sexta-feira, 20 de setembro de 2024

A dignidade e a participação das mulheres na família e na sociedade

                                                       

A dignidade e a participação das mulheres na família e na sociedade

À luz dos parágrafos 451-458 da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe – Aparecida – 2007, reflitamos sobre a dignidade e a participação das mulheres na vida da Igreja e na sociedade.

A antropologia cristã ressalta a igual identidade entre homem e mulher, em razão de terem sido criados à imagem e semelhança de Deus, e o Mistério da Trindade nos convida a viver uma comunidade de iguais na diferença.

A sabedoria do plano de Deus exige que favoreçamos o desenvolvimento de sua identidade feminina, em reciprocidade e complementaridade com a identidade do homem.

Neste sentido, é significativa a prática de Jesus, em que ressalta a dignidade da mulher e o seu indiscutível valor. Uma prática fundamental para nosso contexto, marcado pelo machismo que ainda prepondera.

Vejamos algumas passagens dos evangelhos em que retrata a ação de Jesus em relação às mulheres:

- Jesus falou com elas (cf. Jo 4,27);
- teve singular misericórdia com as pecadoras (cf. Lc 7,36- 50; Jo 8,11);
- as curou (cf. Mc 5,25-34);
- reivindicou a dignidade delas (cf. Jo 8,1-11);
- as escolheu como primeiras testemunhas de Sua Ressurreição (cf. Mt 28,9-10);
- foram incorporadas ao grupo de pessoas que lhe eram mais próximas (cf. Lc 8,1-3).

Ressalta-se a figura de Maria, discípula por excelência entre discípulos, fundamental na recuperação da identidade da mulher e de seu valor na Igreja.

O canto do Magnificat (Lc 1,39-56), em especial, mostra Maria como mulher capaz de se comprometer com sua realidade, e diante dela ter voz profética.

Sendo a mulher corresponsável, junto com o homem, pelo presente e futuro de nossa sociedade humana, a reciprocidade deve marcar a relação entre estes, numa mútua colaboração, harmonização, complementação e empenho para somar todos os esforços.

É lamentado o fato de que inumeráveis mulheres, de toda condição, não sejam valorizadas em sua dignidade, estejam frequentemente sozinhas e abandonadas, não se reconheçam nelas suficientemente o abnegado sacrifício, inclusive a heroica generosidade no cuidado e educação dos filhos e na transmissão da fé na família.

Também é notável que muito menos se valoriza e não se promove, adequadamente, sua indispensável e peculiar participação na construção de uma vida social mais humana e na edificação da Igreja.

Some-se a isto que, ao mesmo tempo, sua urgente dignificação e participação são distorcidas por correntes ideológicas marcadas com o selo cultural das sociedades de consumo e do espetáculo, capazes de submeter as mulheres a novas formas de escravidão.

Faz-se necessário a superação da mentalidade machista, que ignora a novidade do cristianismo, onde se reconhece e se proclama a “igual dignidade e responsabilidade da mulher em relação ao homem”, na realidade da América Latina e do Caribe.

Num contexto em que as mulheres constituem, geralmente, a maioria de nossas comunidades, são as primeiras transmissoras da fé e colaboradoras dos pastores, os quais devem atendê-las, valorizá-las e respeitá-las.

Urge, portanto:

- escutar o clamor, muitas vezes silenciado, de mulheres que são submetidas a muitas formas de exclusão e de violência em todas as suas formas e em todas as etapas de suas vidas: as mulheres pobres, indígenas e afro-americanas têm sofrido dupla marginalização;

- que todas as mulheres possam participar plenamente na vida eclesial, familiar, cultural, social e econômica, criando espaços e estruturas que favoreçam maior inclusão;

- valorizar a maternidade como missão excelente das mulheres, sem que com isto se oponha ao seu desenvolvimento profissional e ao exercício de todas as suas dimensões, o que permite serem fiéis ao plano original de Deus, que dá ao casal humano, de forma conjunta, a missão de melhorar a terra.

Como Igreja é preciso:

- compartilhar, orientar e acompanhar projetos de promoção da mulher com organismos sociais já existentes;

- reconhecer o ministério essencial e espiritual que a mulher leva em suas entranhas: receber a vida, acolhê-la, alimentá-la, dá-la à luz, sustentá-la, acompanhá-la e desenvolver seu ser mulher, criando espaços habitáveis de comunidade e comunhão;

- reconhecer a vocação materna, que se cumpre através de muitas formas de amor, compreensão e serviço aos demais, pois a dimensão maternal também pode ser expressa na adoção de crianças e a elas oferecendo proteção e lar.

Algumas ações pastorais são propostas:

a) Impulsionar a organização da pastoral de maneira que ajude a descobrir e desenvolver em cada mulher e nos âmbitos eclesiais e sociais o “gênio feminino” e promova o mais amplo protagonismo das mulheres;

b) Garantir a efetiva presença da mulher nos ministérios, que na Igreja são confiados aos leigos, como também nas instâncias de planejamento e decisão pastorais, valorizando sua contribuição;

c) Acompanhar as associações femininas, que lutam para superar situações difíceis, de vulnerabilidade ou de exclusão;

d) Promover o diálogo com autoridades para a elaboração de programas, leis e políticas públicas, que permitam harmonizar a vida de trabalho da mulher com seus deveres de mãe de família.

Concluindo, embora a mulher seja insubstituível no lar, na educação dos filhos e na transmissão da fé, não se exclui a necessidade de sua participação ativa na construção da sociedade e, para isto, é necessário propiciar uma formação integral, para que elas possam cumprir sua missão tanto na família como na sociedade.

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

A compaixão do Senhor secará nossas lágrimas

A compaixão do Senhor secará nossas lágrimas

Na noite escura de tua vida,
Vi as lágrimas, como estrelas prateadas,
Verterem sobre o céu de tua face.

Iluminavam a noite dos pesadelos
Dos quais  ninguém pode estar isento.
Hora mais intensa, mas vai passar.

Lágrimas ao consumir-se de dor
Da partida de alguém que se amou
E para sempre e sempre há de se amar.

Reluziam ao expressar sofrimento,
Mas junto com elas a esperança acompanhada
Da superação, reencontro do sentido da vida.

Lágrimas caem para que o corpo não se curve,
Como que os pontos entregando,
Em prostração, sem nenhum passo, estático...

Virá o sol em um novo amanhecer,
Secará tuas e minhas lágrimas:
O brilho do Sol Maior virá ao nosso encontro.

Trará saúde em seus raios em novo amanhecer:
“Mas para vós que temeis o Meu nome,
brilhará o Sol de justiça que tem a cura em seus raios” (Ml 3,20).

Se não suportarmos o peso da cruz, choremos,
Vertamos lágrimas como estrelas prateadas
A iluminar a escuridão dos que nada creem.

Unamos nossas lágrimas ao sangue do Redentor,
Na hora de Sua imensa agonia, morte eminente:
Na solidão, mas na presença do Pai em oração.

“Entrando em agonia, Jesus orava com mais insistência.
Seu suor tornou-Se como gotas de sangue que caiam ao chão”
Unamo-nos à Sua agonia, por amor de nós vivida.

No monte das Oliveiras, Jesus, sozinho e triste,
Sofrendo e empalpando a terra com o seu Sangue.
Sangue divino, resgatando nossa miséria: pó que somos.

Sobre a terra dura, de joelhos perseverando em oração.
Chorando por ti, por mim e por toda a humanidade
Esmagado pelos pecados de todos nós.

Confiante na presença e na onipotência do amor do Pai,
Não desfalece, e em Sua imensa agonia,
Vem um anjo confortá-Lo em Sua humana natureza.

Vertamos lágrimas como estrelas prateadas.
Contemplemos o suor do Divino Redentor.
Quem suportaria tamanho sofrimento?

Quem nos amou tanto assim?
Choremos, supliquemos ao Senhor em todos os momentos.
Não serão em vão nossas lágrimas e o Sangue do Redentor.

Dai-nos, Senhor, o dom das lágrimas

                                                       

Dai-nos, Senhor, o dom das lágrimas

Em seu discurso aos párocos da Diocese de Roma, no dia 6 de março de 2014, o Papa Francisco fez referência à oração para pedir o dom das lágrimas, encontrada nos Missais antigos.

Assim se rezava na Oração da “Coleta”:

“Ó Deus onipotente e misericordiosíssimo, que fizestes sair da rocha uma fonte de água viva para o povo sedento, fazei sair, da dureza do nosso coração, lágrimas de arrependimento, para que possamos chorar os nossos pecados e merecer, por vossa misericórdia, a remissão. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que vive e reina na unidade do Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.”

Oremos:

Senhor, não mais bebemos da água que jorrou daquela rocha no deserto. Bebemos da água viva que tendes para nos oferecer (Jo 4,1-25). Saciai, Senhor, nossa sede de amor, vida e paz.

Senhor, contemplamos Vosso trespassado Coração, do qual verteu água e sangue, sinais que nos remetem aos Sacramentos do Batismo e da Eucaristia. Ajudai-nos a viver a graça do Batismo, nutridos pelo Vosso Corpo e Sangue, no Divino Banquete Eucarístico.

Senhor, façais sair, não obstante a dureza de nosso coração, as necessárias lágrimas de arrependimento, para que, contritos e com propósitos de conversão, choremos copiosamente nossos pecados, despindo-nos das obras das trevas, revestindo-nos com as armas da luz. (Rm 13,11-14a).

Senhor, não permitais que nosso coração fique endurecido, frio, curvado diante da globalização da indiferença, diante da dor, sofrimento e angústia de nosso próximo, sobretudo dos que se encontram feridos à beira do caminho (Lc 10,25-37).

Senhor, concedei-nos a graça de viver neste Tempo da Quaresma os sinceros propósitos de reconciliação convosco e com nosso próximo, na prática da oração, jejum e esmola, a fim de que façamos progressos maiores ainda na prática das virtudes divinas que nos movem, e assim, poderemos celebrar a alegria transbordante da Páscoa. Amém.

Ruínas, lembranças, lágrimas...

                                                          

Ruínas, lembranças, lágrimas...

Rever lugares em que se viveu mexe com as emoções,
Porque evocam lembranças de fatos, momentos e pessoas.

Revi o lugar onde nasci, e que algumas vezes retornei ainda criança.
Que saudade de memoráveis momentos, suave lembrança.

Três casas em ruínas...  Um sentimento quase indescritível.
As paredes não resistiram ao tempo, como tantas coisas que passam.

Nem mais avós, tios, primos... Ninguém mais!
Nem vozes, nem cantos, tampouco encantos, somente silêncio/vazio.

Ruínas, lembranças, lágrimas...

Nem animais no pasto, nem galos e galinhas nos terreiros,
Nem o som da roda do carro de boi, nem o tanger dos animais.

Nem água da cacimba, nem o delicioso som de sua queda em bica,
Nem frutos que se apanham no pé, saboreados deliciosamente.

Nem o produzir do melaço da cana e da inesquecível rapadura,
Nem paiol, nem moinho, nem o fogo crepitando no fogão a lenha.

Nem a alegria de alguns dias para ali se passar,
Nem a alegria das brincadeiras próprias de criança.

Ruínas, lembranças, lágrimas...

Silenciosamente chorei, por muito tempo fiquei refletindo,
E incontidas lágrimas vertidas, pelo seio da face correndo.

Lembrança torturante de muitos que já partiram,
Amenizada com a fé de que a morte não tem a última palavra.

A vida tem seu curso, para onde muitas vezes não sabemos,
Por isto é preciso valorizar cada instante como dádiva divina.

Instantes que não voltam, que deixam marcas na alma,
Como cicatrizes irremovíveis, ora agradáveis, ora nem tanto.

Ruínas, lembranças, lágrimas...

O triste cenário das ruínas das casas,
Lembranças sedimentadas, agora ressuscitadas.

As lágrimas da dor da saudade, fortemente sentida,
Expressam a inevitável transitoriedade de nossa vida.

Cada um tem suas ruínas, lembranças e lágrimas para verter...
Que cada um veja suas ruínas, viva suas lembranças, chore se preciso...

Mas há algo que jamais se tornará ruína, falou-nos o Senhor:
A vida que sobre a rocha de Sua Palavra se edifica.

Ruínas, lembranças, lágrimas...

Há as ruínas inevitáveis.
Há as ruínas indesejáveis.

Há as ruínas evitáveis:
De um lar, de uma família...

Há lembranças cortantes.
Há lembranças puro deleite.

Se lágrimas caírem silenciosamente
Que sejam de doce lembrança... 

Lágrimas de arrependimento, novos propósitos

                                                       

Lágrimas de arrependimento, novos propósitos

Em seu discurso aos párocos da Diocese de Roma, no dia 6 de março de 2014, o Papa Francisco fez referência à oração para pedir o dom das lágrimas, encontrada nos Missais antigos.

Assim se rezava na Oração da “Coleta”:

“Ó Deus onipotente e misericordiosíssimo, que fizestes sair da rocha uma fonte de água viva para o povo sedento, fazei sair, da dureza do nosso coração, lágrimas de arrependimento, para que possamos chorar os nossos pecados e merecer, por vossa misericórdia, a remissão. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que vive e reina na unidade do Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.”

Oremos:

Senhor, não mais bebemos da água que jorrou daquela rocha no deserto. Bebemos da água viva que tendes para nos oferecer (Jo 4,1-25). Saciai, Senhor, nossa sede de amor, vida e paz.

Senhor, contemplamos Vosso trespassado Coração, do qual verteu água e sangue, sinais que nos remetem aos Sacramentos do Batismo e da Eucaristia. Ajudai-nos a viver a graça do Batismo, nutridos pelo Vosso Corpo e Sangue, no Divino Banquete Eucarístico.

Senhor, façais sair, não obstante a dureza de nosso coração, as necessárias lágrimas de arrependimento, para que, contritos e com propósitos de conversão, choremos copiosamente nossos pecados, despindo-nos das obras das trevas, revestindo-nos com as armas da luz. (Rm 13,11-14a).

Senhor, não permitais que nosso coração fique endurecido, frio, curvado diante da globalização da indiferença, diante da dor, sofrimento e angústia de nosso próximo, sobretudo dos que se encontram feridos à beira do caminho (Lc 10,25-37).

Senhor, concedei-nos a graça de viver sinceros propósitos de reconciliação convosco e com nosso próximo, na prática da oração, jejum e esmola, a fim de que façamos progressos maiores ainda na prática das virtudes que nos movem – carregando com fidelidade nossa cruz quotidiana. Amém.

A Água do Batismo e as lágrimas da Penitência

                                                       

A Água do Batismo e as lágrimas da Penitência

Vejamos o que nos diz o Catecismo da Igreja sobre a conversão e as duas águas da Igreja: a água do Batismo e as lágrimas da penitência:

“Ora, o apelo de Cristo à conversão continua a fazer-se ouvir na vida dos cristãos.

Esta segunda conversão é uma tarefa ininterrupta para toda a Igreja, que «contém pecadores no seu seio» e que é, «ao mesmo tempo, santa e necessitada de purificação, prosseguindo constantemente no seu esforço de penitência e de renovação».

Este esforço de conversão não é somente obra humana. É o movimento do «coração contrito» atraído e movido pela graça  para responder ao Amor misericordioso de Deus, que nos amou primeiro.

Testemunho disto mesmo, é a conversão de Pedro, depois de três vezes ter negado o Seu Mestre. O olhar infinitamente misericordioso de Jesus provoca-lhe lágrimas de arrependimento e, depois da Ressurreição do Senhor, a tríplice afirmação do seu amor para com Ele.

A segunda conversão tem, também, uma dimensão comunitária. Isto aparece no apelo dirigido pelo Senhor a uma Igreja inteira: «Arrepende-te!» (Ap 2, 5-16).

Santo Ambrósio diz, a respeito das duas conversões que, na Igreja, «existem a água e as lágrimas: a Água do Batismo e as lágrimas da Penitência»” .(CIC 1428-1429)

A Água de todas as águas: a Água do Batismo! A mesma que jorrou do lado aberto do Senhor, no alto da Cruz, por Amor de nós crucificado, como tão bem expressou o Evangelista João:

“Deus amou tanto o mundo que entregou o Seu Filho único, para que todo o que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

O mesmo Evangelista também nos fala da água que jorrou do seu lado, quando narra a Paixão e Morte do Senhor:

Mas um dos soldados, traspassou-lhe o lado com a lança e imediatamente saiu Sangue e Água” (Jo 19,34).

A primeira Água é aquela na qual fomos submersos, para que, morrendo para o pecado, vivamos para Deus (Rm 6,1-11).

E, como batizados, para testemunharmos a vida nova que o Senhor nos alcançou – “Ele que foi manifestado na Carne, justificado no Espírito, aparecido aos anjos, proclamado às nações, acreditado no mundo, exaltado na glória” (1 Tm 3,16).

Há a água da penitência, que a pecadora derrama copiosamente nos pés de Jesus, banhando-os com perfume, secando-os com seus cabelos, e cobrindo-os de beijos (Lc 7,36-50). 

Jesus soube tornar puros as lágrimas e os beijos da pecadora, porque todos somos pecadores e precisamos derramar esta segunda água  em atitude de penitência, reconhecedores de nossa finitude, limitações, miséria, curvando-nos aos pés do Senhor, rico em misericórdia, para que por Ele, amados sejamos, perdoados também e vida nova encontremos.

Amados e perdoados, tão somente assim, podemos também amar e perdoar. E só podemos amar e perdoar, porque o Senhor nos amou e nos perdoou primeiramente.

Lágrimas...

                                                        


Lágrimas...

As lágrimas nos olhos da viúva verteram,
Ao carregar o corpo morto do filho único,
Enterrava sua esperança, sua segurança,
Seu porto seguro, não mais consigo.

Restava tão apenas seguir o cortejo,
Depositar o corpo no local preparado
Para que se cumpra a Palavra:
“Do pó viestes, ao pó retornas”

Que mais podia ela esperar, agora tão solitária,
Sem o fruto nascido de suas entranhas?
Enterrar um pedaço de si mesma,
Pois assim se sente toda mãe ao fazer isto.

Agora ficariam as lembranças corrosivas da alma
O vazio da ausência, preenchido pela saudade,
Que tende a crescer a cada dia que passa,
Crescerá a saudade, porque expressão de amor.

Vendo as lágrimas nos olhos da viúva,
O coração do Senhor mais uma vez foi tocado,
Por ela compaixão sentindo, a vida ao filho devolvendo...
"Levanta-te, Eu te ordeno!"

As Palavras do Senhor se fizeram ouvir,
Manifestando Seu poder sobre a vida e a morte.
Nada pode impedir a ação do Deus de Amor,
Nem mesmo a dor, a enfermidade e a morte.

É próprio do Amor de Deus, glorifico:
Romper a barreira do aparentemente impossível,
Para nos devolver a vida, a serenidade,
A esperança, os sonhos, as alegres conquistas.

Lágrimas...

Dos olhos de outra mulher, lágrimas foram vertidas,
E, com elas, os pés do próprio Senhor banhou,
Com seus cabelos, rompendo preconceitos,
Os secou, com perfume ungiu, de beijo cobriu.

É a pecadora publicamente conhecida,
Que carregava o peso de uma vida vazia e sem sentido,
Vida agora renovada, pelo Amor Encarnado, perdoada,
Pela fé que tinha, salva, em paz, novos caminhos.

Jesus não seca suas lágrimas, mas permite que caiam,
Que elas vertam, porque são suave expressão de amor,
De acolhida, sede de perdão, e ainda mais, compreensão,
Para um reencontro consigo mesma, para feliz ser.

Ela acreditou que tão somente Jesus
Com jeito novo a amaria, sem dúvida alguma,
Que suas lágrimas em vão não cairiam,
Sabe que é bem pouco o que oferece, pelo muito recebido.

Prostra-se aos pés do Senhor, que ama e perdoa,
Uma lição para a humanidade deixaria.
Alegria encontramos quando o mesmo fazemos,
Descendo de nossa arrogância e hipocrisia.

Jesus não seca as suas lágrimas, ao contrário,
Permite que elas copiosamente se multipliquem,
Pois somente quando nossos pecados choramos,
Com penitência e propósitos acompanhados, renascemos.

Lágrimas...

As lágrimas da viúva e as lágrimas da pecadora
Encontram do Senhor resposta diferente:
A uma Ele ama e a alegria e a vida do filho devolve,
A outra ama e a alegria da vida nova comunica.

Vertamos nossas lágrimas diante do Senhor,
Também com sede de vida, alegria e esperança,
Imensurável sede de perdão, compreensão,
Acolhida, confiança e o Amor do Senhor encontramos.

Lágrimas...

PS: Poema inspirado nas passagens do Evangelho de São Lucas  (Lc 7, 11-17 e 7,36-50). 

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