terça-feira, 30 de julho de 2024

A comunidade do Ressuscitado

                                                           

A comunidade do Ressuscitado

Uma reflexão à luz da passagem da Primeira Carta do Apóstolo Paulo aos Tessalonicenses (1Ts 1,5c-10).

A comunidade de Tessalônica era uma comunidade entusiasta e exemplar, pela fé ativa, caridade esforçada e de firmeza na esperança; mas o Apóstolo convida a dar mais um passo, ou seja, manter a alegria apesar dos sofrimentos, das dificuldades, das perseguições, pois este é necessariamente e inevitavelmente o dinamismo do Evangelho.

A alegria e o sofrimento fazem parte do dinamismo da missão evangelizadora, de modo que na obscuridade, o Evangelho é luz. Na secura, Água Cristalina. Na fome de amor e vida, o Pão. Em situações de opressão, a Palavra que liberta.

A comunidade de Tessalônica, apesar de toda dificuldade, não é uma ilha. Confiando em Deus, ela se tornou a semente de fé e de amor que gerou frutos em outras comunidades. 

De fato, não somos uma ilha, pois a fé nos faz uma só Igreja: missionária, misericordiosa, viva e solidária.

Acolhendo a exortação do Apóstolo, empenhemo-nos para formarmos nossas comunidades com estas características indispensáveis para quem professa a fé no Ressuscitado.


PS: Apropriada para  a passagem - 1 Ts 1,1-5.8b-10

Senhor, sois para mim...

Senhor, sois para mim...

Senhor, sois para mim o Messias desde sempre esperado,
E na plenitude dos tempos, na história da humanidade encarnado;

O descendente de Abraão,
E exulto por Vos conhecer, crer e testemunhar.

Sois muito mais do que Moisés,
Pois por ele veio a Lei, por Vós, Amor e fidelidade.

Sois o Filho de Davi prometido,
A quem clamo Hosana no mais alto dos céus;

A grande promessa por Deus feita,
E em nada decepcionastes a promessa, em fidelidade incondicional.

Senhor, sois a Divina Fonte da Sabedoria,
Muito mais que qualquer humano, até mesmo Salomão;

Mais do que João Batista,
Porque ele a voz no tempo, Vós a Palavra eterna, desde sempre...

Sois a máxima expressão do Amor de Deus,
Que, desde sempre, pelos Profetas anunciado, promessa realizada;

Aquele que entra em nossos sonhos e desejos,
Não para sufocá-los, mas para ampliá-los, elevá-los e realizá-los.

Sois o Dom do Pai ao mundo enviado,
E para sempre em nosso meio, com o Santo Espírito, Ressuscitado.

Sois o Amor perene e irrevogável,
Que suporta inconstâncias e infidelidades;

A Palavra que se fez Carne,
Palavra que vivifica e garante a perfeita liberdade;

Sois a revelação maviosa de Deus Pai,
Pois disseste: “quem me vê, vê o Pai que me enviou”.

Sois um Deus incompreendido, rejeitado,
Que espera como resposta tão apenas ser amado;

Um Deus que Se fez homem, por Amor
Entrastes no mundo com humildade e o transformou, renovou...

Sois a mais bela História da Salvação Divina,
E a cada dia que vivo, posso escrever uma página nesta história.

Sois Aquele que, assumindo a natureza humana,
Sem pecado, a elevou a uma esfera mais alta, a desejada esfera divina.

Senhor, sois para mim o meu Tudo,
Porque sem Vós, sou simplesmente nada.

Sois Aquele de quem ainda que muito tenha falado
Ainda nada disse, porque Mistério inesgotável;

Aquele que está sempre comigo.
Quantas vezes esta presença suave tenho sentido:

Presença na Palavra e no Pão,
Mas também presença em cada irmã e irmão.

Sois Aquele que me chama,
Me envia, me acompanha no carregar da cruz;

Aquele que não me deixa desfalecer,
Porque há um mundo a ser iluminado, fermentado.

Senhor, sois Aquele que não permite minha insipidez,
Porque há um mundo que precisa o sabor de Deus conhecer.

Uma conversa hipotética e interminável...

                                               

Uma conversa hipotética e interminável...

Livre pensar sem pretensão alguma mais, 
a não ser de ajudar a crescer e amadurecer 
no que há de essencial do cristianismo: Amar!

Livre pensar para evangelicamente amar!
Livre pensar para o Mandamento Maior vivenciar.
Livre pensar para melhor viver e proclamar.
Livre pensar para o amor anunciar e testemunhar!

Apóstolo Paulo, diga-me duas palavras apenas sobre o amor
 O amor é a plenitude da lei” e “O amor jamais passará”
(muito mais do que três você poderia dizer com suas Cartas).

E permita-me pedir a terceira:
 “Nada fiqueis devendo, a não ser o amor mútuo”.

Santo Agostinho, diga-me duas palavras também:
 A medida do amor é amar sem medida."
 “Ame e faça o que quiseres”.

E uma terceira, se também eu puder pedir:
 “Tarde Te amei, ó beleza tão antiga e tão nova...”

Transcorridos séculos pergunto a um cantor/poeta:
 Qual é o sinônimo de amor e ele me responderá:
 “Sinônimo de amor é amar!”

E um outro assim cantou...
 Por ser exato, o amor não cabe em si. Por ser encantado, o amor revela-se. Por ser amor, invade e fim".

Hipotética e interminável conversa, 
por que o amor é indizível!
Quanto se diga, quanto se há de viver...
Quanto há de se amar, dívida salutar...
A dívida de amor é amar!
Ó maravilhosa dívida que a todos nos enriquece,
Quanto mais a pagamos,
Mais a vida de teias consistentes se tece!

Proclamar a Palavra é nossa missão

                                                                 

Proclamar a Palavra é nossa missão

À luz da passagem da Carta de Paulo aos Tessalonicenses (1 Ts 2,7b-9.13), refletimos sobre a comunidade de Tessalônica, onde se acolheu com alegria a Palavra do Missionário, apesar das dificuldades, provações.

Era notável a fé ativa da comunidade, acompanhada da caridade esforçada e a firmeza de sua esperança; com gestos de acolhida, fidelidade e solidariedade.

O coração de Paulo transborda de alegria e agradecimento para com esta, a ponto de se dirigir a ela falando que a mesma nasceu do esforço missionário feito com “ternura de Mãe” e com autenticidade ao anúncio.

O Apóstolo fala de uma comunidade que escuta, acolhe e vive a Palavra e, consequentemente, a fertilidade e fecundidade se fazem presentes nela, com frutos Pascais.

A corrente de amor, que se criou entre o Apóstolo e os fiéis, foi crescendo em intensidade e qualidade, como deve acontecer com os pastores e as comunidades a eles confiadas.

Paulo não se tornou um peso para as comunidades, pois sobreviveu de seu trabalho, objetivando única e exclusivamente a salvação de todos.

Reflitamos:

 -  Somos testemunhas alegres, vivas, entusiastas, generosas, uma comunidade onde se vive a gratuidade e o amor para com Deus e com o próximo?
-  Somos vigilantes para não incorrermos em contratestemunhos, sendo amargos, egoístas, agressivos, cansados e desanimados?

 -  Deixamo-nos interpelar pela Palavra de Deus?
 -  Pregamos a Palavra de Deus ou a nós mesmos?

Aprendamos com o Apóstolo e a comunidade de Tessalônica, para que façamos progressos ainda maiores, renovando a alegria e a graça de sermos discípulos missionários do Senhor.

Ó Pai de Misericórdia!


Ó Pai de Misericórdia!

"Misericordiosos como o Pai" (Lc 6,36)

Alegremo-nos e exultemos: Deus nos escolheu como pedras vivas e escolhidas suas, para que sejamos edificados sobre Cristo, pedra angular. Portanto, com o coração transbordante de alegria, peçamos cheios de fé a Deus Pai todo-poderoso em favor de Sua amada Igreja, santa e pecadora, que somos:

Ó Pai do Céu, que sois o agricultor da vinha que Cristo plantou na terra, a Vossa Igreja, purificai, guardai e fazei que ela cresça, para que, sob o Vosso olhar, espalhemos por toda a terra Vossa luz, anunciando e testemunhando a Boa-Nova do Evangelho, de modo especial vivendo, na planície do quotidiano, o Programa de vida e santidade: as Bem-Aventuranças.

Ó Pastor Eterno, protegei e aumentai o Vosso pequenino rebanho que somos, para que como ovelhas Vossas, sejamos congregados na unidade, sob um só Pastor, Jesus Cristo, Vosso Unigênito e Amado Filho que, na Cruz morrendo, revelou-nos Vosso infinito amor, amando-nos até o fim.

Ó Pai de Amor, Vós que nos enviastes ao mundo Vosso Filho, a Palavra que Se fez Carne, dai-nos a graça de sermos deste Semeador providente, semeadores da Palavra em Vosso campo, para que dê frutos abundantes para a vida eterna, assim como torne fecundo nosso coração para acolher e frutificar a semente da Vossa Palavra nele também lançada.

Ó Pai Eterno, Vós que sois sábio construtor, santificai a Vossa Igreja, Vossa casa e Vossa família, para que apareça no mundo como Cidade Celeste, Jerusalém nova e Esposa sem mancha, na fidelidade ao Seu divino fundador, Vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor Nosso, com a luz, sopro e assistência, do Vosso Santo Espírito. Amém.


PS: Livre Adaptação das Preces das Laudes da quarta-feira da quarta Semana do Tempo Comum.

Harmonia

                                                                   



Harmonia

“Beleza + diferença + perfeição = harmonia”

Harmonia: um tema que perpassa nosso quotidiano, ainda que não percebamos, e pelo qual ansiamos; fruto da interação da beleza, diferença e perfeição, que não se excluem, mas se completam.

No entanto, normalmente, concebe-se a harmonia como a ausência da diferença, em que todos devem pensar igual, com imposição de ideias, costumes, cultura, padronização, beirando à “robotização”, com gestos iguais e repetidos.

A beleza, por sua vez, pode ser concebida como algo plástico, retocado, “maquiado”, sobretudo com o recurso dos aplicativos modernos para edição de fotos e outras coisas mais. A beleza definida pela mídia, moda, ou que garanta a comercialização, o  consumo e lucro.

Finalmente, concebe-se perfeição como algo acabado, irretocável, cada vez mais dependente da máquina, da robotização, mas pode brotar também da pura interação humana, e de sua capacidade inimaginável e incalculável.

Ilustrando, partilho um momento vivido, por ocasião do “Curso para novos bispos” (Roma-Itália - 2017), quando um padre, com sua tradicional boina preta e sapiência adquirida pelos muitos anos vividos, levou-nos a uma histórica Igreja da Idade Média, na Cidade de Saluzzo – Itália.

Ele descreveu os detalhes da construção; particularidades que, certamente, passariam por nós despercebidas.

Ao conduzir-nos pelos diversos espaços da igreja: presbitério, capela interna, nave, colunas, escadas, janelas, portas, vitrais, fez-nos observar que a sua construção tem uma harmonia ímpar, em que se combinam três características: beleza, diferença e perfeição.

Contemplei aquela igreja beirando à perfeição, erigida há séculos, sem os recursos de que hoje dispomos, de modo que a perfeição ultrapassa a tecnologia e a era em que vivemos.

Um desafio nos é apresentado:

Como chegar à harmonia necessária na convivência com o outro, sobretudo considerando que vivemos numa sociedade:

- em que “a beleza” é como um “ídolo”, cultivado de mãos dadas com a “eterna juventude” e “perenidade”?

- marcada por tantos conflitos étnicos, violências de tantos nomes, indiferença ou até mesmo fechamento àquilo que se nos apresenta como diferente?

- que anseia a perfeição das pessoas, da produção dos bens e de tantas coisas que se possa mencionar?

A harmonia necessária é sonho, desejo, possibilidade, conquista, desafio, para todos aqueles que desejam construir uma civilização do amor, uma cultura da vida, respeito e valorização do outro, do nosso próximo, onde habita, também Deus, no qual encontramos o sopro de vida do criador.

“Vinde & Vede”

                                            

“Vinde & Vede”
 “A juventude mora no coração da Igreja
e é fonte de renovação da sociedade”

Nove anos passados, realizamos o XVIII EJC - Encontro de Jovens com Cristo  em que foi renovada a esperança de todos nós, pois vimos Jovens que, como André, Pedro, João, Felipe, Tiago e outros discípulos, responderam ao chamado que Jesus fez para serem Seus seguidores.

Jesus dirigiu uma pergunta aos Jovens que participaram do EJC: “Que procurais?” e estes responderam: “Mestre, onde moras?”. O Senhor respondeu: ‘Vinde e Vede’. (Jo 1,38-39).

Os Jovens vieram, fizeram seu Encontro pessoal com Jesus, que os marcará para sempre e os fará alegres discípulos missionários do Senhor na construção do Reino de Deus: Reino de amor, alegria, vida, justiça, felicidade e paz.

Voltemos para o que nos disseram os Bispos  em Documento dedicado especialmente à juventude: “A juventude mora no coração da Igreja e é fonte de renovação da sociedade. Os jovens de todos os tempos e lugares buscam a felicidade. A Igreja continua olhando com amor para os jovens, mostrando-lhes o verdadeiro Mestre − Caminho, Verdade e Vida − que os convida a viver com Ele. Nós, pastores, consideramos urgente e importante o tema da evangelização da juventude para refleti-lo à luz da Palavra de Deus e de tantas riquezas e desafios deste momento histórico-cultural em que vivemos” (Evangelização da Juventude  Desafios e perspectivas pastorais n. 85).

Mais que acreditar, é dedicar tempo e espaço para que a juventude seja protagonista da evangelização, junto com tantos outros que nos antecederam e com mais tempo vivido, participaram com ardor, corajosa e decididamente na evangelização.

Foi à luz destas palavras, sobretudo quando se afirma que a juventude mora no coração da Igreja e é fonte de renovação da sociedade, que decidimos o tema: “Jovens, o que procurais?”; e o lema: “Vinde&Vede”, que motivaram as reflexões do EJC.

Para o êxito deste Encontro, contamos com o sim dado por vários casais, que prontamente se dispuseram a servir, não importando qual seria o trabalho, sabedores de que todo trabalho possui igual beleza, pois, embora indignos sejamos, o Senhor nos chamou para trabalhar em Sua messe; não pelos nossos méritos, mas para nos santificar, nos enriquecer, nos cumular com Suas bênçãos.

Não há nada mais precioso para nós do que ser chamado pelo Senhor para trabalhar em Sua vinha. Ele é a nossa pérola preciosa de maior valor, Ele é o nosso tesouro escondido, pelo qual tudo vendemos, de tudo nos dispomos, para adquirir o terreno no qual Ele Se encontra, ou seja, que O tenhamos sempre no mais profundo de nós, mais íntimo a nós, do que nós a nós mesmos, como bem falou Santo Agostinho, em seu incansável e feliz encontro, quando partiu a procura de Deus.

Agora é tempo de todos avançarmos para águas mais profundas, e cada Jovem, tendo encontrado e feito uma profunda experiência pessoal com Cristo, leve tantos outros jovens à mesma experiência, à mesma graça.

Impossível ter-se encontrado com Jesus e retê-Lo somente para si. Agora é a sua vez, Jovem, de levar outros jovens ao mesmo encontro, como fizeram os primeiros discípulos.

O EJC não termina, deve prolongar para sempre na vida de quem dele participou: comunicando a Boa-Nova do Evangelho com palavras e obras, em todos os lugares em que se vive. E num mundo em que redes sociais virtuais se formam, também este espaço impregnar com a Semente da Palavra do Senhor, semeando o que melhor pudermos, para vermos florir o jardim de Deus que tanto desejamos: um mundo mais belo, humano, justo e fraterno.

Que Deus derrame copiosas bênçãos sobre os Jovens que fizeram o Encontro e sobre todos os que, direta e indiretamente, e de modos diferentes, trabalharam, colaboraram, acreditaram e participaram deste EJC, não medindo esforços para seu êxito. 

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG