quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Em poucas palavras...

 


“Jesus impõe aos seus discípulos...”

“Jesus impõe aos seus discípulos que O prefiram a tudo e a todos e propõe-lhes que renunciem a todos os seus bens (Lc 14,33) por causa d'Ele e do Evangelho (Mc 8,35). Pouco antes da sua paixão, deu-lhes o exemplo da pobre viúva de Jerusalém que, da sua penúria, deu tudo o que tinha para viver Lc 21,4). O preceito do desapego das riquezas é obrigatório para entrar no Reino dos céus.” (1)

 

(1)         Catecismo da Igreja Católica – n. 2544

Oração da 5ª Romaria da Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce



Oração da 5ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce

Ó Bom Jesus, aos Vossos pés, colocamo-nos, confiantes, celebrando a 5ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce. Acolhidos em Vosso Santuário, em Conceição do Mato Dentro, trazemos a dor e o sofrimento de nossos irmãos e irmãs, diante dos desmandos da mineração, do agro e hidronegócio, dos monocultivos e do consumismo desenfreado, que ceifam vidas, levam à exaustão os bens da natureza, poluem a terra, destroem matas e rios, escravizam a mão de obra humana e fortalecem uma economia a serviço do lucro e não da vida e dos povos.

Sob a Vossa graça e bênção, fortalecem nossas esperanças e lutas, o testemunho de tantos profetas e profetizas, de ontem e de hoje, de perto e de longe, quais discípulos missionários que doaram suas vidas no anúncio do Evangelho da Vida, na defesa dos povos e do meio ambiente.

Dai-nos coragem, discernimento e perseverança, para respondermos, à altura, aos muitos desafios a serem enfrentados no compromisso com a vida, a dignidade e a justiça.

Fazei-nos, ó Bom Jesus, instrumentos Vossos a serviço da ecologia integral, guardiões da Casa Comum, para realizar Vosso Plano de Amor, no cuidado com a Mãe Terra, com as Águas e com a Vida, em prol da recuperação de nossa Bacia do Rio Doce e da construção da sociedade do bem viver e do conviver, sinal do Vosso Reino de Vida, Verdade, Justiça e Paz. Amém.


A vigilância cristã

 


A vigilância cristã

Na quinta-feira da 21ª semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 24,42-51), e refletimos o tema da vigilância necessária, como discípulos missionários do Senhor.

Assim lemos no Comentário do Missal Cotidiano:

“O tempo do cristão é o tempo da espera: espera de Deus e de Seu evento, vivido na disponibilidade interior da confiança e da esperança.

Faltando vigilância, falta uma importante dimensão da fé: a capacidade constante de passar de um estado de transitoriedade a outro.

Ainda hoje Jesus vem a nós, como o ladrão da noite. Sabemos quanto é difícil discernir seu apelo e sua presença nos acontecimentos do ‘hoje’ de Deus.

Dificilmente reconhecemos Jesus e O recebemos, se não nos preparamos de contínuo e não estamos prontos a cada instante.

Uma coisa sabemos pela fé: Deus está de tal modo ligado ao homem que onde quer que estivermos, lá está Ele, presente, ainda que não o saibamos.

É preciso romper as barreiras, saltar os muros, ser infatigáveis na busca da comunhão com todos. Então a espera será premiada”. (1)

A atitude de vigilância na espera do Senhor que vem, é elemento constitutivo de nossa fé, na esperança de um novo céu e uma nova terra, na prática concreta da caridade, pois tão somente a caridade nos impele para sagrados compromissos com o Reino (2 Cor 5,14) – “Pois a caridade de Cristo nos compele, quando consideramos que um só morreu por todos e que, por conseguinte, todos morreram”.

Vigilância em todo o tempo, lugar e âmbitos, que nos interpela para o testemunho da fé, ainda que situações adversas.

Vigilância nas palavras, pensamentos, ações bem como nas indesejáveis omissões na prática da caridade, que deve ser expressa pelo “...esforço interior de nos mantermos sempre na presença de Deus, a fim de que os nossos pensamentos, afetos, intenções e obras possam ser purificados por Aquele que é Santo por excelência, e que é capaz de tornar os Seus filhos fiéis ao bem recebido, em condições de trabalhar e de amar na espera d’Aquele que é o único que merece ser esperado”. (2)

Portanto, estarmos vigilantes e acordados não é uma atitude opcional para os cristãos, pois somos chamados a rezar, a trabalhar, a fazer o bem, mantendo viva a tensão para o Senhor que vem – “Se, todavia, esperar alguém na nossa experiência, em geral provoca sempre agitação e frustração, a vigilância cristã é estável e frutuosa. O cristão sabe que a sua identidade de filho amado não depende só de si próprio, mas está em relação direta com a atuação de Deus que age sempre em nosso favor.” (3)

Deste modo, é preciso que vivamos a vigilância:

- no cultivo da espiritualidade, com a assiduidade na participação da Santa Missa, bem como nos momentos de oração pessoal ou comunitária;

- na vivência dos demais Sacramentos;

- no cuidado da família: pais, filhos, irmãos...;

- na atividade pastoral e/u ministério;

- na prática dos Mandamentos divinos, sem jamais separar o amor a Deus do amor ao próximo;

- no cuidado de nossa Casa Comum.

 

(1)         Missal Cotidiano – Editora Paulus – p.1207

(2)        Lecionário Comentado – Volume Tempo Comum I – p. 218

(3)        Idem – p.217

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

“Um canto de primavera”

“Um canto de primavera”

Uma reflexão à luz da passagem da Carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios (2 Cor 5, 14-21), que nos apresenta Jesus, Aquele que nenhum pecado cometeu, e Deus O fez pecado por nós, para nos reconciliar.

Fala-nos do amor de Cristo que nos impele, assim como confessa que seu ministério é movido pelo amor demonstrado por Cristo na morte, e com isto, somos chamados a viver uma vida nova, vida de amor por aqueles que pelos quais Jesus morreu e Ressuscitou:

– “Portanto, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo” (2 Cor 5,17): “Esta página é como um canto de primavera: tudo é novo. Da morte-ressurreição de Cristo tudo renasceu: não podemos olhar os homens como se isso não tivesse acontecido: eles estão envolvidos no amor de Cristo” (1).

Inaugura-se um novo tempo, novas relações, a partir da Sua morte e ressurreição, de modo que “cumpre deixar-se reconciliar, porque Cristo nos amou tanto a ponto de quase identificar-Se com os pecados da humanidade para destruí-los na Cruz, e tornar-nos ‘justos’ e salvadores dos outros. A Eucaristia é nos dada exatamente para isto” (2).

Vivendo tempos difíceis, marcados por crise econômica, ética, moral, somos desafiados a manter viva a esperança, e isto somente é possível se nutrirmos nossa fé n’Aquele que faz novas todas as coisas.

Sua vida marcada pelo amor, serviço e doação da própria vida em favor da humanidade nos desafia a dar razão de nossa esperança, no testemunho da fé e prática da caridade ativa que inaugure novos tempos e novas realidades.

Precisamos acreditar neste “Canto de primavera”, de que as sementes darão flores e frutos em meio a tantos sinais de morte.

Jardineiros da criação que somos, cantar o “canto de primavera” e semear e cultivar as melhores sementes da Palavra ouvida e vivida, para que outros também continuem a cantá-lo.

Jardineiros da criação que não choram nem lamentam o Paraíso perdido, mas acreditam que o Paraíso é possível, como uma interminável obra do Criador que a colocou em nossas mãos.


(1) (2) Missal Quotidiano – Editora Paulus – p. 896

Somente o Senhor sacia nossa fome e sede

Somente o Senhor sacia nossa fome e sede

Escritas no século VII, as Instruções do Abade São Columbano nos ajudam para maior fidelidade ao Senhor, que sacia nossa sede e fome de amor, vida e paz.

“Irmãos caríssimos, prestai ouvidos ao que vamos dizer como a algo de necessário. Contentai a sede de vossas almas nas águas da Fonte Divina, sobre a qual desejamos falar, mas não a extingais; bebei, mas não vos sacieis.

Chama-nos a Si a fonte viva, a fonte da vida e diz: Quem tem sede venha a mim e beba (Jo 7,37). Entendei o que bebeis. Diga-vos Jeremias, diga-vos a própria Fonte: Abandonaram-me a mim, Fonte de água viva, diz o Senhor (Jr 2,13).

O próprio Senhor, nosso Deus, Jesus Cristo, é a Fonte da vida; por isso nos convida a irmos a Ele, Fonte, para o bebermos. Bebe-o quem ama; bebe quem se sacia com a Palavra de Deus; quem muito ama, muito deseja; bebe quem arde de amor pela sabedoria.

Vede donde mana esta fonte: do mesmo lugar donde desceu o Pão. Pão e Fonte são o mesmo, o Filho único, nosso Deus, o Cristo Senhor, de quem devemos ter sempre fome. Comemo-Lo, amando; devoramo-Lo desejando e, no entanto, famintos, desejemo-Lo ainda.

Da mesma forma, qual água de uma fonte; bebamo-Lo sempre pela plenitude do desejo e deleitemo-nos com a suavidade de Sua particular doçura. Pois é doce e suave o Senhor; por mais que O comamos e bebamos, estamos sempre sedentos e famintos, porque nosso Alimento e Bebida nunca se podem tomar e beber totalmente; tomando, não se consome, bebido não acaba, pois nosso Pão é eterno, nossa Fonte é perene, nossa Fonte é doce.

Eis a razão por que diz o Profeta: Vós que tendes sede, ide à Fonte (Is 55,1). É Fonte dos sedentos, não dos saciados. Por isto chama a Si sedentos, que em outro lugar declara felizes, aqueles que nunca bebem bastante, mas quanto mais sorvem, tanto mais têm sede.

Irmãos, é justo que a fonte da sabedoria, o Verbo de Deus nas alturas (Eclo 1,5 Vulg.), sempre seja desejada, buscada, amada por nós; estão escondidos, segundo as palavras do Apóstolo, todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Cl 2,3), e chama quem tem sede a deles tomar.

Se tens sede, bebe da Fonte da vida; se tens fome, come o Pão da vida. Felizes os que têm fome deste Pão e sede desta Fonte. Sempre comendo e sempre bebendo, ainda desejam comer e beber. Porque é imensamente doce aquilo que sempre se saboreia e sempre se deseja mais. O rei Profeta já dizia: Saboreai e vede quão doce, quão suave é o Senhor (Sl 33,9)".



PS: Vulgata - a versão mais difundida (ou mais aceita como autêntica) de um texto.

Somente o Senhor sacia nossa fome e sede (continuação)


Somente o Senhor sacia nossa fome e sede

“Irmãos, sigamos a vocação que nos chama da vida para a Fonte da vida, fonte não apenas de água viva, mas da eterna vida, Fonte de luz e de claridade; dela tudo provém, sabedoria e vida, luz eterna.

Autor da vida, é Fonte da vida; Criador da luz, Fonte da luz. Portanto, desprezando o que se vê e ultrapassando o mundo até as alturas dos céus, busquemos, quais peixes muito inteligentes e espertos, a Fonte da luz, a Fonte da vida, a Fonte de água viva, para bebermos a água viva que jorra para a vida eterna (cf. Jo 4,14).

Oxalá te dignes admitir-me a esta Fonte, Deus misericordioso, bom Senhor, onde eu, com os que têm sede de Ti, beberei da onda viva da Fonte viva de água corrente. Refeito por Sua indizível doçura, esteja sempre unido a ela e diga: “Quão doce é a fonte de água viva, donde nunca falta a água que jorra para a vida eterna!”

Ó Senhor, tu és esta fonte, sempre, sempre desejável, sempre, sempre a ser bebida. Dá-nos, sempre, Cristo Senhor, desta água, para que também em nós haja a fonte de água viva que jorra para a vida eterna. Grande coisa peço, quem o duvida? Mas tu, rei da glória, sabes dar grandes coisas e grandes coisas prometeste; nada maior do que tu e te deste a nós, te deste por nós.

Rogamos-te então que conheçamos o que amamos, porque não te pedimos dar-nos nada além de ti. Tu és o nosso tudo, nossa vida, nossa luz, nossa salvação, nosso Alimento, nossa Bebida, nosso Deus. Rogo-Te, nosso Jesus, inspira nossos corações com aquela brisa de Teu Espírito e fere nossas almas com Tua caridade. Que cada uma de nossas almas possa na verdade dizer: Mostra-me o amado de minha alma (cf. Ct 1,6), porque estou ferida de amor.

Desejo, Senhor, que se grave em mim esta ferida. Feliz a alma que assim foi ferida pela caridade; esta busca a fonte, esta bebe e, no entanto, sempre tem sede bebendo e sempre haure desejando aquela que sempre bebe sedenta. Assim sempre busca amando aquela que se cura ferindo.

Que Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, o bom médico eficaz, se digne ferir com a Chaga da salvação o íntimo de nossa alma. A Ele, com o Pai e com o Espírito Santo, pertence a unidade pelos séculos dos séculos. Amém”.

Que nossa orações nos tragam luz, força, sabedoria, alento, renovação da fé, fortalecimento da esperança e inflamação da caridade. Amém.

Ó Pai de Misericórdia!


Ó Pai de Misericórdia!

"Misericordiosos como o Pai" (Lc 6,36)

Alegremo-nos e exultemos: Deus nos escolheu como pedras vivas e escolhidas suas, para que sejamos edificados sobre Cristo, pedra angular. Portanto, com o coração transbordante de alegria, peçamos cheios de fé a Deus Pai todo-poderoso em favor de Sua amada Igreja, santa e pecadora, que somos:

Ó Pai do Céu, que sois o agricultor da vinha que Cristo plantou na terra, a Vossa Igreja, purificai, guardai e fazei que ela cresça, para que, sob o Vosso olhar, espalhemos por toda a terra Vossa luz, anunciando e testemunhando a Boa-Nova do Evangelho, de modo especial vivendo, na planície do quotidiano, o Programa de vida e santidade: as Bem-Aventuranças.

Ó Pastor Eterno, protegei e aumentai o Vosso pequenino rebanho que somos, para que como ovelhas Vossas, sejamos congregados na unidade, sob um só Pastor, Jesus Cristo, Vosso Unigênito e Amado Filho que, na Cruz morrendo, revelou-nos Vosso infinito amor, amando-nos até o fim.

Ó Pai de Amor, Vós que nos enviastes ao mundo Vosso Filho, a Palavra que Se fez Carne, dai-nos a graça de sermos deste Semeador providente, semeadores da Palavra em Vosso campo, para que dê frutos abundantes para a vida eterna, assim como torne fecundo nosso coração para acolher e frutificar a semente da Vossa Palavra nele também lançada.

Ó Pai Eterno, Vós que sois sábio construtor, santificai a Vossa Igreja, Vossa casa e Vossa família, para que apareça no mundo como Cidade Celeste, Jerusalém nova e Esposa sem mancha, na fidelidade ao Seu divino fundador, Vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor Nosso, com a luz, sopro e assistência, do Vosso Santo Espírito. Amém.


PS: Livre Adaptação das Preces das Laudes da quarta-feira da quarta Semana do Tempo Comum.

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