas lágrimas.

Esta alegria transbordante e contagiante é fruto de nosso itinerário quaresmal, um período de quarenta dias, marcado pelos exercícios espirituais do jejum, da oração e da esmola, iniciado na Quarta-feira de Cinzas.

Fruto também da intensa Semana Santa vivida, que ainda ressoa em nossa memória e em nosso coração a emoção pelo mergulho profundo na meditação da Paixão do Senhor, que abre uma perspectiva Pascal, em que somos convidados a consolidar a fé, renovar a esperança e crescer na caridade.

Neste Tempo Pascal, inflamados pelo fogo do Espírito, contemplamos a manifestação e ação do Ressuscitado, nos momentos iniciais e fundantes da Igreja continuadora de sua missão, caminhando e nos preparando para a grande festa de Pentecostes.

Vivendo com intensidade a Fé  para não recuarmos na caminhada, para que ela seja fecunda: a leitura das Sagradas Escrituras. Pois, somente lendo e meditando a Palavra de Deus quotidianamente é que lançaremos as redes exatamente onde Ele manda, para que a noite de nossos fracassos se torne uma pesca abundante (Jo 21, 6).

É necessário que ofereçamos a Deus o melhor de nós, os frutos de nosso trabalho, o pouco ou muito que tenhamos, em cada Banquete Eucarístico, para que o milagre do amor e da partilha leve à superação de toda forma de dor, sofrimento, miséria, tornando a vida mais bela e Pascal.

Que nunca sejamos econômicos em multiplicar orações, por todos os Presbíteros, para que sejam por excelência homens da Palavra e de palavra, por ela conduzam o Povo de Deus e também por ela seja conduzidos.

Concluindo, que pequenos e ao mesmo tempo grandiosos sinais da presença e ação do Ressuscitado em nosso meio sejam acolhidos e, com o Salmista, possamos cantar “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!” (Sl 125,3).

É Tempo Pascal, sintamos a presença do Senhor caminhando e falando conosco; Sua Palavra, fazendo arder nossos corações, abrindo nossos olhos, para que O reconheçamos no partir do pão, na vivência da comunhão, do amor fraterno, da partilha.

A maturidade da fé

A maturidade da fé

A felicidade pessoal e a participação na construção de um mundo melhor exige que assumamos, como próprio de cada um de nós, o Projeto que nos é proposto pelo próprio Deus.

Neste sentido, sejamos iluminados pela passagem do Evangelho de Mateus (Mt 5, 17-19), que nos exorta ao verdadeiro cumprimento da Lei, que não significa apenas a obediência a ela, mas exige que todo o nosso pensar, falar e agir estejam envolvidos pela misericórdia.

Jesus, através de sua palavra e ação, nos revela a face de um Deus que não quer de nós a infantilidade da obediência cega, pois não viveríamos a liberdade para a qual Ele nos libertou e nos comunicou, sendo Ele mesmo a Verdade conhecida, e vivida que nos liberta.

Jesus quer de nós a maturidade da corresponsabilidade no Projeto do Reino, inaugurado com Sua Palavra, Vida e Ação, e, ao longo da história, esta missão confiada, com a certeza de que não está só, pois é incessantemente conduzida e assistida pelo Espírito Santo.

Supliquemos insistentemente ao Pai que, na fidelidade plena e incondicional ao Senhor, com o dom maior do Santo Espírito, façamos esta passagem constante em nossa vida: a passagem da infantilidade da obediência cega à corresponsabilidade do Projeto do Reino.

Pai Nosso que estais nos céus...

Iniciemos nosso Itinerário Pascal

Iniciemos nosso Itinerário Pascal

Voltemo-nos para um trecho do Tratado sobre a Solenidade da Páscoa, escrito pelo Bispo Santo Eusébio de Cesareia (séc. IV).

“... Depois da Páscoa e ao término de sete semanas, celebramos a Festa de Pentecostes; da mesma forma que anteriormente a Festa da Páscoa, e durante um período de seis semanas, aguentamos varonilmente as práticas quaresmais.

Pois o número seis é, por assim dizer, um número que significa atividade e eficácia. Por esta razão se diz que Deus criou em seis dias todas as coisas. Com razão, pois, as fadigas que supuseram a preparação da primeira solenidade, lhes seguem as sete semanas preparatórias da segunda solenidade, na qual se concede um longo período de descanso, simbolizado pelo número sete.

Portanto, considerando os santos dias de Pentecostes como uma imagem do futuro descanso, não sem razão nossas almas transbordam de alegria, e também condescendemos com nosso corpo, concedendo-lhe um respiro, como se já estivéssemos com o Esposo. Portanto, não nos está permitido jejuar”. (1)

A Liturgia do Tempo Pascal deve ser celebrada com intensa alegria; devemos sentir este transbordamento de alegria como se já estivéssemos com o Esposo.

Esta fé que temos e professamos, no Salvador morto e ressuscitado, exige que procuremos superar um número elevado de dúvidas, de vacilações, de medos, antes de acolher, sem reticências, o Mistério revelado, como nos afirma o Missal:

Além disso, deve-se evitar anunciá-Lo prematuramente. A fé é um Itinerário Pascal de morte de nós mesmos, das nossas seguranças, das nossas ‘evidências’ para nascermos para a verdade de Deus e da Sua mensagem” (2).

Sem demora, depois da Vigília Pascal, como Igreja, começaremos nosso Itinerário Pascal, que estas mortes nos façam mais Pascais, alegres discípulos missionários do Senhor, porque sabemos em quem confiamos e depositamos nossa esperança.

Cremos e sentimos a Sua nova presença conosco, vivo e Ressuscitado, nos iluminando, nos ancorando com Sua Palavra e nos fortalecendo com Seu Corpo e Sangue, Alimento indispensável e salutar para o nosso viver.


(1) Lecionário Patrístico Dominical - Ed. Vozes - PP. 339-340
(2) Missal Quotidiano Dominical e Ferial - Editora Paulus - Lisboa - P. 587.

Contemplo o Mistério Pascal...

Contemplo o Mistério Pascal...

Contemplo o Mistério Pascal...
Acolho na fé a Deus Pai
Que por Amor a todos nós,
Ainda que não entendamos,
Mais ainda, mesmo que não mereçamos,
Se dá pelo Cristo Ressuscitado,
Torna-se pelo Espírito
Presente em nossos corações,
Faz de nós Sua morada.

Contemplo o Mistério Pascal...
Deixo-me envolver por um movimento indizível:
O movimento do amor,
Para uma vida nova viver,
Buscando as coisas do alto,
Onde habita Deus.

Contemplo o Mistério Pascal...
Fortalecido e pleno de confiança:
Em Deus que é Amante – Pai
Em Deus que é Amado – Filho
Em Deus que é Amor – Espírito

Contemplo o Mistério Pascal...
A vida do Filho Amado;
Uma vida filial que dia após dia
Revela-nos, com Sua humanidade plena e perfeita.
Uma vida inteiramente pela ação do Espírito
Conduzida, assistida, do nascer ao na Cruz morrer;
Que rebentou na madrugada da Gloriosa Ressurreição,
Com suas Flores e Frutos Pascais:
Alegria, amor, paz, presença,
Que ninguém jamais trouxe, traz e trará.

Contemplo o Mistério Pascal...
Acontecimento que regenera e recria
A humanidade, e continuamente a nossa fé;
Que dá um novo sentido a nossa existência,
Que é a  mais bela de todas as experiências:
O experimentar da Vida do Ressuscitado,
A vida em sua beleza e esplendor,
Como deve e haverá de ser
A vida cristã.
Aleluia!

  
PS: Fonte inspiradora Leccionário Comentado - Páscoa - Ed. Paulus.

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