quinta-feira, 19 de setembro de 2024

“O Amor jamais passará”

                                                              

“O Amor jamais passará”

“Agora, portanto, permanecem estas três coisas:
a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor.”
(1Cor 13, 13)

Senhor Jesus, aprendemos, com o discípulo que amáveis,
Que não quereis que sejamos Vossos servos tão apenas,
Quereis muito mais: que sejamos Vossos amigos.
Quereis conosco uma relação de intimidade e comunhão.

Bem sabemos que o servo trabalha,
E vive em função de um justo salário,
Sem compromissos maiores com o seu senhor,
Além do vínculo do trabalho, de formais responsabilidades.

Sois nosso Amigo Maior, de todos os amigos que tenhamos.
Um Amigo que Se comprometeu com a humanidade,
Amando, e a vida entregando no trono da Cruz;
Amor total, pleno, irrenunciável e incondicional.

Queremos ser Vossos sinceros amigos,
Crendo nos valores pelos quais morrestes,
Na sedução necessária por Vossa Pessoa e Palavra,
Comprometidos pela Boa Nova do Vosso Reino.

Senhor, contando com a Vossa divina presença,
E com o Espírito Santo Paráclito de Deus,
No bom combate da fé, que nos impele,
Darmos, com amor, razões de nossa esperança.

Senhor, que amigos Vossos para sempre sejamos;
Comprometidos convosco, sem medos e recuos,
Colocando nossos dons a serviço da vida plena,
Empenhados na construção da civilização do amor.

Amor que não fala, Amor que apenas ama.
Amor ágape, Amor que cria laços indestrutíveis,
Quando selado e nutrido pelo Pão de imortalidade,
Recebido e celebrado em cada Mesa da Eucaristia.

Que vivamos o Vosso autêntico Amor,
Pelo Apóstolo eternamente cantado,
Na inesquecível Carta aos Coríntios:
O Amor que basta a si mesmo, 
Amor que jamais passará.

Em poucas palavras...

                                                                 

                                

                                   Pecadores que somos...

Pecadores que somos, sejamos acolhidos pela misericórdia divina, estendendo nossas mãos para as Mãos Misericordiosas do Pai, que sempre acolhe e abraça, assim como puderam experimentar a pecadora surpreendida em adultério, e aquela que ao Senhor muito amou, e aos Seus pés se prostrou, através de Jesus Cristo, a face misericordiosa de Deus.  (cf. Jo 8,1-11; Lc 7,36-50).

O “poder-serviço” deve ser a marca do discípulo do Senhor (XXVDTCB)

                                                             

O “poder-serviço” deve ser a marca do discípulo do Senhor

A Liturgia do 25º Domingo do Tempo Comum (Ano B) nos convida a refletir sobre as condições para o seguimento de Jesus, no acolhimento de Sua Palavra, para anunciá-La e testemunhá-La.

O discípulo de Jesus terá que discernir sempre para pautar a sua vida na “sabedoria de Deus” e não na “sabedoria do mundo”.

A passagem da primeira Leitura (Sb 2,12.17-20) aprofunda sobre a sabedoria de Deus: vivê-la implica em suportar as perseguições, num aparente caminho de fracasso, opondo-se a toda forma de idolatria, numa verdadeira adoração a Deus.

O autor sagrado do Livro mais recente do Antigo Testamento assegura que vale a pena ser justo e fiel aos valores da fé; garante que a fidelidade do justo a Deus não ficará sem recompensa.

A sabedoria de Deus deve ser vivida até a morte, por amor, em relação de serviço, unidade, caridade, verdade, construindo um mundo mais justo e fraterno.

É preciso renunciar a todo orgulho e autossuficiência, pois a vivência da sabedoria do mundo condena ao vazio, à frustração, à depressão, à escravidão e a uma felicidade ilusória, passageira.

Somente a sabedoria de Deus é garantia de uma verdadeira felicidade, realização plena, embora não garanta uma vida fácil, pois mesmo na vida daquele que a vive pode estar presente a calúnia, a perseguição, a tortura e até mesmo o martírio.

Com a passagem da segunda Leitura (Tg 3,16-4,3), refletimos sobre os perigos que destroem uma comunidade: orgulho, ambição, inveja, competição, egoísmo...

O batizado deve viver segundo os critérios de Deus, e, portanto, a necessária vigilância e conversão.  

A opção pela sabedoria do mundo não é um caminho para a realização plena do homem, pois gera somente infelicidade, desordem, guerras, rivalidades, conflitos e mortes.

De outro lado, a sabedoria de Deus deve plenificar o nosso coração e iluminar as nossas decisões. Somente assim nossa Oração será ouvida por Deus, pois a Oração que é movida pela sabedoria do mundo não tem sentido algum.

Na passagem do Evangelho (Mc 9,30-37), Jesus mais uma vez anuncia a Sua Paixão e Morte (2º anúncio), e nos apresenta a verdadeira concepção de poder que os Seus seguidores devem possuir.

O Evangelista nos apresenta Jesus como o Filho de Deus, que oferece Sua vida como dom, por amor a humanidade. Assim também terão que fazer os Seus seguidores; precisarão ter a coragem de viver a lógica de Deus, tão oposta à lógica humana. Deverão ter coragem e disposição para embarcar com Ele na mais bela de todas as aventuras: a aventura do Reino de Deus.

Seguirão um caminho que poderá ter aparência de fracasso, mas terá como palavra última a vitória assegurada pelo Cristo Ressuscitado. A adesão ao Senhor implica em seguir o mesmo caminho que Ele percorreu, portanto o discipulado é essencialmente Pascal, precedido da Paixão e Morte.

Seguir Jesus implicará em viver o “poder-serviço”. Não haverá a busca dos primeiros lugares, mas com humildade cada um se colocar alegre e generosamente a serviço de todos, a partir dos últimos. 

Esta humildade, no entanto, não consiste na virtude do medroso, covarde, medíocre, ao contrário, é preciso ter consciência de que a vida só tem beleza e sabor quando consumida e colocada a serviço do outro. Somente assim se alcança e se saboreia as delícias de uma autêntica “felicidade-doação”.

A criança mencionada no Evangelho representa os frágeis, os sem direitos, os pobres, os indefesos, os insignificantes, os marginalizados. São estes que devem ocupar nossas pautas, mente e coração; é esta realidade que nos incomoda e nos pede compromissos evangélicos de amor e solidariedade.

Resumindo, somos convidados a viver a sabedoria de Deus que passa pela Cruz, que possui aparência de fracasso, mas é certeza de vitória; na doação da própria vida, acolhendo as críticas, as perseguições, as incompreensões (Mt 5,1-12 – as Bem-Aventuranças), numa vida de serviço por amor, alegremente, deixando nossas atitudes e pensamentos moverem-se pelos critérios de Jesus.

Urge que a virtude da humildade se concretize na acolhida e serviço aos pequenos, que são os preferidos de Deus. E como afirmou Jon Konings – “Os humildes despertam a força do amor que dorme no coração do ser humano”.

Cuidando dos preferidos de Deus, estaremos cuidando do próprio Deus (Mt 25 – o julgamento final).

Como Igreja, Povo Eleito do Senhor, sejamos uma comunidade de serviço: serviço de unidade, caridade, verdade; aprendendo a viver a complementaridade e subsidiariedade.

Reflitamos:

 Qual sabedoria pauta nossa vida: a do mundo ou a de Deus?
 O que constrói ou destrói nossas comunidades?

 Qual a nossa alegria em embarcar na aventura do Reino de Deus?
 De que modo o poder é verdadeiramente serviço dentro e fora da Igreja?

- Quem foi eleito para qualquer cargo o exerce com doação, promovendo o bem comum, no compromisso com os últimos de nossa sociedade?
 Todos nós temos algum poder (família, escola, trabalho...). Como o exercemos?

Caminhando em frente, demos mais um passo na fidelidade ao Senhor, com renúncias necessárias, carregando quotidianamente nossa cruz, até que mereçamos a glória e o descanso eterno. Amém.

“A loucura evangélica é a suprema sabedoria” (XXVDTCB)

                                                        

“A loucura evangélica é a suprema sabedoria”

No 25º Domingo do Tempo Comum (ano B) proclamamos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 9, 30-37), que trata do segundo anúncio da Paixão do Senhor, que desconcerta os discípulos, porque compreendem que seguir Jesus implica em viver como Ele; tornar-se como Ele, servos de todos.

Assim nos diz o comentário do Missal:

“... A experiência deveria mostrar que a suposta loucura evangélica é a suprema sabedoria. A cobiça, a intolerância, a inveja, a submissão aos instintos humanos de posse e de domínio, sempre geraram guerras e conflitos, encobertos ou declarados, não só no mundo, mas também nas comunidades cristãs e na própria Igreja.

Os frutos da paz e da justiça amadurecem lentamente, mas com firmeza, quando cada qual, em vez de tentar dominar os outros, torna-se humilde ‘servo de todos’. As comunidades cristãs, a Igreja, ‘serva e pobre’, devem oferecer ao mundo uma imagem da cidade do Alto.” (1)

Que ao celebrar o Mistério da Eucaristia, mais uma vez, alimentados por Ela e pela Palavra proclamada, também nós, discípulos missionários, renovemos sagrados compromissos de nos tornarmos, cada vez mais, como Jesus, nosso Divino Mestre e Senhor.

Deste modo cumpriremos plenamente a Lei Divina impressa nas entranhas de nosso coração, e viveremos o duplo Mandamento do Amor a Deus e ao próximo, e para tanto supliquemos a graça divina necessária, como assim rezamos na primeira Oração da Missa, a Oração da Coleta.


(1) Missal Quotidiano Dominical e Ferial - Editora Paulus - p.1959

PS: oportuno para a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 17,22-27)

Humildade e simplicidade (XXVDTCB)

                                                               


Humildade e simplicidade

‘Aquele que se fizer pequeno como esta criança,
esse será o maior no Reino dos céus’.

Com o Sermão de São Máximo de Turim (séc. V), somos exortados à humildade necessária para chegarmos ao Reino de Deus, e a simplicidade entramos no Céu.

“Se escutastes com atenção a Leitura Evangélica podereis compreender o respeito que se deve aos Ministros e Sacerdotes de Deus e a humildade com que os próprios clérigos devem prevenir-se uns aos outros.

De fato, tendo os Seus discípulos perguntado ao Senhor quem deles seria o maior no Reino dos Céus, aproximando a uma criança, a colocou no meio deles e lhes disse: ‘Aquele que se fizer pequeno como esta criança, esse será o maior no Reino dos céus’. De onde deduzimos que pela humildade se chega ao Reino, pela simplicidade se entra no Céu.

Portanto, quem deseje escalar o cume da divindade empenhe-se por alcançar os abismos da humildade; quem deseje preceder ao seu irmão no Reino, deve antes antecipar-se no amor, como diz o Apóstolo:

'Estimando aos demais mais do que a si mesmo’. Supere-se na afabilidade, para poder vencer-lhe em santidade. Pois se o irmão não te ofendeu é credor ao dom de teu amor; e se talvez tiver te ofendido, é ainda mais credor a dádiva de tua superação. Esta é realmente a quintessência do cristianismo: devolver amor por amor e responder com a paciência a quem nos ofende.

Assim, quem for mais paciente em suportar as injúrias, mais potente será no Reino. Porque ao império dos céus não se chega mediante um brilhante título abonado pela faustuosidade das riquezas, mas mediante a humildade, a pobreza, a mansidão. ‘Quão estreita é a porta e quão apertado o caminho que conduz à vida!’.

Em consequência, quem estiver rompante de honras e carregado de ouro, qual jumento sobrecarregado, não conseguirá passar pelo apertado caminho do Reino. E no preciso momento em que acreditar ter chegado à porta estreita, ao não dar espaço a sua carga, lhe impedirá de entrar e se lhe obrigará a retroceder.

A porta do céu é para o rico tão apertada como estreita é ao camelo o furo de uma agulha. ‘É mais fácil um camelo passar pelo furo de uma agulha que um rico entrar no Reino dos Céus’”. (1)

Aspirando o cume da divindade, urge que nos empenhemos em viver a humildade, sem o que nos distanciamos do Reino e não entraremos no Céu, como tão bem expressou São Máximo.

É sempre necessário que nos despojemos do supérfluo, provisório, para nos enriquecermos do essencial e dos valores eternos que dão sentido ao nosso existir.

Enriquecidos pela graça de Deus, nosso Sumo Bem, seremos mais fiéis ao Senhor, e por esta porta estreita poderemos passar, porque também conduzidos e cumulados das riquezas do Santo Espírito que em nós habita.

Como a santidade não é um processo acabado, é preciso que nos coloquemos sempre num contínuo esforço de vivermos na humildade e simplicidade de coração, com absoluta confiança em Deus, que age em nós e por meio de nós.


(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes – pp.470-471

O pecado capital da inveja (XXVDTCB)

                                                    

O pecado capital da inveja

“A inveja pode levar às piores ações.
‘É pela inveja do demônio que a morte
entrou no mundo’ (Sb 2, 24).

O Apóstolo Tiago em sua Epístola (Tg 3,16-4,3) nos apresenta alguns problemas que maculam a comunidade: inveja, rivalidade, desordem de toda espécie de más ações, a desordem das paixões dentro de cada pessoa, e por fim a cobiça.

Destaco a inveja. Voltemo-nos para o Catecismo da Igreja, que nos enriquece, para que todos nos coloquemos em atitude de conversão, banindo quaisquer sentimentos de inveja que possam tomar conta de nossa mente e coração.

“A inveja pode levar às piores ações (Gn 4,3-8). É pela inveja do demônio que a morte entrou no mundo:

‘Nós nos combatemos mutuamente, e é a inveja que nos arma uns contra os outros... Se todos procuram por todos os meios abalar o Corpo de Cristo, onde acabaremos? Nós estamos enfraquecendo o Corpo de Cristo... Declaramo-nos membros de um mesmo organismo e nos devoramos como feras’ (São João Crisóstomo).

A inveja é um vício capital. Designa a tristeza sentida diante do bem do outro e do desejo imoderado de sua apropriação, mesmo indevida. Quando deseja um grave mal ao próximo, é um pecado mortal:

Santo Agostinho via na inveja ‘o pecado diabólico por excelência’.

‘Da inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria causada pela desgraça do próximo e o desprazer causado por sua prosperidade’ (São Gregório Magno).

A inveja representa uma das formas da tristeza e, portanto, uma recusa da caridade; o batizado lutará contra ela, mediante a benevolência. A inveja provém muitas vezes do orgulho; o batizado se exercitará no caminho da humildade:

‘Quereríeis ver Deus glorificado por vós? Pois bem, alegrai-vos com os progressos do vosso irmão e imediatamente Deus será glorificado por vós. Deus será louvado, dirão, porque seu servo soube vencer a inveja, colocando a sua alegria nos méritos dos outros’(São João Crisóstomo”. (1)

Sim, verdadeiramente, a inveja é um dos sete pecados capitais que muito destrói a comunidade, a família ou qualquer outro espaço de vivência e relacionamento.

Para vencermos este pecado, peçamos a Deus o dom da fortaleza, para que gastemos nossas forças no desenvolvimento das capacidades que nos foram dadas pela graça divina.

Não devemos invejar ninguém, pois cada pessoa tem seus dons, qualidades, capacidades. Importa que cada um desenvolva as aptidões que possui, e as coloque generosamente a serviço do outro.

Sentimento de inveja nutrido traz enfraquecimento e empobrecimento. Sentimento da inveja vencido nos faz mais fortes e agradecidos a Deus pelos bens e graças que Ele nos oferece.


(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafos nn. 2538-2540

“Sejamos primeiros para os outros” (XXVDTCB)

                                                            

“Sejamos primeiros para os outros”

Para aprofundamento da Liturgia do 25º Domingo do Tempo Comum (ano B):

A verdadeira autoridade não está em estar acima dos outros, oprimir os outros, na afirmação de si mesmos reduzindo os outros a escravos, clientes ou aduladores; está em ‘ser primeiros para os outros’. Em colocar o que se tem de bom a serviço de todos.

Isto cria a nova grandeza evangélica, que é verdadeira grandeza, porque, se é verdade que ‘os primeiros serão os últimos’, é verdade também que ‘os últimos’ (estes últimos dos quais nos falou o Evangelho serão os primeiros (Mt  20,16)”. (1)

Parece pequena a diferença, mas na verdade é de imensa: é preciso antes “ser primeiro que os outros”, “ser primeiro para os outros”.

Quantas vezes, vemos disputas para ver quem é o melhor, quem chega primeiro, quem tem mais acesso, mais ibope... A lista é interminável.

Na verdade deve ser colocada a questão: primeiro, para dominar ou para servir melhor?

Primeiro que o outro em tudo, para enriquecimento pessoal ou para enriquecimento do outro?

A busca do primeiro que o outro só tem sentido se for movido pelo amor doação, serviço, para que todos tenham vida e vida plena.

Sejamos os primeiros a:

- nos colocar alegremente no carregar da cruz, em solidariedade com os crucificados.

- carregar nossa cruz de cada dia, com renúncias, coragem e fidelidade, testemunhando e ajudando o próximo no carregar de sua cruz, como “Cirineus”, que o mundo tanto precisa...

- promover o bem, a verdade, a justiça, a ética, os valores que, se vividos, tornam o mundo mais belo.

Sejamos os primeiros a estender a mão a quem mais precisa. Primeiro, para amar e servir. Eis a grande lição que Jesus nos dá na passagem do Evangelho (Mc 9, 30-37).


(1) O Verbo Se faz Carne - Raniero Cantalamessa - Editora   Ave Maria - 2013 - p.438

PS: Oportuno para reflexão sobre a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 17,22-27; Nc 9,30-37)

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